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Massa ataca Alonso e abre crise
Brasileiro diz ter "certeza absoluta" de que espanhol estava ciente do acidente tramado pela Renault
Além de cutucar o futuro companheiro de equipe, piloto da Ferrari ainda critica FIA por não ter cancelado o polêmico GP de Cingapura
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
"O Alonso sabia, sem dúvida.
Ele sabia, lógico que sabia. Tem
que saber. Não tem como não
saber. Tenho certeza absoluta."
E, assim, Felipe Massa reacendeu ontem o escândalo do
GP de Cingapura de 2008, lançou uma afiada farpa contra seu
futuro companheiro, causou
mal-estar na Ferrari, fez a equipe correr atrás de uma forma
de abafar as declarações às vésperas do GP Brasil, penúltima
etapa do Mundial de F-1.
Aconteceu em um encontro
com jornalistas brasileiros, a
Folha incluída. Ao comentar o
episódio que estremeceu a F-1
nesta temporada, começou falando sobre Nelsinho Piquet.
"A gente tem que pensar que
tudo o que aconteceu não foi só
culpa do Nelsinho. Ele fez parte da culpa. Foi culpa de toda a
equipe", disse, para em seguida
citar Alonso. "De todos, o Alonso é o menor nesse problema.
Mas ele faz parte do problema."
Foi então que falou sobre a
"certeza absoluta" de que o piloto espanhol, anunciado há
duas semanas como seu companheiro de Ferrari em 2010,
tinha ciência de toda a farsa.
Em 2008, em Cingapura, a
Renault orientou Nelsinho a
bater na 14ª volta para provocar a entrada de um safety-car
e, assim, beneficiar Alonso. A
manobra foi vital para o espanhol, 15º no grid, vencer.
Mas houve outros desdobramentos: Massa teve de antecipar seu pit stop. A Ferrari se
atrapalhou durante a parada, e
ele arrancou com a mangueira
do abastecimento presa ao carro. De líder da prova, caiu para
último. Terminou em 13º. Resultado que fez falta. Em Interlagos, perdeu o título para Lewis Hamilton por um ponto.
Nelsinho e Alonso acabaram
sendo poupados no julgamento
do Conselho Mundial da FIA,
em 21 de setembro. Dois dirigentes da Renault, Pat
Symonds e Flavio Briatore, foram banidos da categoria -o
último, de maneira definitiva.
"Foi muito grave. Mandar o
Briatore para casa é uma coisa,
mas o resultado, o roubo, não
foi alterado. Aquele GP teria
que ser cancelado, mas a FIA
não fez nada", afirmou Massa.
E teve mais. Indagado sobre
o complicado histórico de
Alonso com seus companheiros de equipe, disse não estar
preocupado. "Se eu fosse para a
Renault, poderia temer algum
problema. Mas é ele que está
vindo. Sei como a Ferrari funciona, trabalho bem e gostam
de mim. Ele não sabe, ele que
vai ter que se adaptar."
A Ferrari correu para tentar
amenizar o estrago. Em um comunicado horas depois, a equipe informou que "mais tarde,
com a cabeça fria", Massa esclareceu que "o que disse é fruto de uma impressão pessoal
que não está baseada em qualquer elemento concreto".
Tarde demais, talvez. Em Interlagos, jornalistas italianos e
espanhóis corriam para mudar
suas edições e decretarem o
início de uma crise. "Demorou
pouco para Massa soltar o primeiro golpe sobre Alonso", escreveu o site do "Marca", maior
diário esportivo espanhol.
A reportagem procurou a Renault, mas foi informada de
que não havia ninguém para
comentar as declarações.
A F-1 espera o contragolpe.
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