São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

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JUCA KFOURI

@ Juca Kouri

Uma luta em cima, outra embaixo

Aparentemente, só restam duas brigas no Brasileirão: por uma vaga na Libertadores e para não cair à Segundona

SE TUDO correr sem imprevistos o Campeonato Brasileiro só tem duas dúvidas, a dez rodadas do seu fim: quem fica com o lugar que resta na Taça Libertadores e quem será o quarto clube rebaixado para a Série B de 2007.
São Paulo, campeão, e Santos e Grêmio estão seguros na competição continental.
Santa Cruz, São Caetano e Fortaleza disputarão a Segundona.
Felizmente, obrigatório dizer, o imprevisível é tão familiar ao futebol que o futebol não seria o que é sem parente tão notável.
O grande candidato à vaga na Libertadores é o Paraná Clube, que, discretamente, cada vez mais merece ser visto com respeito e não como chuva de verão.
Cruzeiro, Vasco e Figueirense também podem sonhar.
A vaga que ninguém quer envolve disputa bem mais complicada e deve manter grandes torcidas à beira de um ataque de nervos até o fim.
Se couber à veterana Ponte Preta não causará maiores dramas, a não ser na região de Campinas.
Mas Botafogo, Atlético Paranaense, Palmeiras e Flamengo precisam pôr as barbas de molho, porque correm sérios riscos ainda.
Não tão sérios, é verdade, como Fluminense e Corinthians.
Parece mentira.
Uma simples verificada nos elencos de ambos bastaria para afastar o temor e para constatar que os dois precisam fazer muito esforço para serem degolados.
Só que é precisamente o que estão fazendo, e a maneira pela qual foram derrotados na Copa Sul-Americana fala por si mesma.
Raramente investiu-se tão mal na história do futebol brasileiro.
Dois clubes sem comando, sem fibra, sem vergonha na cara e, o Corinthians, repleto de problemas até com a polícia, a Polícia Federal, porque miséria pouca é bobagem.
O alvinegro é um caso especial.
Crônica de uma crise anunciada desde quando se anunciou a famosa parceria com a MSI, algo que nem mesmo o título brasileiro de 2005 serviu para calar.
Quem tinha olhos para ver viu que dali coisa boa não seria possível.
Desculpe-se, em termos, o torcedor, este ser irracional que só quer saber de vitórias e craques, porque ele é capaz de mudar de humor como de camisa, desde que não seja a do time de coração.
Mas é imperdoável que os que comandam o clube tenham levado o quase centenário Corinthians a tal aventura, respaldados pelos setores comprometidos da imprensa que também acham que os fins justificam os meios, desde que signifique dinheiro no cofre ou no bolso.
Independentemente de o time cair ou não, o fato é que jamais a marca Corinthians foi tão manchada, como o desfile, ainda incompleto, de seus cartolas pelos corredores da Polícia Federal demonstra à exaustão.
E não se trata de falar em vergonha porque o time é ruim, pois piores houve, e muitos, na história do clube.
Trata-se de fotografar a degradação moral a que está submetido o segundo clube mais popular do país, curiosamente a exemplo do que já aconteceu com o primeiro, o Flamengo. Basta trocar Edmundo Santos Silva/ISL por Alberto Dualib/ MSI que o quadro será muito semelhante, embora falte no Parque São Jorge o impeachment que aconteceu na Gávea.
E pensar que na assinatura da Timemania vimos até o presidente da República sair em defesa da honorabilidade dos cartolas.
Enfim, bobagem espantar-se porque, afinal, já se falou aqui dos tais fins que justificam os meios...
Em tempo: esta coluna não acha que a Série B seja sinônimo de inferno. E acredita que até pode ser de purificação.


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