São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Jeitinho brasileiro

País recebe Copa do Mundo de futebol dos sem-teto e escala atletas que têm onde viver mas estão em "situação de exclusão"

SÉRGIO RANGEL
DO RIO

Japoneses de meia-idade, europeus que dormem nas ruas das capitais do velho continente, refugiados palestinos, africanos que moram em contêineres e brasileiros de comunidades carentes.
Com centenas de ""jogadores" vivendo em situação adversa, o Rio vai sediar a partir de domingo a Copa do Mundo de futebol dos sem-teto.
O evento vai reunir na praia de Copacabana 800 estrangeiros de 48 países até o dia 26. Esta será a oitava edição do torneio. O Brasil nunca venceu a competição.
Apesar de ""homeless" (sem-teto) aparecer no nome oficial (Homeless World Cup), o regulamento é vago ao estabelecer quem pode jogar. As entidades que comandam o futebol em cada país estabelecem os critérios.
Por isso, os jogadores que vão representar o Brasil não moram nas ruas, mas ""vivem em situação de exclusão", de acordo com Guilherme Araújo, presidente da ONG Futebol Social, que organiza a edição brasileira do Mundial.
""Queremos utilizar o futebol para ajudar as pessoas em situação de risco. O campeonato é uma grande oportunidade para esses jovens e um bom exemplo para todos", declarou ele.
""O conceito foi ampliado no Brasil. Entendemos que são pessoas em vulnerabilidade social. O termo homeless [em inglês] não tem tradução. Varia para cada país", prosseguiu Araújo, que pretende dar vagas para índios e moradores de áreas quilombolas na próxima edição do campeonato.
Para ficar com um time competitivo e dar oportunidades a futuros jogadores, a ONG limitou a idade dos convocados (de 16 a 20 anos) nos times masculino e feminino.
O regulamento permite que qualquer pessoa participe do torneio. O Japão quase sempre disputa o Mundial com senhores de mais de 50 anos. Apesar de não haver limite de idade, uma pessoa só pode jogar uma vez o torneio.
""O lance não é o título, mas a oportunidade e a experiência de vida. O torneio é o final de um circulo virtuoso. Os brasileiros são ligados a várias entidades e disputam diversas competições até chegar aqui. Eles vão servir de motivação para milhares de crianças envolvidas no projeto", afirmou Araújo.
Fundada pelo empreendedor social inglês Mel Young, a Homeless World Cup tem o apoio de patrocinadores milionários, como a Uefa (entidade que comanda o futebol na Europa), a Nike e a Vodafone Foundation.
A CBF não apoia o torneio, cujo embaixador global é o francês Eric Cantona.
""Tive muitas dificuldades na infância, mas consegui realizar o meu sonho. Por isso, apoio eventos como esse", disse o lateral Léo Moura, do Flamengo, que cresceu na Vila Kennedy, bairro pobre da zona oeste carioca.


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