São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2008 |
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TOSTÃO Craques, volantes e meias
ENFIM a seleção brasileira teve duas boas atuações em um curto intervalo, contra Chile e Venezuela. Hoje, terá chance de vencer duas partidas seguidas pelas eliminatórias, o que não acontece há muito tempo. Jogar bem e vencer não são também a mesma coisa. Não dá para dizer por esse jogo contra a Venezuela que houve evolução coletiva. O Brasil goleou graças ao extraordinário talento de Kaká, Robinho e Júlio César e à fragilidade do adversário, que parecia a Venezuela de 1969. Os craques brilham intensamente e com muita freqüência quando atuam em equipes com ótimo conjunto. Quando jogam em times desorganizados, brilham de vez em quando, especialmente contra fracos adversários, como a Venezuela. Nas poucas boas atuações da seleção brasileira sob o comando de Dunga, o time foi muito bem nos contra-ataques. Esse é o jogo ideal para Robinho e Kaká, ainda mais contra equipes que não marcam e deixam grandes espaços. A cada jogo, Kaká mostra, com suas belas arrancadas em direção ao gol e suas eficientes finalizações, que é cada vez mais um atacante, artilheiro, no nível dos maiores pontas-de-lança da história do futebol mundial. Kaká tem ainda um bom passe, como faziam os grandes pontas-de-lança. Até contra a Venezuela, Gilberto Silva e Josué foram discretos na armação. Pior, não foram bem nem na marcação, mesmo com a ajuda de Elano. A Venezuela trocou passes com facilidade na intermediária e só não fez gols por causa das defesas espetaculares de Júlio César. Gilberto Silva é lento e marca de longe. Josué não pressiona o adversário, como fazia no São Paulo. Hoje, a Colômbia deve jogar atrás e no contra-ataque. Além de trocar passes e fazer triangulações pelos lados, o que pouco tem acontecido, o Brasil vai precisar marcar por pressão e ter volantes que cheguem à frente para finalizar ou dar passes decisivos. Gilberto Silva e Josué não fazem isso bem. Embora Júlio Baptista, fora da seleção por contusão, não seja o volante que gostaria de ver no time titular e ter jogado poucas vezes de volante depois de ter saído do São Paulo, ele é o melhor dos volantes brasileiros. O jogador, os técnicos europeus e Dunga acham que ele é um meia ofensivo, o camisa 10. Nessa posição, Júlio Baptista é bom para o Sevilla, para a Roma, mas não para a seleção brasileira. Mesmo fora de sua melhor posição, Júlio Baptista jogou muito bem contra a Argentina, na final da Copa América, e foi o melhor da seleção brasileira nos poucos minutos em que atuou contra a Bolívia, no Rio, e contra a Argentina, no Mineirão. Quando joga mal, é chamado de grosso. Não é grosso nem é excepcional, como Xavi. É um bom jogador. Júlio Baptista tem as características de um bom volante. Marca bem e chega ao ataque com eficiência para finalizar, além de ter um bom passe para um volante. Nessa posição, basta ter um passe correto, rápido e, se possível, para a frente. Já o meia necessita também dar passes surpreendentes, milimétricos e entre os zagueiros, para colocar o atacante na cara do gol. Isso é para poucos. Texto Anterior: Data Fifa: Ontem e hoje Próximo Texto: Kaká apregoa virgindade e liderança Índice |
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