São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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MOTOR

Comunicar é preciso


Massa chegou à Ferrari num momento favorável, mas soube também lidar com o desafio de falar com o público

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

MASSA FOI a atração do "Casseta & Planeta" desta terça.
Numa corrida de kart contra Hubert e Madureira, largou do fundo do grid, assumiu a ponta logo na primeira curva e passou o resto do tempo distribuindo bananas para aqueles que, em tese, deveriam ser os humoristas. "Massa esculacha, tripudia e zomba dos dois patetas!", gritou Gavião Bueno.
Depois, falou sobre a cueca da sorte, obsessão da cobertura global no GP Brasil. E, por fim, foi escada para uma piadinha que tinha Barrichello como alvo. "Quem são seus amigos na F-1?", perguntaram. "Eu tenho bastante amigo... Começando pelo Schumacher... Pelo Rubinho...", respondeu. "Ahh, o Rubinho tá em segundo lugar! É porque às vezes ele quebra!", emendaram os cassetas.
Pronto, estava construída a ponte entre o presente e o passado, entre o "vencedor" e o "pé-de-chinelo", entre o novo herói e o eterno alvo. Estava escancarado num esquete, com os propositais exageros do humorismo, os contrastes entre um e outro.
Ou o abismo entre os modos como um e outro se dirigem ao público.
Massa chegou à Ferrari num momento favorável, é verdade. Tinha idade e status que permitiam dizer a todos que estava ali para aprender com Schumacher. Mas é fato também que poderia ter metido os pés pelas mãos, falado bobagens, virado foco de piada ou recebido pecha de coitado por perder um Mundial na última curva do último GP do ano.
Virou o que virou, a ponto de "esculachar" os cassetas, porque sempre foi esperto e preciso nas declarações. E porque sempre foi muito bem assessorado por empresários e por profissionais da comunicação.
"Como faço para entrevistar o Rubinho?" Perdi a conta de quantas vezes colegas brasileiros e estrangeiros fizeram a pergunta. "Não sei."
Barrichello sempre fez as vezes de seu próprio relações-públicas. Deu um enorme passo quando admitiu ter assumido uma responsabilidade que não deveria, após a morte de Senna. Mas ficou nisso. Só nisso.
Proclamou-se piloto "1-B" ao chegar à Ferrari. Disse ser "apenas um brasileirinho tentando lutar contra esse mundo muito grande" quando foi espremido por Schumacher em Indianápolis. E desde junho de 2005 está com essa história de que vai escrever um livro contando podres sobre seu período em Maranello: "Vai me dar mais dinheiro do que eu ganhei na minha carreira toda na F-1".
Na mesma terça de Massa no kart, repetiu a bravata do livro num evento em São Paulo, notícia que foi requentada por sites do mundo todo...
Um segundo enorme -e bom- passo, agora, seria sair da F-1 de maneira honrosa. Mas não. Aos 36 anos, 16 temporadas na F-1, afirma que não sai, não sai, não sai. Apesar de saber que não há mais vagas.
Prato cheio para uma das edições de fim de ano da turma do "Casseta".

fabio.seixas@grupofolha.com.br



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