São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2000


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VÔLEI
Com R$ 444 mil da Petrobras, Força Olímpica é lanterna da Superliga, e deputado questiona verba
Patrocínio estatal vira disputa política

EDUARDO OHATA
JOSE ALAN DIAS
da Reportagem Local

O patrocínio da Petrobras ao time da Força Olímpica, que perdeu seus 15 jogos na temporada da Superliga feminina de vôlei, adentrou o terreno político, após entrada de pedido de prestações de contas e esclarecimento sobre critérios de escolha de patrocínio na Câmara dos Deputados.
Na edição passada, em sua estréia, o time de Brasília (DF) havia registrado somente duas vitórias.
A Petrobras está destinando na atual temporada da competição R$ 280 mil para a equipe principal, que ocupa o último posto na tabela classificatória (12º lugar), e mais R$ 164 mil para o trabalho com as equipes de base.
A Petrobras tem até o início do próximo mês para responder o requerimento de informações de autoria do deputado federal Agnelo Queiroz (PC do B-DF).
Outras equipes que contam com orçamento semelhante ao da Força Olímpica estão mais bem posicionadas na competição.
O Grêmio Londrina, que tem verba apenas ligeiramente maior, R$ 340 mil anuais, ocupa a sexta colocação na classificação.
O maior salário do time de Brasília é R$ 1.000, segundo o técnico da equipe Ivan Rogedo, que também é filho do presidente do clube, Pedro Ivan Rogedo.
A jogadora mais bem paga de Londrina, que mantém seu time nos cinco meses de torneio com R$ 40 mil/mês, recebe R$ 2.500.
Rogedo, que também acumula a função de diretor da ACDF (Associação Comercial do Distrito Federal), diz que tem à disposição para gastar mensalmente com a equipe profissional R$ 30 mil.
Parte do total da verba da Petrobras foi usada na organização de torneios em Brasília com a participação do time em amistosos e em uma competição na Suíça, antes da Superliga feminina.
""Esse é um time novo, a média de idade das atletas é de 19 anos, então era necessário pegar experiência. Isso para mim era tão importante quanto os gastos durante a competição", justifica, afirmando que seu projeto prevê a evolução do vôlei local, evitando a contratação de ""nomes".
Rumores em Brasília dão conta de que um influente político teria tido importante participação no fato de a Força Olímpica ter obtido o apoio estatal. Rogedo admite que tem contato com diversos políticos, mas afirma que as alegações não teriam fundamento.
""Conheço alguns políticos e sempre falava de meu projeto, é possível que algum deles tenha até "dado uma forçinha". Mas a Força não é um projeto político, esses são comentários invejosos. Acredito em resultados na próxima temporada da Superliga."
Em 1997 e 1998, outro time da região, a Associação Atlética do Banco do Brasil, mostrou campanha superior, tornando-se bicampeão invicto do Brasiliense. A Força Olímpica foi vice nessas duas edições da competição.
""Se buscavam um patrocínio de relacionamento, também éramos opção. É muito estranho", analisa Horcival Júnior, técnico da AABB. ""Todo mundo aqui em Brasília comenta que essa ajuda é política e até citam o nome de um determinado político."
Cláudio Thompson, responsável por patrocínios esportivos da Petrobras, afirma que o investimento é expansão de um acordo iniciado em 1996, quando o clube lidava só com categorias de base.
""Eles quiseram se aventurar na Superliga. Ao final da Superliga vamos analisar tudo. O que houve de bom e de ruim -inclusive o que saiu na imprensa. A pergunta é a seguinte: adianta eu cortar a verba agora no meio e deixar jogadoras desempregados, como fez o Maringá?", diz Thompson.


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