São Paulo, Domingo, 16 de Janeiro de 2000


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FUTEBOL
Herói corintiano na decisão do Mundial de Clubes quer evitar sofrimento da torcida e dos jogadores
"Não quero mais pênaltis", afirma Dida

RODRIGO BUENO
enviado especial ao Rio

MÁRIO MAGALHÃES
da Sucursal do Rio

O goleiro Dida, do Corinthians, disse já estar farto do lance que é hoje sua especialidade.
"Não quero mais pênaltis. Eles provocam sofrimento nos jogadores e na torcida", afirmou o goleiro, que defendeu chute de Gilberto e viu Edmundo errar outra cobrança.
Até a final de anteontem, Dida vinha de uma sequência de quatro pênaltis defendidos. Juntando a decisão por pênaltis do Mundial de Clubes e a temporada de 99, são nove penalidades agarradas.
"Espero que não", disse Dida ao ser questionado sobre se torcia por novas decisões por pênaltis.
Avesso a entrevistas e comemorações, o goleiro revelou ter vibrado mais na decisão de anteontem.
"Até gritei. Fiz tudo o que tinha direito. Cada um tem uma maneira diferente de vibrar. Comemorei mais no vestiário, junto com os companheiros, onde a emoção é maior", disse.
O jogador agradeceu o incentivo que vem recebendo do elenco corintiano e da torcida.
"A confiança que os jogadores e os torcedores depositam em mim no momento da cobrança me ajuda. A torcida gritou o nome, e isso me deu uma confiança maior. Eu sabia que podia ajudar o grupo."
O goleiro cumpriu grande ritual durante a disputa de pênaltis. Saía da área e depois voltava. Na primeira cobrança, ficou de costas para o gol, mostrando o número 1 em sua camisa para o batedor.
Após o chute de Edmundo para fora -o atacante se esforçou para chutar a bola no canto em que Dida não estivesse-, Dida foi ao encontro do atacante vascaíno, que estava no solo inconformado com seu erro na última cobrança.
"O Edmundo é uma grande pessoa. Fui até ele, porque era um momento decisivo. A gente sabe e sente pelo companheiro", disse o jogador, que defendeu dois pênaltis de Raí nas semifinais do Brasileiro e depois do jogo procurou dar apoio moral ao são-paulino.
Dida não revelou o que conversou com Edmundo na área após um pênalti. "É particular."
O goleiro mal conseguiu descrever o que sentiu quando viu a bola chutada por Edmundo passar à esquerda de seu gol, para fora.
"Ele perdeu o pênalti, e vi que vencemos. Eu estava sendo campeão com um grupo maravilhoso", disse o goleiro.
Um dia antes da decisão, o goleiro quase foi negociado com o Real Madrid. O clube espanhol, encantado com o retrospecto do jogador em defender pênaltis -agarrou um do atacante Anelka, que evitou uma derrota para o Real Madrid na primeira fase do Mundial-, tentou contratá-lo por empréstimo.
Dida, que pertence ao Milan e está apenas emprestado ao Corinthians, mostrou desconhecer o interesse do Real em seu futebol e não quis falar muito de futuro.
"Tenho contrato até 30 de junho e pretendo cumpri-lo", disse.
O goleiro está agora de vez na vitrine mundial. A BBC de Londres, por exemplo, pediu vídeos com oito defesas de pênaltis.
O goleiro corintiano deixou uma impressão ruim quando defendeu a seleção na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Na ocasião, foi criticado inclusive por seu excesso de frieza em campo.
Dida é um dos três jogadores com mais de 23 anos que o técnico Wanderley Luxemburgo, da seleção brasileira, irá levar para os Jogos de Sydney -se a equipe tiver sucesso no Pré-Olímpico.
Luxemburgo confia em Dida para torneios como a Copa do Mundo e a Olimpíada, em que a possibilidade de uma disputa de pênaltis é relativamente grande.
O meia Ricardinho disse que o Corinthians buscou, durante a prorrogação, levar a partida para os pênaltis, confiando no desempenho de Dida nas penalidades.
"Na prorrogação, o time procurou manipular o jogo para levá-lo à decisão por pênaltis. Sabíamos que o Dida pegaria pelo menos um em cinco", disse o meia, que deixou a equipe no intervalo, depois de sentir contusão.


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