São Paulo, segunda-feira, 16 de março de 2009

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO - pvc@uol.com.br

O cúmulo da polivalência

AOS 13MIN do primeiro tempo, Hernanes dominou na meia direita, na altura do meio-de-campo, e lançou. Um daqueles passes que, dizem, só Gérson sabia fazer. Mas que Hernanes fez também contra o América de Cáli, há dez dias. Na Colômbia, resultou em gol. Contra o Marília, Jorge Wagner chutou raspando a trave.
Mais 11 minutos, Hernanes dominou pela meia esquerda e arriscou o chute. Golaço!
Pergunte a Dunga qual a posição de Hernanes e ele dirá "volante", lembrando da Olimpíada de Pequim. Na Ásia, Hernanes foi primeiro volante e raras vezes jogou tão mal na carreira. Pergunte a Muricy Ramalho como Hernanes tem jogado, desde a reta de chegada do Brasileirão. Ele responderá: "Meia".
Não, Hernanes não jogou tão bem assim ontem, e nem o Marília é adversário tão forte para que o volante -digo, meia- mereça uma coluna inteira. A discussão é a convocação de Dunga para as partidas contra Equador e Peru.
Júlio Baptista fez os dois gols do empate por 2 a 2 da Roma com a Sampdoria, ontem, pelo Campeonato Italiano. Na quarta-feira, entrou aos 28min do primeiro tempo, no lugar do machucado Juan. Uma das mágoas de Júlio Baptista é ser chamado até hoje de volante, mesmo que tenha jogado como atacante e meia de ligação, no Sevilla, no Real Madrid, no Arsenal e na Roma. Júlio Baptista é o cúmulo da polivalência. Joga em todas: de atacante, de volante, como meia ou no banco.
Em nenhuma dessas posições mostra futebol para ter vaga cativa na seleção, tanto que não é titular em todos os jogos da Roma. Mas ele esteve em três das quatro convocações após a Olimpíada. Hernanes, em nenhuma.
Se a questão é jogar igualmente em duas posições do meio-de-campo, Hernanes joga. Júlio Baptista pode até ter cadeira cativa após os testes. Além de Hernanes, Ramires é outro que virou meia.
Se você, como Dunga, não prestou atenção à maneira como Hernanes tem atuado, olhe bem. O São Paulo, versão 2009, tem uma linha de cinco meio-campistas. Zé Luís na ala direita, Júnior César, na esquerda, Jean na cabeça-de-área... e dois meias. Hernanes e Jorge Wagner jogam lado a lado. E Hernanes é quem mais passes deu para gol no time.

SEM TRÊS ZAGUEIROS
Luxemburgo sempre disse que prefere jogar com dois zagueiros a ter três beques. Mas demorou 14 rodadas para fazer o óbvio no Palmeiras. Com Diego Souza como armador (e não atacante), é melhor mesmo ter dois zagueiros. Como armador, Diego Souza foi o melhor da vitória sobre o Barueri.

A ESTREIA
Uma rara ação e Fred marcou dois gols. A jogada do primeiro gol é a única qualidade do Fluminense, antes ou depois de Parreira. A cada três gols do Flu, um nasce de jogada de bola parada. O que sobra, depois de Parreira, é posse de bola. O time toca de um lado a outro. Até que chegue a hora de concluir.

É MEIA OU VOLANTE?
Há três, quatro anos, quando as partidas do Liverpool começaram a ser transmitidas no Brasil, havia quem perguntasse se Gerrard era meia ou volante. Ele jogava nas duas posições, de maneira igualmente competente. Contra o Manchester, Gerrard foi meia, com Lucas e Mascherano atrás de si. Mas joga também de volante, se for preciso. Na prática, Gerrard responde quando é chamado de craque. E joga em qualquer das duas posições.



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