São Paulo, quinta-feira, 15 de outubro de 2009

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Massa ataca Alonso e abre crise

Brasileiro diz ter "certeza absoluta" de que espanhol estava ciente do acidente tramado pela Renault

Além de cutucar o futuro companheiro de equipe, piloto da Ferrari ainda critica FIA por não ter cancelado o polêmico GP de Cingapura

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

TATIANA CUNHA DA REPORTAGEM LOCAL "O Alonso sabia, sem dúvida. Ele sabia, lógico que sabia. Tem que saber. Não tem como não saber. Tenho certeza absoluta."
E, assim, Felipe Massa reacendeu ontem o escândalo do GP de Cingapura de 2008, lançou uma afiada farpa contra seu futuro companheiro, causou mal-estar na Ferrari, fez a equipe correr atrás de uma forma de abafar as declarações às vésperas do GP Brasil, penúltima etapa do Mundial de F-1.
Aconteceu em um encontro com jornalistas brasileiros, a Folha incluída. Ao comentar o episódio que estremeceu a F-1 nesta temporada, começou falando sobre Nelsinho Piquet.
"A gente tem que pensar que tudo o que aconteceu não foi só culpa do Nelsinho. Ele fez parte da culpa. Foi culpa de toda a equipe", disse, para em seguida citar Alonso. "De todos, o Alonso é o menor nesse problema. Mas ele faz parte do problema."
Foi então que falou sobre a "certeza absoluta" de que o piloto espanhol, anunciado há duas semanas como seu companheiro de Ferrari em 2010, tinha ciência de toda a farsa.
Em 2008, em Cingapura, a Renault orientou Nelsinho a bater na 14ª volta para provocar a entrada de um safety-car e, assim, beneficiar Alonso. A manobra foi vital para o espanhol, 15º no grid, vencer.
Mas houve outros desdobramentos: Massa teve de antecipar seu pit stop. A Ferrari se atrapalhou durante a parada, e ele arrancou com a mangueira do abastecimento presa ao carro. De líder da prova, caiu para último. Terminou em 13º. Resultado que fez falta. Em Interlagos, perdeu o título para Lewis Hamilton por um ponto.
Nelsinho e Alonso acabaram sendo poupados no julgamento do Conselho Mundial da FIA, em 21 de setembro. Dois dirigentes da Renault, Pat Symonds e Flavio Briatore, foram banidos da categoria -o último, de maneira definitiva.
"Foi muito grave. Mandar o Briatore para casa é uma coisa, mas o resultado, o roubo, não foi alterado. Aquele GP teria que ser cancelado, mas a FIA não fez nada", afirmou Massa.
E teve mais. Indagado sobre o complicado histórico de Alonso com seus companheiros de equipe, disse não estar preocupado. "Se eu fosse para a Renault, poderia temer algum problema. Mas é ele que está vindo. Sei como a Ferrari funciona, trabalho bem e gostam de mim. Ele não sabe, ele que vai ter que se adaptar."
A Ferrari correu para tentar amenizar o estrago. Em um comunicado horas depois, a equipe informou que "mais tarde, com a cabeça fria", Massa esclareceu que "o que disse é fruto de uma impressão pessoal que não está baseada em qualquer elemento concreto".
Tarde demais, talvez. Em Interlagos, jornalistas italianos e espanhóis corriam para mudar suas edições e decretarem o início de uma crise. "Demorou pouco para Massa soltar o primeiro golpe sobre Alonso", escreveu o site do "Marca", maior diário esportivo espanhol.
A reportagem procurou a Renault, mas foi informada de que não havia ninguém para comentar as declarações.
A F-1 espera o contragolpe.


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