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São Paulo sofre por final e decreta boicote "sem pai"
Depois de fazer 3 a 2 no Al Ittihad e se garantir na decisão do Mundial de Clubes, time anuncia greve de silêncio em protesto contra a mídia
TONI ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
O São Paulo está na final do
Mundial de Clubes da Fifa, mas a
crise que assola o time no seu momento mais importante nos últimos 12 anos tem novo capítulo.
A dramática vitória por 3 a 2 sobre os sauditas do Al Ittihad terminou com os jogadores decretando um boicote contra a imprensa. E ninguém quis assumir a
autoria. O herói da vitória foi o
atacante Amoroso, um dos pivôs
da tormenta são-paulina ao cobrar do clube rapidez na definição
de seu futuro -ele fez dois gols.
Grafite disse que foi instruído a
não falar, linha seguida pelo capitão Rogério. Os cartolas são-paulinos repeliram a idéia que partiu
deles a ordem de proibir os jogadores de darem declarações.
Sob esse clima, o time espera
seu adversário para tentar, no domingo, seu terceiro título mundial -Saprissa e Liverpool jogam
hoje por essa definição.
Ao passar pela zona mista, local
onde param para dar entrevistas
pelo padrão da Fifa, os são-paulinos diziam que não poderiam parar nem falar com os repórteres.
Visivelmente constrangido, o
atacante Grafite foi o primeiro a
aparecer e avisou os repórteres
que ninguém do grupo daria
qualquer tipo de declaração.
"Fomos instruídos para não falar. O pessoal está chateado com
certas coisas que saíram na imprensa e que não são verdade.
Acho que foram os assuntos sobre
a premiação e o caso envolvendo
a renovação do Amoroso. É isso."
Até o goleiro Rogério, líder do
elenco, deu a entender que o grupo somente cumpriu ordens ao
boicotar a imprensa. "Mandaram
a gente falar depois, no hotel",
afirmou o capitão do São Paulo,
que, no entanto, foi um dos dois
jogadores do time obrigados pelo
protocolo da Fifa a dar declarações após a partida, em que marcou um gol de pênalti.
Amoroso também parou brevemente para conversar com repórteres e, com o auxílio do superintendente Marco Aurélio Cunha
(desafeto de seu procurador) como tradutor, respondeu a perguntas feitas em inglês por um repórter de uma TV árabe.
A diretoria se eximiu de culpa
sobre a greve de silêncio dos jogadores, mas disse que respeitaria a
decisão do elenco, indicando que
a atitude partiu do próprio grupo
de jogadores.
"De maneira nenhuma isso partiu de nós", disse o diretor de planejamento João Paulo de Jesus
Lopes, eximindo os cartolas de terem planejado o ato de protesto.
Já o técnico Paulo Autuori não
concordou com o ato de silêncio,
mas afirmou que respeitaria a decisão. E apontou que ela já teria
hora determinada para acabar:
após o primeiro treino em Yokohama, local da final de domingo,
marcada para começar às 8h20.
"Essa é uma forma de protestar,
mas a melhor arma do homem é o
diálogo", filosofou o treinador.
O boicote à imprensa acontece
depois de uma série de desentendimentos do time já em solo japonês. A primeira questão foi levantada quando alguns jogadores resolveram discutir o valor do prêmio pela conquista -a diretoria
do São Paulo estaria oferecendo
cerca de R$ 160 mil para cada jogador pela conquista do tri.
Já o segundo problema, nascido
ainda no Brasil, ganhou corpo
após o presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa, praticamente dispensar Amoroso, que
ontem repetiu o que já fizera nas
partidas das semifinais e finais da
Libertadores e foi o destaque da
equipe -marcou dois dos três
gols são-paulinos e já é um dos artilheiros do torneio internacional.
O presidente do clube brasileiro
não gostou de ter se tornado pública a informação que o atacante
assinou um pré-contrato com o
FC Tokyo, em vínculo que prevê
uma multa rescisória de US$ 500
mil (cerca de R$ 1,2 milhão).
Na semana de preparação no Japão, Amoroso voltou a criticar a
falta de interesse da diretoria, que
não se mexeu para antecipar a sua
renovação de contrato.
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