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São Paulo, domingo, 16 de março de 2003

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FUTEBOL

Quem é melhor?

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Quem é melhor, Corinthians ou São Paulo? O Corinthians tem melhores zagueiros e laterais, mais equilíbrio entre os setores e é mais eficiente pelas laterais e nos cruzamentos de bola parada. O São Paulo é melhor nas trocas de passes e finalizações pelo meio e possui um goleiro superior e mais experiente.
Se escalasse uma seleção das duas equipes, seria: Rogério Ceni; Rogério, Fábio Luciano, Anderson e Kléber; Fabinho ou Maldonado, Vampeta e Ricardinho; Kaká, Luis Fabiano e Gil. Seriam seis do Corinthians, quatro do São Paulo e uma dúvida.
Muitos irão discordar e ainda argumentar que os quatro do São Paulo são mais importantes que os seis do Corinthians. Talvez sejam. O que é também mais encantador e eficiente: as jogadas pela lateral esquerda do Corinthians ou as pelo meio do São Paulo? As duas equipes atuam com quatro defensores, três no meio-campo e três no ataque.
Nos detalhes, há muitas diferenças. Leandro ataca e recua pela direita para formar um quarteto com Fabinho, Vampeta e Jorge Wagner. Leandro é mais armador do que atacante.
Kaká também recua para receber a bola, mas raramente marca no seu campo. É mais atacante do que armador.
O volante Fabinho atua próximo dos zagueiros. Quando recupera a bola, avança e Vampeta ocupa o seu lugar. Fabinho tem habilidade para atacar. Maldonado só tem função defensiva. Quando avança, o que é raro, não sabe se transformar em um meia. Como o time joga com três atacantes e o Maldonado quase como um terceiro zagueiro, Fábio Simplicio e Ricardinho ficam sobrecarregados.
Os volantes que atuam muito recuados acabam não sendo zagueiros nem armadores.
Os dois laterais das duas equipes avançam bastante. Os do Corinthians formam duplas com Gil e Leandro. Os do São Paulo ficam mais isolados.
Na marcação, há uma preocupação dos técnicos em pressionar, tomar a bola e sair com velocidade para o ataque. É uma característica das equipes dirigidas pelo Geninho. Com Parreira, o time recuava e marcava por setor. Nos últimos jogos, Oswaldo de Oliveira tem insistido com os jogadores para marcar mais de perto.
Os dois técnicos vão tentar neutralizar a principal jogada do rival. Oswaldo de Oliveira poderia segurar o lateral-direito para marcar melhor o Gil e deslocar o Fábio Simplicio um pouco mais para a direita para impedir os avanços do Kléber. Para funcionar, Maldonado teria de jogar de volante, e não de zagueiro. Se o Corinthians atua com apenas um atacante fixo pelo meio (Liedson), não há necessidade de escalar três zagueiros e ficar sem um jogador no meio-campo.
Geninho deve estar na dúvida se faz marcação individual no Kaká. Pela posição, Fabinho seria o marcador. Prefiro a união da marcação por setor com a individual. Correr atrás do Kaká por todos os lados é desgastante e confuso. O meia deveria procurar também as jogadas nas costas dos laterais. Rogério avança e demora a voltar. É lento. Isso obrigaria o Fabinho ou um zagueiro sair do meio da área.
A discussões continuam sobre quem deveria ter a vantagem de jogar por dois empates ou uma vitória e uma derrota com a mesma diferença de gols. O texto do regulamento é confuso. Só o comitê executivo da Federação Paulista, formado pelo Eduardo José e o Farah, pode resolver o problema.
"As palavras não existem para enfeitar, e sim para dizer." (Graciliano Ramos)

Falta de ética
Enquanto o Fluminense disputa o título estadual, o seu principal jogador, Carlos Alberto, participa de amistosos pela seleção sub-20. É injusto.
O mais grave é a confirmação feita pelo Américo Faria, supervisor da CBF, que ele e o Enio Farias, coordenador das divisões de base da entidade, são sócios de um clube, o Grande Rio, que emprestou Carlos Alberto ao Fluminense. Grande Rio é clube de futebol ou escola de samba?
Essa dupla função é uma tremenda falta de ética. Se quiserem continuar com esse e outros negócios, os dois têm de pedir demissão da CBF, o que já deveriam ter feito há muito tempo.
Há no Brasil um grande número de pessoas que perderam as referências éticas. Fazem coisas, sem pensar, porque a maioria as faz. Não percebem o erro. É a cultura do jeitinho e da esperteza.

E-mail tostao.folha@uol.com.br

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