São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

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Coréias se distanciam após crise nuclear

Dirigentes sonhavam com time unificado em 2008

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio de que a Coréia do Norte realizou testes nucleares nesta semana deve inviabilizar a formação de uma equipe unificada com a Coréia do Sul para a Olimpíada de Pequim-08.
Em setembro, dirigentes dos dois países mantiveram encontro em Lausanne (Suíça).
Sob a chancela do Comitê Olímpico Internacional, ambos definiam detalhes para um time unificado nos Jogos de Inverno de 2014, no qual Pyeongchang (CDS) é candidata a sede.
Mais ambiciosos, alguns dirigentes comentaram que o objetivo final era competir com um só time na próxima Olimpíada.
O maior entrave para a unificação esportiva das Coréias, divididas politicamente desde o fim da 2ª Guerra Mundial, restringia-se ao campo esportivo.
Os norte-coreanos defendiam que a delegação tivesse a presença de 50% de atletas de cada país. Seus vizinhos do Sul pediam que a equipe fosse definida só por critérios técnicos.
Tal confronto de idéias não representava maior entrave. "Estou bastante otimista", exultou Jacques Rogge, presidente do COI, ao ser informado do progresso das negociações.
O sonho de unir o que a Guerra Fria separou é antigo. As Coréias tecnicamente permanecem em guerra, já que nunca foi assinado um tratado de paz após o conflito que envolveu a região entre 1950 e 1953.
A primeira vez em que se tentou -sem sucesso- a formação de uma equipe unificada foi para os Jogos de Tóquio, em 1964.
Nas últimas Olimpíadas, em Sydney-00 e Atenas-04, finalmente houve uma evolução, e as Coréias se uniram nos desfiles de abertura e encerramento. Tal fato se repetiu neste ano, nos Jogos de Inverno de Turim.
Na China, talvez nem isso.
Norte e Sul não devem marchar juntas nem nos Jogos Asiáticos, programados para Doha (Qatar), no final do ano.
Os dirigentes são unânimes em admitir que, passado um mês, um problema distante das arenas esportivas é o responsável pelo resfriamento das conversas entre os dois países.
"Depois dos testes nucleares, acho que ficou muito difícil [a formação da equipe unificada]", reconhece Kim Sang-woo, secretário-geral do Comitê Olímpico da Coréia do Sul.
"Temos que prestar atenção ao que acontecerá, aos desdobramentos da situação e a como irá reagir a comunidade internacional antes de retomarmos as conversas", condicionou ele. A crise, pelo jeito, está no início. Anteontem, o Conselho de Segurança da ONU aprovou resolução que prevê sanções contra a Coréia do Norte.


Com agências internacionais


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