São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TÊNIS

Início, meio e fim


A partir de agora, a história e as conquistas falam por Gustavo Kuerten, três vezes campeão em Roland Garros


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

SUJEITO carismático, fama de gente boa, visual de amigo dos bons, guitarrista de talento duvidoso, Gustavo Kuerten, no fundo, no fundo, nunca foi dado a falar demais. Isso desde sempre.


Na primeira vez que o encontrei, clube Pinheiros, São Paulo, muito antes ainda do primeiro título em Roland Garros, ele parecia desconfiar das anotações que eu fazia em uma cadernetinha malconservada.
Respondia às perguntas com educação, mas voz baixa, sem entusiasmo. Depois que o primeiro título em Roland Garros o empurrou para a fama, menos ainda palavras em público. No primeiro evento de volta ao país, falou apenas porque o sempre falante Fernando Meligeni estava junto e insistiu. Naquela época, ainda olhava de lado, claramente desconfiado dos que o cercavam.
O conforto com as palavras, imagino que nunca chegou a ele. Mesmo no auge, sentia-se perseguido por parte da imprensa -este jornal, principalmente. Seu treinador naquela época falava por ele em alto e bom som e batia sem dó nesta coluna, de tão injustiçado que se sentia. Ao longo dos últimos tempos, ficou mais fácil compreender o silêncio que mantinha. Com tantos problemas físicos, dores, cirurgias, patrocínios que se iam e torneios que não vinham, o que teria de bom a falar a todos, a contar aos seus fãs? Foi quase zero o número de frases que se ouviu dele nestes últimos anos, talvez justamente os anos em que mais se torceu por ele.
Na última conversa a sós, em Miami, há cerca de dez meses, ele falou até que bastante, projetando seu retorno às quadras -quase nem ele acreditando naquilo que dizia. Pois ontem ele voltou a falar. Meio fora de contexto, no que parecia uma festa de lançamento de uma coleção de roupas com seu nome. Desta vez, falou para dizer simplesmente que acabou. Assim, sai de cena o melhor tenista, entre os homens, que o país já teve; entra em cena o ex-jogador, agora empresário, bom amigo, sujeito legal, gente boa.
Gustavo Kuerten não precisa falar mais nada. Sua história, suas conquistas e seu sucesso falam por ele.

REINÍCIO
Seja por rolar no início do ano, seja pelo calor, ou pelo piso, o Aberto da Austrália tem dado chances a "azarões". Em nove anos, seis chegaram ali à primeira final de Grand Slam, como Schuettler, Clement, Baghdatis e Gonzalez. Depois nada fizeram. Coincidência ou maldição?

MEIO
Enquanto os melhores jogam na Austrália, os brasileiros, em Miami. Ricardo Mello e Rogério Dutra Silva venceram na estréia.

FIM
Joana Cortez, 29, deixa os torneios oficiais. Melhor brasileira por vários anos, chegou a 204 no ranking.

reandaku@uol.com.br


Texto Anterior: Corinthians: Dentinho comanda reservas, é elogiado e pode ser titular
Próximo Texto: Nenê passa por cirurgia e encerra ano na NBA
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.