São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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FUTEBOL

Às vésperas do Brasileiro, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo não sabem o que fazer com atletas encostados

"Micos" travam projeto de grandes de SP

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas do Brasileiro-04, que começa na próxima quarta-feira, os principais clubes paulistas se preocupam mais em ficar livres de uma série de jogadores do que em trazer reforços.
Na maioria dos casos, os desprezados foram contratados no começo do ano, não emplacaram e não têm para onde ir. A despesa com o salário desses atletas reduz mais a verba para negociar.
Trazer reforços sem ter se livrado desses "micos" significa aumentar indesejavelmente os custos das folhas de pagamento. Isso acaba por provocar um atraso na tentativa de novas aquisições.
Na lista estão os santistas Doni e Robson e os corintianos Régis e Adrianinho, além de outros jogadores que já estavam em seus times e não são mais aproveitados, como os palmeirenses Adãozinho, Claudecir e Marquinhos.
Os casos mais graves são os de Doni e Robson, contratados a pedido de Emerson Leão e barrados do time pela diretoria. O episódio quase custou a demissão do treinador, que reclamou da decisão.
Eles treinam enquanto o Santos tenta negociá-los. "Existia uma indisposição da torcida em relação ao Doni, por isso o tiramos para preservar sua imagem e integridade física", disse o diretor de futebol santista, Francisco Lopes.
Entre os grandes paulistas, o Corinthians é o que mais acumula atletas indesejados em seu elenco. Julinho, Adrianinho, Régis, Juliano e Samir treinam há quase um mês mesmo fora dos planos do técnico Oswaldo de Oliveira. De todos eles, apenas Adrianinho, uma única vez, balançou as redes.
Julinho chegou a ser desligado do grupo, mas passou a treinar com os outros excluídos depois por não ter conseguido negociar a sua transferência. Os dirigentes estão dispostos a liberar esses jogadores para outros clubes de graça, para se livrar dos salários.
Com os cinco afastados, o Corinthians, que não tem dinheiro para contratar, gasta mensalmente cerca de R$ 65 mil mensais.
"Se forem dispensar alguém mesmo, acho que não vão falar antes, senão o jogador deixa de treinar", disse Adrianinho, que nem atuou no jogo-treino dos reservas contra o Joseense, ontem.
Julinho e Régis foram os únicos dos afastados, que treinam com bola separadamente, a participar de parte do teste.
No Morumbi e no Parque Antarctica, a lista de indesejáveis é formada por atletas que já estavam no clube antes desta temporada. No São Paulo, a diretoria quer se livrar de Fábio Simplício, que ganha R$ 35 mil e pede R$ 80 mensais para renovar.
"Infelizmente, ele paga pelo estigma de atletas formados em casa, que não são valorizados", disse Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol são-paulino.
Caso mais complicado é o de Dill, que será devolvido pelo Botafogo-RJ. Os são-paulinos não querem ficar com o atacante, que ganha cerca de R$ 100 mil e teve passagem pífia pelo clube ao marcar apenas um gol em 2001.
No Palmeiras, o lateral Marquinhos e o volante Adãozinho estão na lista dos dispensáveis.
O primeiro, contratado no início de 2003 para ser a solução na ala esquerda, não se firmou. Já Adãozinho, que pediu alguns dias para poder "resolver a vida", teve sua situação complicada após o episódio das "baladas" na semana que antecedeu o segundo jogo das semifinais do Paulista. Apesar de ter sido visto numa casa noturna, o meia negou que esteve nela.
Porém a situação mais peculiar é a de Claudecir. O volante, que tinha contrato de empréstimo com o Kashima (Japão) até 2005, cumpriu apenas metade do acordo e agora voltou a treinar no clube.
"O Jair [Picerni] já disse que gostaria de contar comigo, mas o que está dificultando é que a diretoria não me esperava para este ano", disse o volante, que só voltou a receber salários neste mês.


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