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Lula lança Timemania e promete mais
Presidente sanciona loteria e diz a interlocutores que dará mais incentivos, como recursos e mudanças na legislação
Levantamento aponta que a renúncia fiscal do governo para os 21 principais clubes chegou a quase R$ 170 milhões só no ano passado
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem a
lei da Timemania pedindo o
fim do "toma-lá-dá-cá" na relação do governo com o futebol. A
loteria, porém, nada mais é que
o mais novo benefício aos clubes. E, em discurso e conversas
reservadas, ele prometeu ainda
mais ajuda para os dirigentes.
Os recursos da Timemania
serão usados para quitação de
R$ 900 milhões de dívidas dos
times com o governo federal.
Terão 180 meses para pagar, livres de execuções fiscais.
Isso apesar de, em 2005, a renúncia fiscal do governo para
os 21 times brasileiros de maior
renda ter chegado a R$ 167 milhões. A Folha calculou o valor
a partir de estudos dos balanços dos clubes e do regime tributário a que são submetidos.
"Ganhamos tudo o que pedimos. Lula foi o melhor presidente para o esporte", declarou
Márcio Braga, do Flamengo.
"Vou tirar todos os títulos de
protestos contra o clube."
Estudo do advogado Piraci
Oliveira, especialista em tributação dos clubes, estima que as
entidades pagam 4,8% das suas
receitas com impostos. É quatro vezes menos do que os
20,5% incidentes sobre as rendas de empresas, que não gozam da renúncia fiscal.
Levantamento da Casual Auditores mostrou que os 21 principais times brasileiros tiveram
renda total de R$ 1,067 bilhão.
Ou seja, a renúncia fiscal chegou a quase R$ 170 milhões.
"O benefício é concedido aos
clubes porque eles não têm fins
econômicos, mas desportivos",
justificou Piraci.
Pela Timemania, dois artigos
permitem que os clubes virem
empresas, com a renúncia fiscal mantida por cinco anos.
Alguns dirigentes consideram a medida inaplicável, mas
uma minoria promete utilizá-la. Fato é que, mesmo com benefícios, os clubes já tinham
usado três programas de parcelamento de dívidas antigas (Refis 1 e 2 e Paes). Mas Lula acha
que os cartolas não têm culpa
pela crise financeira que assola
algumas equipes. "Nós temos
de jogar a culpa em cima de todos nós", disse o presidente,
que colocou a globalização como a principal causadora dos
problemas do futebol, citando
a saída de Ronaldinho do Grêmio, em 2001 -o meia está no
Barcelona, da Espanha.
Em conversas reservadas,
ontem, Lula e representantes
do governo já sinalizaram aos
cartolas com novas mudanças
na legislação. Os dirigentes
querem maiores poderes contratuais sobre os jogadores.
"Essa lei não vai resolver tudo", explicou o presidente, no
discurso. "E é importante que
os dirigentes, os jogadores e as
jogadoras saibam que essa lei é
apenas o começo de um processo de uma relação que estamos estabelecendo com vocês,
que não é uma relação do toma-lá-dá-cá. É uma relação civilizada", afirmou.
Após seu discurso, o presidente foi aplaudido por cartolas dos principais clubes, entre
eles, os presidentes de Flamengo, Botafogo, Internacional e
da federação paulista.
Para o presidente do Internacional, Fernando Carvalho,
os benefícios concedidos aos
clubes se justificam porque são
dados a outros segmentos.
"Sustentamos mais de 1 milhão de empregos", falou ele,
que viu promessas de novas
ajudas do Estado ao futebol.
"Essa loucura que é o futebol
precisa ser tratada sem loucura, precisa de seriedade. Por isso, eu digo a vocês que a Timemania é apenas um primeiro
passo", concordou Lula.
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