São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2010

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Após perder pai para o tráfico, jogadora quer dar alegria à mãe

DO RIO

Uma já morou em abrigo. Outra teve o pai assassinado por traficantes. A maioria mora em comunidades conflituosas de Rio e São Paulo.
Selecionadas apenas para a Copa do Mundo dos sem-teto, as jogadoras da seleção feminina de futebol vão usar a competição para tentar virar ""boleiras profissionais".
Caçula da equipe, Juliana Regina, a Ronaldinha, 16, mora numa casa de um cômodo na favela do Caramujo, uma das comunidades mais violentas de Niterói.
Ela divide a casa com a mãe, empregada doméstica que recebe R$ 250 mensais. Seu pai foi assassinado quando ela tinha quatro anos. "Ele morreu de bala. Dizem que estava metido com o tráfico", conta.
A garota não esconde que vive ""com dificuldade", mas acredita que o futebol vai transformar a vida dela.
""Pessoal me viu jogando futebol e eu fui levada para fazer uns testes na Inglaterra. Minha mãe chorou de alegria. Tenho certeza de que o futebol vai dar muitas outras felicidades para ela", disse Ronaldinha, que não teve êxito em campos ingleses.
A mais experiente do time, Tatiane Moraes Bispo, 20, foi obrigada a viver num abrigo aos 12 anos de idade "por problemas financeiros", mas conta que morou no exterior.
Aos 18 anos, ela foi jogar no futebol suíço. Pretende continuar lá fora, mas foi obrigada a retornar ao Brasil por não ter visto de trabalho. Voltou a morar em Gardênia Azul, zona oeste do Rio, área comandada por milicianos.
""O futebol já me mostrou que a vida pode ser bem diferente. Não escondo que quero fazer um bom campeonato para conseguir um novo emprego", disse Tatiane. (SR)


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