São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2010

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XICO SÁ

Twitter engorda


Repare no caso do Ronaldo, um dos tuiteiros profissionais de maior evidência: 781.154 seguidores


AMIGO TORCEDOR, amigo secador, em vez do velho treino de "dois toques", 140 toques no Twitter -a rede social que tem encantado, perigosamente, os boleiros. Circula até mesmo uma teoria da conspiração sobre o assunto: Twitter engorda. Repare no caso do Ronaldo, um dos tuiteiros profissionais de maior evidência -781.154 cães perdigueiros.
Foi neste veículo, aliás, que se deu um embate entre um grande ídolo da Democracia Corintiana, Walter Casagrande, e o Fenômeno, herói sempre em alta, em campo ou simplesmente on-line.
O tema: o grande hospital de guerra que virou o DM, o famoso departamento médico do Parque São Jorge. Parece o Hospital da Restauração, no Recife, na Quarta-Feira de Cinzas.
Entre um bombardeio e outro de propaganda da empresa que o patrocina, R9 gorjeia em nome das boas vibrações da vida: "Conto com a torcida e pensamento positivo de vcs hj!!! Domingo estarei de volta e ajudarei o time!!!!".
O cara usa mais exclamação do que os jornais cariocas nos anos 1950. O tio Nelson Rodrigues, o mais sublime dos cronistas exagerados, o seguiria imediatamente. Amava esse sinalzinho magro, elegante e hiperbólico.
É na rede social, muito antes que a imprensa quebre o suspense, que o atacante diz se vai ou não a campo. Domingo volta contra o Guarani do camarada Edgar Picolli, xará de Poe e do meu corvo secador de favoritos.
Os meninos da Vila são outros viciados. Muita habilidade ao bater na bola e quase nenhuma nos 140 caracteres. A diretoria do Peixe soltou várias advertências quanto ao uso da perigosa mídia.
O Twitter é o que amigo Vitor Birner, estrategista do "Cartão Verde" (TV Cultura), define como "jogar sem a bola"? Talvez seja.
Até um discreto Rivaldo, que não tem o mesmo status ludopédico de um Romário ou de um Ronaldo tão-somente por causa da timidez e da falta de marketing, é adepto da brincadeira virtual. Tem 64 mil seguidores nos seus calcanhares.
Mais toques na bola e menos no computa, diriam os torcedores aos seus times. Nada disso. É sensacional, para qualquer moleque, poder trocar uns passes com os seus ídolos após um jogo. Ou até mesmo dar uma bronca por tantos gols perdidos.
E, como diria, ainda na era pré-internet, o mitológico goleador espanhol Emilio Butragueño -ele reunia a grosseria e a genialidade em um só persona como ninguém-, "un toque y me voy".

xico.folha@uol.com.br

@xicosa


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