DA REPORTAGEM LOCAL

A FIA, entidade máxima do automobilismo, anunciou ontem uma série de medidas para diminuir custos na F-1, que serão adotadas no início do Mundial deste ano, dia 9 de março, na Austrália. As alterações foram aprovadas após uma reunião no aeroporto de Heathrow, na Inglaterra, entre Max Mosley, presidente da entidade, e os chefes das equipes.
A principal mudança será a proibição de qualquer tipo de comunicação via rádio entre pilotos e times. A alteração é uma clara retaliação ao jogo de equipe tão criticado na temporada passada -a Ferrari de Michael Schumacher e Rubens Barrichello usou o artifício várias vezes para inverter a posição de seus pilotos na pista.
Assim, a entidade acredita que vai tornar a categoria mais competitiva, consequentemente mais interessante para o público. Outra mudança que ajudará nesse aspecto é a proibição do uso da telemetria bidirecional, que permite a engenheiros regular, de dentro dos boxes, os carros na pista.
Como o principal objetivo da FIA é limitar os gastos na categoria, a reunião de ontem também limitou a dois o número de carros por equipe, o que significa que não haverá mais carros reservas.
A entidade quer evitar novas falências de times, como aconteceu com Prost e Arrows, que ontem foi liquidada judicialmente.
"Apesar do desaparecimento de dois times de F-1 nos últimos 12 meses, nada foi feito para economizar dinheiro", disse o comunicado oficial emitido ontem.
A entidade também vai eliminar o controle de tração, dispositivo que impede que as rodas dos carros girem em falso nas largadas ou retomadas de curvas, reintroduzido na categoria em abril de 2001 -estava banido desde o final de 1993. Porém somente a partir do ano que vem ele será considerado ilegal. O mesmo procedimento será adotado com os câmbios totalmente automáticos.
A partir desta temporada também fica proibido que as equipes trabalhem em seus carros após o término do treino classificatório, no sábado, até o início da corrida, no domingo. Os monopostos ficarão "trancados" no Parc Fermé e só poderão ser liberados com autorização especial da FIA.
Segundo a entidade, para que o regulamento seja cumprido à risca, haverá "tolerância zero" para quem desrespeitar as regras.
"Seremos como o [ex-prefeito de Nova York, Rudolph] Guiliani: tolerância zero", disse Max Mosley. "Nós poderíamos ter sido mais insistentes [na última temporada]. Então, agora, decidimos que vamos impor [as regras]."
Na reunião de ontem também ficou acertado que a FIA pretende introduzir novas modificações na temporada que vem. As principais propostas são o uso de um mesmo sistema de freios e de asas traseiras por todas as equipes -as mudanças nas regras poderão ser feitas até 31 de outubro.
A entidade também quer aumentar a "vida" dos motores usados na categoria. Em 2005, eles deverão suportar duas corridas, e, no ano seguinte, seis provas.
Outras mudanças já haviam sido anunciadas pela FIA no final do ano passado, como um novo sistema de pontuação e de classificação para esta temporada.