São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Bruno, 25, devolve o clã "Senna"
à F-1

Brasileiro estreia na principal categoria do automobilismo na abertura do Mundial, na Austrália, no dia 29 de março

Quinze anos após assistir à morte de Ayrton, sobrinho assina por três anos com a equipe que até dezembro carregava o nome da Honda

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Quinze anos após assistir pela TV à trágica morte do tio Ayrton, Bruno recolocará o sobrenome Senna no grid da F-1.
O brasileiro, 25, assinou contrato de três anos com a equipe que até dezembro carregava o nome da Honda e estreará na categoria no mês que vem, na Austrália, abertura do Mundial. Será companheiro do inglês Jenson Button. Vai se tornar, assim, o 29º piloto do país a participar do principal campeonato do esporte a motor.
Os primeiros -e únicos- testes pré-temporada ocorrem entre 9 e 12 de março, em Barcelona. Em seguida, Bruno, Button e a equipe irão viajar a Melbourne para iniciar a adaptação ao fuso horário. O Mundial de F-1 começa no dia 29. Pouco tempo para testar, mas um luxo para uma escuderia que sofreu ameaça de extinção.
Por ora, nem Bruno, que embarca hoje para a Inglaterra, nem a escudeira comentam o acerto. Tampouco confirmam que disputarão a temporada. Mas a Folha apurou que o anúncio é só questão de tempo.
À imprensa europeia, porém, ele fala como piloto da F-1.
"Com certeza, será um grande desafio. Nos últimos anos, nenhum piloto estreou com tão pouca quilometragem. Vou andar de 1.000 km a 1.200 km antes da primeira corrida. Mas é melhor começar na F-1 assim, de uma maneira difícil, do que ficar fora. Como não será por uma equipe de ponta, a pressão será menor", afirma Bruno, em entrevista à edição de hoje da revista italiana "Autosprint".
A chegada à F-1 é o auge de uma ascensão meteórica, sem precedentes entre os brasileiros que correram o Mundial.
Há cinco anos, Bruno nem sequer era piloto: cursava administração de empresas em São Paulo. Kartista na infância, estava fora das pistas desde a morte do tio, em 1º de maio de 1994 -tinha dez anos.
Só voltou ao esporte incentivado por Gerhard Berger, amigo da família desde os tempos em que dividia a McLaren com Senna, entre 90 e 92. Foi o austríaco que conseguiu a participação de Bruno em seis etapas da F-BMW inglesa, a partir de agosto de 2004. Deu certo.
Correndo contra pilotos mais experientes, arrancou uma sexta posição em Donington Park -onde seu tio fez sua prova mais espetacular, em 93.
Em 2005, disputou sua primeira temporada completa em uma categoria, o Inglês de F-3. Terminou em décimo. No ano seguinte, foi terceiro, resultado que o credenciou a tentar, em 2007, a GP2, "escola" da F-1.
Com uma vitória e dois terceiros lugares, fechou o campeonato em oitavo. Em 2008, disputou o título: venceu duas provas e foi vice, a 12 pontos do campeão, Giorgio Pantano.
Seus resultados nas pistas e o sobrenome chamaram a atenção. Em novembro, ele participou de um "vestibular" na Honda, contra Lucas di Grassi.
Venceu. E, quando se preparava para um segundo teste, contra Rubens Barrichello, a Honda anunciou a saída da F-1.
O motivo da decisão da montadora: a crise mundial. Nick Fry e Ross Brawn, dirigentes da equipe, porém, receberam prazo para buscar alternativas.
Foi o que fizeram. Sem nome e dinheiro da Honda, a equipe que irá ao grid de Melbourne terá auxílio da FOM, holding comandada por Bernie Ecclestone, e motores e câmbios Mercedes-Benz. Bruno ajudará na conta, levando ao menos um de seus patrocinadores, a Embratel. A ideia é buscar um comprador ao longo do ano.


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