São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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FÁBIO SEIXAS

Dois em um


Às vésperas do começo do Mundial de F-1, Ferrari não consegue (e não quer) se livrar do ídolo Schumacher


R EPOUSAM sobre minha mesa três livros produzidos, editados e lançados pela Ferrari S.p.A. entre dezembro e janeiro. "Racing Activities 2006" presta contas das atividades esportivas da escuderia. "Ferrari 2006" trata do universo da marca, começando na F-1, passando pelo lançamento da 599 GTB Fiorano e encerrando no relacionamento com celebridades globais -há até foto de Lula com o bonezinho vermelho. "60 Anni in 60 Simboli" seleciona, segundo a apresentação, "60 momentos extraordinários da história da companhia". Entre um e outro, em textos e fotos, em relatos de GPs e editoriais, uma onipresença. Ele, Schumacher.
Abra o primeiro livro. Na página 2, o alemão, abraçado a Todt e Montezemolo. Na página 3, o resumo da temporada, assinado pelo presidente da marca: "Em 2006, fechamos um capítulo. O que será chamado de era Michael Schumacher chegou ao fim em Interlagos, em 22 de outubro (...) Muito foi dito sobre Michael, quase sempre com estatísticas. Mas os recordes não mostram seu valor como homem, seu carisma, o afeto que ele mostra por todos que o cercam e que está fixado nos corações e mentes de todos dentro da Ferrari".
Ao segundo livro. Schumacher é a foto de capa. Na página 5, ele e Montezemolo, após a vitória em Monza -pai e filho não provocariam imagem mais carinhosa. E, claro, o editorial do presidente: "Assistir a Michael Schumacher abraçando os mecânicos assim que saiu do carro em Monza foi uma experiência emocional das mais intensas. Todos caíram em lágrimas por um momento que epitomou o respeito mútuo e a gratidão da equipe a ele". Lá na página 63, ao lado da legenda "um Papai Noel especial para as crianças da Ferrari", Schumacher, de barba branca e gorro vermelho, cercado de filhos de funcionários -a seu lado, Montezemolo pintado de palhaço, que a legenda deixa passar.
Enfim, ao livreto dos 60 anos. Que inicia com uma referência à primeira vitória da marca, o GP de Roma, em 25 de maio de 1947. Que traz referências à Mille Miglia, à Carrera Panamericana, a Ascari, a Fangio, Gonzalez, Hawthorn, Bandini, Surtees, Lauda, Villeneuve... E muitas, muitas homenagens ao alemão. O alemão, aquele mesmo que, agasalho, boné e fone de ouvido, acompanhou o último dia da bateria de testes em Barcelona, anteontem. A conclusão grita. Equipe e piloto atingiram um grau de associação, de relacionamento, de amor e de trabalho nunca antes experimentado na F-1. Uma simbiose, uma unidade, uma intimidade. Viraram coisa só.
Segundo a "Auto, Motor und Sport", ele será o novo Todt. O que ganha todo o sentido depois da leitura das últimas publicações do time. Enfim, o anúncio sobre seu futuro deve acontecer em breve. E, por enquanto, há apenas duas certezas. Schumacher não consegue largar a Ferrari. Mas, mais ainda, a Ferrari não consegue largar Schumacher.

PRESENTE
Depois de seu ótimo primeiro ano pela equipe, Massa também aparece -e bem- nos dois primeiros livros, um destaque que Barrichello nunca conseguiu em suas seis temporadas em Maranello.

FUTURO Sob chuva forte, o mineiro Victor Corrêa venceu a primeira etapa da Fórmula São Paulo, no domingo, em Interlagos, seguido por Caio Lara e Marcio Pasanelli. Outros 11 pilotos largaram na abertura do último campeonato de monopostos que restou por aqui. A próxima rodada, também no circuito paulistano, ocorre nos dias 3 e 4 de março.

PASSADO
Algumas das imagens de "60 Anni in 60 Simboli" estarão a partir de hoje no blog fabioseixas.folha.blog.uol.com.br.

fseixas@folhasp.com.br


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