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AUTOMOBILISMO
Missão de médico contratado pela McLaren é repetir com finlandês trabalho feito com o antecessor Hakkinen
Raikkonen ganha "babá" para frear vodca
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A SEPANG
Esqueça os 24.633 km rodados
na pré-temporada, as promessas
da Mercedes, a vantagem da Michelin sobre a Bridgestone. O
grande trunfo da McLaren na luta
pelo Mundial de F-1 é Aki Hintsa.
Profissão: médico. Missão: controlar a inclinação de Kimi Raikkonen pelo consumo de vodca.
Chefe do departamento de medicina esportiva do Comitê Olímpico Finlandês, Hintsa juntou-se
à equipe neste mês, após ir aos Jogos de Inverno de Turim. A estréia ocorreu no GP do Bahrein.
Amanhã, estará em Sepang, no
início dos treinos para a etapa da
Malásia, a partir da 0h (com TV).
Oficialmente, a McLaren informa que sua missão é "melhorar e
otimizar a condição física, a saúde, o bem-estar e os hábitos alimentares de toda a escuderia".
Na prática, porém, o médico
tem como principal incumbência
seguir Raikkonen. E controlá-lo.
O serviço não é novidade para
Hintsa. Nos anos 90, ele já havia
feito o mesmo papel. Seu alvo, na
ocasião, era outro compatriota,
Mika Hakkinen, que protagonizava bebedeiras históricas no
paddock depois de suas vitórias.
Teve relativo sucesso: o piloto
foi bicampeão em 98 e 99, mas
caiu de produção em 2000. Deixou a F-1 em 2001, aos 33 anos.
Com Raikkonen, o trabalho deve ser um pouco mais complicado. Há cinco anos na categoria, ele
já passou por vexames públicos.
Como em 2003, quando foi flagrado por um paparazzi dormindo bêbado numa calçada de Cancún, abraçado a um golfinho inflável cor-de-rosa. Ou em 2004,
quando exibiu as nádegas para fotógrafos nas Ilhas Canárias.
Por essas e por outras, Hintsa
recebeu carta-branca e adotou
postura mais ostensiva, viajando
com o time aos GPs. Com Hakkinen, acompanhava à distância.
Os finlandeses estão entre os
maiores consumidores de álcool
no mundo. Pesquisa feita pela
União Européia em 2002 indicou
a Finlândia como o país de menor
índice de abstinência do bloco.
Uma estatal, Alko Oy, detém a
exclusividade na comercialização
e distribuição de vinhos e destilados e, para combater a concorrência estrangeira, recentemente reduziu em um terço o preço dos
seus produtos. Em parte reflexo
dessa decisão, o instituto Euromonitor, especialista em análises
de mercado, estima crescimento
anual de 5% no setor até 2009.
Hoje, o consumo anual per capita de cerveja e destilados na Finlândia é de 82,1 litros e 2 litros. O
brasileiro bebe, em média, praticamente a metade: 48,6 e 1,2.
O pagamento da McLaren ao
médico é visível para todos. Em
troca por seus serviços, a equipe
inscreveu, sobre as entradas de ar
dos radiadores, a marca Direxiv,
programa de condicionamento
criado por Hintsa e que ele pretende divulgar mundo afora.
Embora não admita, a iniciativa
pode ser encarada como tentativa
de reconquistar Raikkonen após
os problemas de motor do ano
passado. O finlandês, com contrato até dezembro, interessa à Ferrari e terminou o último Mundial
irritado: não fossem as quebras,
provavelmente teria tirado o título das mãos de Fernando Alonso.
NA TV - Treinos do GP da
Malásia, Sportv, à 0h e às 3h
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