São Paulo, domingo, 16 de abril de 2006

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FUTEBOL

Começou o melhor Brasileirão

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Começou ontem o que tem tudo para ser o melhor Campeonato Brasileiro da história, desde 1971.
O primeiro em pontos corridos com apenas 20 clubes.
Já não era sem tempo.
Há dois poréns: 1) a interrupção para a Copa do Mundo, que poderia ser evitada com a adequação de nosso calendário ao que se utiliza em quase todo o mundo; e 2) o possível excesso de rebaixados, nada menos que quatro.
Solucionar o primeiro problema é fácil e quem sabe até a próxima Copa a CBF se convença.
O segundo pode encontrar uma solução no confronto futuro entre os dois primeiros últimos da Série A com os terceiro e quarto colocados da Série B, garantindo-se vaga na primeira divisão só para os dois primeiros da Segundona.
De qualquer jeito, se não aparecer um Edilson Pereira de Carvalho pelo caminho, este Brasileirão promete.
Dos 20 competidores, meia dúzia deve lutar pelo título e não corre risco de rebaixamento.
São eles, por ordem alfabética: Corinthians (que achou um goleiro); Cruzeiro (se achar um técnico); Goiás (se mantiver a regularidade); Inter (que precisa se livrar do trauma na hora de decidir); Santos (com pelo menos o reforço de um artilheiro) e São Paulo (o maior favorito).
Sobram 14 e nada indica, hoje, que times como os do Atlético-PR, Grêmio, Palmeiras e Paraná Clube corram riscos.
Os dez restantes que se cuidem, embora o Fluminense ainda mereça um certo crédito.
Claro que este é um exercício de futurologia que os leitores guardam para depois brincar com o colunista.
Prever em futebol é um permanente convite ao fiasco.
E futurologia principalmente porque ninguém sabe o que acontecerá no período em que o campeonato estiver paralisado, providência que tem mais o sentido de concentrar as atenções dos torcedores e da imprensa na Copa do que outro qualquer.
Afinal, exceção feita ao Corinthians por causa de seus estrangeiros Mascherano e Tevez, que outro time brasileiro será muito desfalcado pela Copa?
Talvez bastasse tomar o cuidado de não marcar jogos para os dias em que a seleção brasileira atuasse. E já imaginou se ela volta na primeira fase (toc, toc, toc, bata na madeira)? Como será suportar a parada?
Ah, mas o Corinthians ainda deve ceder Gustavo Nery e Ricardinho, alguém argumentará. Nery é cada vez menos provável (CPI nele!) e Alex resolveria a segunda questão.
Mas o campeonato será interrompido e ponto.
Será disputadíssimo e, tomara, deverá atrair cada vez mais torcedores, motivados, diga-se, muito mais pela emoção da disputa que pelas estrelas, poucas, que restaram no país.
Para quem, há quase 30 anos, como este humilde escriba, luta por um campeonato nos moldes deste, não há como disfarçar a melhor das expectativas.
E o desejo de ter acertado os bons palpites e errado os maus. E o de que vença o melhor.

Jogões
Três partidas de hoje chamam mais a atenção, duas pelo confronto técnico, uma pela tradição. Esta, no estádio do Morumbi, entre São Paulo e Flamengo. Um time está cansado pela aventura em Cuzco, e o outro se encontra animado pela goleada na Copa do Brasil diante do fragílimo Guarani. O campeão mundial é favoritíssimo. No Olímpico, apesar da superioridade técnica do visitante, Grêmio x Corinthians, campeões da Série B e da A do Campeonato Brasileiro no ano passado, respectivamente, tem cara de empate, tão ao gosto gaúcho. Ironia será ver os colorados torcerem pelos diabolizados corintianos em 2005. E, no Serra Dourada, o mais promissor dos embates irá envolver o cada vez maior Goiás e o Santos, orgulho definitivamente recuperado neste século 21. Confronto de dois campeões estaduais, sem prognóstico porque a cota esgotou-se.

@ - blogdojuca@uol.com.br


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