São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arrasador, Tiago é campeão mundial

Com atuações precisas até a decisão, judoca obtém 2º ouro do Brasil no Rio

Triunfo de ontem faz atleta se tornar o único brasileiro a conquistar medalha na Olimpíada e em Mundiais juvenil, júnior e adulto

LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Com um festival de golpes perfeitos, Tiago Camilo, 25, sagrou-se ontem à noite no Rio campeão mundial de judô. Foi o resultado mais expressivo da carreira do meio-médio.
Seu título assegura à equipe que compete no Rio, na metade da competição, a melhor campanha do Brasil na história do Mundial e a liderança no quadro de medalhas masculinas.
Além de garantir o posto de cabeça-de-chave nos Jogos de Pequim (caso obtenha a vaga na seleção), Camilo entrou em dois seletos grupos do judô nacional. Só ele, João Derly -que luta hoje pelo bicampeonato- e Luciano Corrêa conquistaram títulos mundiais no país.
Só ele, Aurélio Miguel e Carlos Honorato, no Brasil, conseguiram medalhas em Jogos Olímpicos e Mundiais de adulto e juniores. Mas só Camilo tem ainda o Mundial juvenil.
Depois de uma campanha no Pan com uma série de rápidos ippons, que o fizeram levar o ouro com menos de dois minutos em ação em três lutas, a expectativa de Camilo era disputar um Mundial mais longo.
Antes do torneio, ele dissera que a competição seria bem mais dura e que sua meta era desfrutar luta a luta, para avançar na chave mais concorrida do Mundial, com 70 inscritos.
Mas não prolongou os combates. Como fizera no Pan, Camilo distribuiu uma seqüência de golpes perfeitos. Nenhum de suas sete lutas demorou os cinco minutos regulamentares.
Na semifinal, a performance motivou o coro de "uh, vai voar", sempre que tentava aplicar suas técnicas de projeção. Seus lançamentos começaram com rivais pan-americanos. Nas primeiras lutas, ippons em Fiderd Vis (Aruba) e Franklin Cisneros (El Salvador).
Depois as vítimas foram do Leste Europeu -cujo estilo de luta, com ênfase em técnicas de solo, ataques nas pernas e cintura, costumam complicar para judocas como Camilo, que concentram seu jogo em técnicas japonesas, caracterizadas por alavancas e projeções.
Primeiro, o montenegrino Srdjan Mrvaljevic foi arremessado. Nas oitavas-de-final, na seqüência, veio o georgiano Gio Baindurashvili, único judoca que pode se gabar de, em tese, não ter perdido de ippon.
Ele sofreu um wasari (a segunda maior pontuação) e foi sucessivamente punido até a derrota. Nas quartas-de-final, o croata Tomislav Marijanovic durou menos de meio minuto.
A classificação para a final veio com vitória em cima do atual campeão europeu, o polonês Robert Krawczyk.
Na final, contra o francês Anthony Rodriguez, Camilo levou pouco mais de um minuto para fazer outro ippon e encerrar a sexta, como Corrêa fizera no primeiro dia de Mundial: com a execução do Hino Nacional.
Se tivesse lutado o Pan em sua categoria e não nos 90 kg, Camilo já teria a condição de representante brasileiro em Pequim garantida -segundo os critérios da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), o atleta masculino que ganhasse os Jogos cariocas e fosse à final do Mundial estaria classificado.
No entanto, o requisito era que os resultados fossem na mesma classe de peso.


Texto Anterior: Mesmice: Time Inglês domina treinos em Spa
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.