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FUTEBOL
Tricolor a um triz do trítulo, digo, título
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Triste, tristíssimo, seria
chegar tão perto do tri e perdê-lo. Mas isso só acontecerá se o
São Paulo tripudiar dos adversários, como quase fez contra o Al
Ittihad. Depois de marcar o primeiro gol, o tricolor diminuiu o
ritmo, cedeu o empate, e os árabes
quase fizeram o segundo.
No intervalo, Autuori deve ter
falado feito um tribuno, e o pessoal voltou mais vivo, correndo
como triatletas, e marcou dois
gols. Mas, depois, novo relaxamento.
As triangulações no meio-de-campo começaram a não sair.
Por sorte a tríade Ceni-Lugano-Amoroso estava bem e comandou
a tribo até o final. Aliás, o destaque do jogo foi o trintão Amoroso,
com boas arrancadas, inteligência, oportunismo e belos tribles,
digo, dribles.
Por outro lado, Cicinho jogou
abaixo de seu normal, Júnior esteve mais apagado que cigarro de
bêbado, e Edcarlos, se jogar a final como jogou ontem, será triturado, trinchado, pelo ataque adversário.
Mas o maior problema do São
Paulo ontem foi que ele esteve trifásico. Teve momentos de bom futebol, como o começo do segundo
tempo, horas em que apenas se
manteve nos trilhos, como nos últimos 15 minutos, e perigosos instante de letargia, como no final
da primeira etapa, quando jogou
um futebol feio, tribufu.
Isso não pode acontecer na próxima partida, a mais importante
da história do clube. Afinal, se
vencer, o São Paulo será o único
tricampeão mundial do Brasil, o
único a exibir em suas estantes
um trio do troféu mais disputado
do planeta.
Para isso, a trindade da defesa,
Lugano, Fabão e Edcarlos, tem
que jogar como se defendesse
uma trincheira. Mineiro e Josué
devem se empenhar ao máximo a
cada triquete, a cada momento,
trincando os adversários, triturando suas tramas. Já Danilo deve ser a base do tripé de ataque,
tricotando com Aloisio (ou Grafite) e com o trigueiro Amoroso, para que estes joguem um futebol
moleque, travesso, triquetraz.
Já à torcida só resta rezar e sair
pelos jardins a procurar trifólios,
ou seja, trevos, mas os de quatro
folhas (que na verdade são quadrifólios).
Afinal só falta um tanto de sorte
para o São Paulo, que fez tudo
certo até aqui. Poupou jogadores,
chegou com antecedência e fez algumas contratações de última hora. O único senão foi o acerto do
bicho, que aconteceu muito tarde.
Mas agora que os jogadores acertaram a tributação que farão aos
cofres do clube, não há mais desculpas. Eles têm que vencer. E, se
chegarem ao triunfo, será um merecido tributo aos torcedores.
Enfim, domingo, quando o juiz
trilar seu apito, a trilegal torcida
poderá estar desesperada, com
vontade de pôr um trinta-e-oito
na cabeça, ou sentir-se voando
sobre um trigal, loucos de felicidade a ponto de usar um tricórnio
de Napoleão.
E, caso o leitor não tenha percebido, neste texto usei trinta e nove
palavras começadas com a sílaba
tri. Sem contar o trítulo, digo, título.
Café-com-leite
Li ontem um livro bem divertido sobre futebol. Chama-se
"Café-com-leite e feijão-com-arroz". Foi escrito por Alberto
Martins, ilustrado por Andrés
Sandoval e editado pela Companhia das Letrinhas (104 páginas, R$ 18). O livro, destinado
ao público juvenil (mas que eu,
que sou um tanto infantil, gostei bastante), é formado por
um contão, sete continhos e
três breves depoimentos de ex-jogadores. É um livro que narra
coisas que acontecem na vida
de qualquer criança, como brigas, dribles em bananeiras, narizes quebrados, telhas quebradas etc... Ele tem mesmo um sabor de café-com-leite, mas de
um café-com-leite de antigamente, quando eu ainda não
precisava tomar café descafeinado e leite desnatado.
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