São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2007

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Brasil mira pódio, mas sonha com Pan

Time disputa Mundial de Desportos Aquáticos para quebrar tabu de 13 anos e ir com novo status ao Rio

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cabeça dos competidores alça sonhos ainda distantes. A inédita competição no Rio, em julho, é a chance de alcançar visibilidade jamais imaginada.
O status que irão ostentar na estréia no Pan, porém, começa a ser construído hoje, no Mundial de Desportos Aquáticos.
O Brasil que cairá nas piscinas e no mar de Melbourne desfruta de uma chance ímpar de pôr fim a um jejum de pódios que perdura desde 1994.
Na natação, a "nova" geração, mais rodada, compete embalada por uma série de bons resultados nos últimos meses.
Fora da piscina de 50 m, Poliana Okimoto, 24, é o destaque do time nas águas agitadas de Santa Kilda. Na bagagem, a atleta paulista carrega dois vices mundiais nos 5 km e 10 km da maratona aquática, provas que disputará na Austrália.
O desejo de competir no Pan, no entanto, pode ser um entrave para a busca por medalhas, que começa amanhã.
Hoje, o Brasil estréia com o dueto do nado sincronizado, que sonha estar na final. Haverá ainda disputas de saltos ornamentais e pólo aquático.
"O time brasileiro nunca competiu em Mundiais gerais, apenas em torneios só da modalidade [maratona]. A grande meta será a última seletiva para o Pan, em maio", diz Luiz Arapiraca, técnico da seleção.
Poliana também teve sua preparação afetada por lesões. Na Itália, na conquista dos vices mundiais, sofreu rompimento do tímpano. Depois, ficou parada por cinco meses devido a uma fratura no nariz.
"Mas ela está muito disposta", acredita Ricardo Cintra, também treinador do time.
A delegação brasileira em Melbourne terá 50 atletas, número inferior ao do Mundial que serviu de aquecimento para o Pan de Santo Domingo. Em 2003, 84 viajaram a Barcelona e saíram de mãos vazias.
Aquela geração, ainda novata, hoje ostenta novo status. César Cielo Filho, 19, é um exemplo. Em dezembro, cravou 48s61 nos 100 m livre, prova mais badalada da modalidade, e desbancou o recorde sul-americano de Fernando Scherer, um dos principais velocistas da história do país.
Com esse tempo, ficaria em quarto lugar no Mundial-2005 e nos Jogos de Atenas-2004.
"Nossa ambição é concretizar os novos valores. Não sei se vamos ao pódio, mas queremos ver quem tem condições disputando as medalhas de fato", diz o treinador Alberto Silva.
Segundo ele, o Pan é a principal preocupação de todos.
"Não há como tirar o Rio da cabeça. Ninguém se preparou para o Mundial sem pensar no Pan. Pouquíssimos já tiveram a chance de disputar um evento assim no Brasil. Todos vão buscar seu lugar ao sol", afirma.
Thiago Pereira é um deles. Recordista sul-americano dos 200 medley, tem chance de ir a finais, mas prioriza o Pan. No Rio, buscará o recorde de Gustavo Borges, que amealhou cinco pódios em Winnipeg-1999.
Não descarta, no entanto, tentar incomodar seu principal rival, Michael Phelps, americano favorito a garimpar todos os ouros que disputar no Mundial. "Ainda é difícil ganhar dele. Mas é um sonho", afirma.


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