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FUTEBOL
Herói corintiano na decisão do Mundial de Clubes quer evitar sofrimento da torcida e dos jogadores
"Não quero mais pênaltis", afirma Dida
RODRIGO BUENO
enviado especial ao Rio
MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio
O goleiro Dida, do
Corinthians, disse
já estar farto do lance que é hoje sua especialidade.
"Não quero mais
pênaltis. Eles provocam sofrimento nos jogadores e na torcida", afirmou o goleiro, que defendeu chute de Gilberto e viu Edmundo errar outra cobrança.
Até a final de anteontem, Dida
vinha de uma sequência de quatro pênaltis defendidos. Juntando
a decisão por pênaltis do Mundial
de Clubes e a temporada de 99,
são nove penalidades agarradas.
"Espero que não", disse Dida ao
ser questionado sobre se torcia
por novas decisões por pênaltis.
Avesso a entrevistas e comemorações, o goleiro revelou ter vibrado mais na decisão de anteontem.
"Até gritei. Fiz tudo o que tinha
direito. Cada um tem uma maneira diferente de vibrar. Comemorei mais no vestiário, junto com os
companheiros, onde a emoção é
maior", disse.
O jogador agradeceu o incentivo que vem recebendo do elenco
corintiano e da torcida.
"A confiança que os jogadores e
os torcedores depositam em mim
no momento da cobrança me ajuda. A torcida gritou o nome, e isso
me deu uma confiança maior. Eu
sabia que podia ajudar o grupo."
O goleiro cumpriu grande ritual
durante a disputa de pênaltis. Saía
da área e depois voltava. Na primeira cobrança, ficou de costas
para o gol, mostrando o número 1
em sua camisa para o batedor.
Após o chute de Edmundo para
fora -o atacante se esforçou para
chutar a bola no canto em que Dida não estivesse-, Dida foi ao encontro do atacante vascaíno, que
estava no solo inconformado com
seu erro na última cobrança.
"O Edmundo é uma grande
pessoa. Fui até ele, porque era um
momento decisivo. A gente sabe e
sente pelo companheiro", disse o
jogador, que defendeu dois pênaltis de Raí nas semifinais do Brasileiro e depois do jogo procurou
dar apoio moral ao são-paulino.
Dida não revelou o que conversou com Edmundo na área após
um pênalti. "É particular."
O goleiro mal conseguiu descrever o que sentiu quando viu a bola
chutada por Edmundo passar à
esquerda de seu gol, para fora.
"Ele perdeu o pênalti, e vi que
vencemos. Eu estava sendo campeão com um grupo maravilhoso", disse o goleiro.
Um dia antes da decisão, o goleiro quase foi negociado com o
Real Madrid. O clube espanhol,
encantado com o retrospecto do
jogador em defender pênaltis
-agarrou um do atacante Anelka, que evitou uma derrota para o
Real Madrid na primeira fase do
Mundial-, tentou contratá-lo
por empréstimo.
Dida, que pertence ao Milan e
está apenas emprestado ao Corinthians, mostrou desconhecer o interesse do Real em seu futebol e
não quis falar muito de futuro.
"Tenho contrato até 30 de junho
e pretendo cumpri-lo", disse.
O goleiro está agora de vez na
vitrine mundial. A BBC de Londres, por exemplo, pediu vídeos
com oito defesas de pênaltis.
O goleiro corintiano deixou
uma impressão ruim quando defendeu a seleção na Olimpíada de
Atlanta, em 1996. Na ocasião, foi
criticado inclusive por seu excesso de frieza em campo.
Dida é um dos três jogadores
com mais de 23 anos que o técnico Wanderley Luxemburgo, da
seleção brasileira, irá levar para os
Jogos de Sydney -se a equipe tiver sucesso no Pré-Olímpico.
Luxemburgo confia em Dida
para torneios como a Copa do
Mundo e a Olimpíada, em que a
possibilidade de uma disputa de
pênaltis é relativamente grande.
O meia Ricardinho disse que o
Corinthians buscou, durante a
prorrogação, levar a partida para
os pênaltis, confiando no desempenho de Dida nas penalidades.
"Na prorrogação, o time procurou manipular o jogo para levá-lo
à decisão por pênaltis. Sabíamos
que o Dida pegaria pelo menos
um em cinco", disse o meia, que
deixou a equipe no intervalo, depois de sentir contusão.
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