São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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AUTOMOBILISMO

Missão de médico contratado pela McLaren é repetir com finlandês trabalho feito com o antecessor Hakkinen

Raikkonen ganha "babá" para frear vodca

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG

Esqueça os 24.633 km rodados na pré-temporada, as promessas da Mercedes, a vantagem da Michelin sobre a Bridgestone. O grande trunfo da McLaren na luta pelo Mundial de F-1 é Aki Hintsa.
Profissão: médico. Missão: controlar a inclinação de Kimi Raikkonen pelo consumo de vodca.
Chefe do departamento de medicina esportiva do Comitê Olímpico Finlandês, Hintsa juntou-se à equipe neste mês, após ir aos Jogos de Inverno de Turim. A estréia ocorreu no GP do Bahrein.
Amanhã, estará em Sepang, no início dos treinos para a etapa da Malásia, a partir da 0h (com TV).
Oficialmente, a McLaren informa que sua missão é "melhorar e otimizar a condição física, a saúde, o bem-estar e os hábitos alimentares de toda a escuderia".
Na prática, porém, o médico tem como principal incumbência seguir Raikkonen. E controlá-lo.
O serviço não é novidade para Hintsa. Nos anos 90, ele já havia feito o mesmo papel. Seu alvo, na ocasião, era outro compatriota, Mika Hakkinen, que protagonizava bebedeiras históricas no paddock depois de suas vitórias.
Teve relativo sucesso: o piloto foi bicampeão em 98 e 99, mas caiu de produção em 2000. Deixou a F-1 em 2001, aos 33 anos.
Com Raikkonen, o trabalho deve ser um pouco mais complicado. Há cinco anos na categoria, ele já passou por vexames públicos.
Como em 2003, quando foi flagrado por um paparazzi dormindo bêbado numa calçada de Cancún, abraçado a um golfinho inflável cor-de-rosa. Ou em 2004, quando exibiu as nádegas para fotógrafos nas Ilhas Canárias.
Por essas e por outras, Hintsa recebeu carta-branca e adotou postura mais ostensiva, viajando com o time aos GPs. Com Hakkinen, acompanhava à distância.
Os finlandeses estão entre os maiores consumidores de álcool no mundo. Pesquisa feita pela União Européia em 2002 indicou a Finlândia como o país de menor índice de abstinência do bloco.
Uma estatal, Alko Oy, detém a exclusividade na comercialização e distribuição de vinhos e destilados e, para combater a concorrência estrangeira, recentemente reduziu em um terço o preço dos seus produtos. Em parte reflexo dessa decisão, o instituto Euromonitor, especialista em análises de mercado, estima crescimento anual de 5% no setor até 2009.
Hoje, o consumo anual per capita de cerveja e destilados na Finlândia é de 82,1 litros e 2 litros. O brasileiro bebe, em média, praticamente a metade: 48,6 e 1,2.
O pagamento da McLaren ao médico é visível para todos. Em troca por seus serviços, a equipe inscreveu, sobre as entradas de ar dos radiadores, a marca Direxiv, programa de condicionamento criado por Hintsa e que ele pretende divulgar mundo afora.
Embora não admita, a iniciativa pode ser encarada como tentativa de reconquistar Raikkonen após os problemas de motor do ano passado. O finlandês, com contrato até dezembro, interessa à Ferrari e terminou o último Mundial irritado: não fossem as quebras, provavelmente teria tirado o título das mãos de Fernando Alonso.


NA TV - Treinos do GP da Malásia, Sportv, à 0h e às 3h


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