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Arrasador, Tiago é campeão mundial
Com atuações precisas até a decisão, judoca obtém 2º ouro do Brasil no Rio
Triunfo de ontem faz atleta se tornar o único brasileiro
a conquistar medalha na Olimpíada e em Mundiais juvenil, júnior e adulto
LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Com um festival de golpes
perfeitos, Tiago Camilo, 25, sagrou-se ontem à noite no Rio
campeão mundial de judô. Foi
o resultado mais expressivo da
carreira do meio-médio.
Seu título assegura à equipe
que compete no Rio, na metade
da competição, a melhor campanha do Brasil na história do
Mundial e a liderança no quadro de medalhas masculinas.
Além de garantir o posto de
cabeça-de-chave nos Jogos de
Pequim (caso obtenha a vaga
na seleção), Camilo entrou em
dois seletos grupos do judô nacional. Só ele, João Derly -que
luta hoje pelo bicampeonato-
e Luciano Corrêa conquistaram títulos mundiais no país.
Só ele, Aurélio Miguel e Carlos Honorato, no Brasil, conseguiram medalhas em Jogos
Olímpicos e Mundiais de adulto e juniores. Mas só Camilo
tem ainda o Mundial juvenil.
Depois de uma campanha no
Pan com uma série de rápidos
ippons, que o fizeram levar o
ouro com menos de dois minutos em ação em três lutas, a expectativa de Camilo era disputar um Mundial mais longo.
Antes do torneio, ele dissera
que a competição seria bem
mais dura e que sua meta era
desfrutar luta a luta, para avançar na chave mais concorrida
do Mundial, com 70 inscritos.
Mas não prolongou os combates. Como fizera no Pan, Camilo distribuiu uma seqüência
de golpes perfeitos. Nenhum de
suas sete lutas demorou os cinco minutos regulamentares.
Na semifinal, a performance
motivou o coro de "uh, vai
voar", sempre que tentava aplicar suas técnicas de projeção.
Seus lançamentos começaram
com rivais pan-americanos.
Nas primeiras lutas, ippons em
Fiderd Vis (Aruba) e Franklin
Cisneros (El Salvador).
Depois as vítimas foram do
Leste Europeu -cujo estilo de
luta, com ênfase em técnicas de
solo, ataques nas pernas e cintura, costumam complicar para
judocas como Camilo, que concentram seu jogo em técnicas
japonesas, caracterizadas por
alavancas e projeções.
Primeiro, o montenegrino
Srdjan Mrvaljevic foi arremessado. Nas oitavas-de-final, na
seqüência, veio o georgiano Gio
Baindurashvili, único judoca
que pode se gabar de, em tese,
não ter perdido de ippon.
Ele sofreu um wasari (a segunda maior pontuação) e foi
sucessivamente punido até a
derrota. Nas quartas-de-final, o
croata Tomislav Marijanovic
durou menos de meio minuto.
A classificação para a final
veio com vitória em cima do
atual campeão europeu, o polonês Robert Krawczyk.
Na final, contra o francês Anthony Rodriguez, Camilo levou
pouco mais de um minuto para
fazer outro ippon e encerrar a
sexta, como Corrêa fizera no
primeiro dia de Mundial: com a
execução do Hino Nacional.
Se tivesse lutado o Pan em
sua categoria e não nos 90 kg,
Camilo já teria a condição de
representante brasileiro em
Pequim garantida -segundo os
critérios da CBJ (Confederação
Brasileira de Judô), o atleta
masculino que ganhasse os Jogos cariocas e fosse à final do
Mundial estaria classificado.
No entanto, o requisito era
que os resultados fossem na
mesma classe de peso.
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