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Jeitinho brasileiro
País recebe Copa do Mundo de futebol dos sem-teto e escala atletas que têm onde viver mas estão em "situação de exclusão"
SÉRGIO RANGEL
DO RIO
Japoneses de meia-idade,
europeus que dormem nas
ruas das capitais do velho
continente, refugiados palestinos, africanos que moram
em contêineres e brasileiros
de comunidades carentes.
Com centenas de ""jogadores" vivendo em situação adversa, o Rio vai sediar a partir
de domingo a Copa do Mundo de futebol dos sem-teto.
O evento vai reunir na
praia de Copacabana 800 estrangeiros de 48 países até o
dia 26. Esta será a oitava edição do torneio. O Brasil nunca venceu a competição.
Apesar de ""homeless"
(sem-teto) aparecer no nome
oficial (Homeless World
Cup), o regulamento é vago
ao estabelecer quem pode jogar. As entidades que comandam o futebol em cada
país estabelecem os critérios.
Por isso, os jogadores que
vão representar o Brasil não
moram nas ruas, mas ""vivem
em situação de exclusão", de
acordo com Guilherme Araújo, presidente da ONG Futebol Social, que organiza a
edição brasileira do Mundial.
""Queremos utilizar o futebol para ajudar as pessoas
em situação de risco. O campeonato é uma grande oportunidade para esses jovens e
um bom exemplo para todos", declarou ele.
""O conceito foi ampliado
no Brasil. Entendemos que
são pessoas em vulnerabilidade social. O termo homeless [em inglês] não tem tradução. Varia para cada
país", prosseguiu Araújo,
que pretende dar vagas para
índios e moradores de áreas
quilombolas na próxima edição do campeonato.
Para ficar com um time
competitivo e dar oportunidades a futuros jogadores, a
ONG limitou a idade dos convocados (de 16 a 20 anos) nos
times masculino e feminino.
O regulamento permite
que qualquer pessoa participe do torneio. O Japão quase
sempre disputa o Mundial
com senhores de mais de 50
anos. Apesar de não haver limite de idade, uma pessoa só
pode jogar uma vez o torneio.
""O lance não é o título,
mas a oportunidade e a experiência de vida. O torneio é o
final de um circulo virtuoso.
Os brasileiros são ligados a
várias entidades e disputam
diversas competições até
chegar aqui. Eles vão servir
de motivação para milhares
de crianças envolvidas no
projeto", afirmou Araújo.
Fundada pelo empreendedor social inglês Mel Young,
a Homeless World Cup tem o
apoio de patrocinadores milionários, como a Uefa (entidade que comanda o futebol
na Europa), a Nike e a Vodafone Foundation.
A CBF não apoia o torneio,
cujo embaixador global é o
francês Eric Cantona.
""Tive muitas dificuldades
na infância, mas consegui
realizar o meu sonho. Por isso, apoio eventos como esse", disse o lateral Léo Moura, do Flamengo, que cresceu
na Vila Kennedy, bairro pobre da zona oeste carioca.
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