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ATLETISMO
Coréia do Sul quer fazer tira-teima de final dos 100 m dos Jogos de Seul-88, com Carl Lewis e Ben Johnson na pista
Mais "suja" final olímpica pode ter reedição
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Promotores sul-coreanos querem reeditar a final dos 100 m dos
Jogos de Seul-1988, que ficou conhecida como a mais "suja" do
atletismo em Olimpíadas. O desafio seria em setembro, um mês
depois dos Jogos de Atenas.
Dos oito finalistas daquela prova, cinco tiveram problemas com
doping, incluindo os três que subiram ao pódio -Ben Johnson,
Carl Lewis e Linford Christie.
Johnson, 41, foi o protagonista
do maior escândalo de doping
olímpico, ao ser flagrado para o
esteróide anabólico estanozolol.
O canadense perdeu o ouro e
ainda teve anulado seu tempo
(9s79), que seria o novo recorde
mundial. A marca só foi superada
em 2002, por Tim Montgomery.
Róbson Caetano, 39, que ficou
em quinto lugar, foi um dos únicos daquele grupo que não tiveram a carreira manchada pelo doping. Os outros foram o norte-americano Calvin Smith, 42, promovido ao pódio com a eliminação de Johnson, e o jamaicano
Ray Stewart, 38, sétimo colocado.
Stewart, porém, é o técnico de
Jerome Young, velocista liberado
pelos EUA para competir nos Jogos de Sydney-00 mesmo depois
de ter sido pego no antidoping.
Por esses motivos, uma reedição do duelo envolveria controvérsias. Para convencer todos, foi
oferecida uma premiação recorde
de US$ 1 milhão. Como comparação, neste ano, Maria Mutola ganhou prêmio similar. Porém, para isso, teve que vencer os 800 m
nas seis etapas da Golden League,
conjunto de provas mais importantes do calendário do atletismo.
Johnson já disse que aceitaria
participar do evento. "Eu não
concordei com nada porque ninguém ainda me procurou. Mas, se
eu vir a oferta na mesa, com certeza irei", afirmou o ex-velocista.
Carl Lewis, 42, dono de nove ouros olímpicos, que esteve envolvido recentemente em outra polêmica de doping, também teria
mostrado receptividade à idéia.
Em abril, Wade Exum, ex-diretor de controle de drogas do Comitê Olímpico dos EUA, afirmou
que o velocista teve antidoping
positivo para três estimulantes
-efedrina, pseudoefedrina e fenilpropanolamina- pouco antes
de competir na Coréia do Sul.
Linford Christie, 43, por sua vez,
já disse que não aceita participar
da corrida. O britânico foi suspenso em 1999 por uso do esteróide anabólico nandrolona.
A negativa de Christie tem um
lado prático. Atualmente, ele é
treinador de Darren Campbell,
além de ser credenciado pela Iaaf,
entidade que comanda o atletismo, como empresário de outros
atletas de ponta da Inglaterra.
Caso aceite o desafio, o ex-velocista teme ser punido pela federação internacional, cujas regras
proíbem os atletas de disputarem
provas com a participação de
competidores banidos por doping, como é o caso de Johnson,
expulso da modalidade em 1993.
Dennis Mitchell, 37, dos EUA,
quarto lugar em Seul, teve seu
prestígio abalado em 1998, quando um exame de constatou alteração em seu nível de testosterona.
Condenado a uma pena de dois
anos, recorreu e foi inocentado.
Por fim, o canadense Desai Wil-liams, 44, que chegou em sétimo
lugar, mais tarde teve que responder a inquérito por uso de drogas.
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