Principais torneios de garotos no país são dominados pelas equipes locais

Dos 16 times que estão nas oitavas da disputa, 11 são paulistas, outra mostra da tendência caseira, recente e histórica, das competições

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians, o maioral na Copa São Paulo júnior, nunca venceu a Taça Belo Horizonte de juniores nem o Brasileiro sub-20. O Grêmio, dominante no Brasileiro sub-20, jamais venceu a Copa São Paulo júnior ou a Taça BH. E o Cruzeiro, bicho-papão do torneio de base mineiro, só foi ser campeão da Copa São Paulo júnior depois de quase 40 edições da disputa.
Esse retrato caseiro das principais competição de base do futebol brasileiro é flagrante na atual edição da mais tradicional disputa entre garotos do país. Dos 16 clubes que chegaram às oitavas de final, fase que começará hoje, 11 são paulistas.
Não será nada estranho se as semifinais forem Corinthians x São Paulo e Palmeiras x Santos. Além do G4 paulista, só dois outros chamados grandes do país prosseguem vivos: Botafogo e Cruzeiro. O orgulho paulista, porém, restringe-se a SP.
Nenhum paulista venceu até hoje o Brasileiro sub-20, disputado no Rio Grande do Sul -é organizado pela federação estadual, não pela CBF, seguindo o que acontece com a Copa São Paulo júnior e a Taça BH. Na verdade, nunca um paulista ficou sequer entre os quatro primeiros do torneio júnior "gaúcho", disputado desde 2006.
Na Taça BH, jogada desde 1985, os paulistas estão na fila desde 2002, quando o Palmeiras ergueu a taça. O Atlético- -MG é o atual campeão e se aproximou do Cruzeiro em títulos -quatro contra cinco.
Os anfitriões dos torneios de base, mais que gozar das vantagens normais de um mandante, levam muito mais a sério as "suas" disputas do que os visitantes. O São Paulo, por exemplo, é reconhecido como um dos times que mais investem na base, mas vem se negando a jogar o Brasileiro sub-20 no Sul.
Em edições recentes da Copa São Paulo júnior, clubes importantes do país, como o Vasco, deixaram de participar. Uma das alegações para essas ausências é o medo de perder jogadores para empresários e rivais.
Até os anos 80, quando era praticamente vitrine única para jovens talentos do país, a Copa São Paulo júnior foi mais democrática, com o Fluminense, em especial, colecionando títulos. O Corinthians, que hoje pode despachar o "forasteiro" Juventude, deixou o Flu para trás em taças -é hepta. Já Guarani x São Paulo é um dos quatro embates paulistas das oitavas.