São Paulo, sábado, 16 de abril de 2011

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Renault supera trauma e vira surpresa do Mundial

F-1 Chefe da equipe, Eric Boullier afirma que bom desempenho é "lucro'

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

Dois pódios em duas corridas completamente diferentes e com dois pilotos distintos (Nick Heidfeld e Vitali Petrov). Isso foi o suficiente para que a Renault mudasse seu status de promessa da pré-temporada para realidade no Mundial de F-1.
Afundada em uma enorme crise desde 2009, quando o escândalo da batida proposital de Nelsinho Piquet no GP de Cingapura de 2008 veio à tona e Fernando Alonso se transferiu para a Ferrari, o time começa a mostrar atuação compatível ao de uma equipe com dois troféus do Mundial de construtores.
Essa retomada se deve, em grande parte, a Eric Boullier, 37, chefe da Renault desde o ano passado. Sem experiência nenhuma na F-1, levou o time a três pódios em 2010.
No início do ano, quando as coisas pareciam se encaminhar para um bom Mundial, houve o acidente com Robert Kubica em um rali. Duramente criticado, Boullier fez o time manter o foco. "Não vou reclamar, tudo que conseguirmos é lucro".
disse o francês à Folha no escritório da Renault em Xangai, onde na próxima madrugada, às 4h (de Brasília), acontece o GP da China.

 


Folha - Qual a importância do bom começo de ano após tudo o que ocorreu no inverno?
Eric Boullier
- Somos competidores e temos que ter mais atenção com nosso moral do que uma empresa normal. As pessoas estão prontas para trabalhar duro para você porque amam o esporte. O melhor que se pode dar em troca são pódios e vitórias. Não tenha dúvida de que foi um belo incentivo após o acidente com Robert [Kubica].


Com que frequência fala com Kubica? Ele tem visto os dados da equipe?
Não falo com ele há duas semanas devido ao fuso horário, mas temos nos falado por SMS. Sei que ele fala bastante com seu engenheiro, mas nada muito específico.

Você foi muito criticado por ter permitido que ele participasse daquele rali...
Sim, e vou ser mais cuidadoso no futuro sobre que tipo de rali um piloto pode disputar. Mas ele precisava desse estilo de vida para ir bem. Se você o pusesse entre quatro paredes, ele enlouqueceria. Robert passou sua vida correndo e precisava disso.

Mesmo com dois reservas com experiência na F-1, Bruno Senna e Romain Grosjean, você escolheu alguém de fora do time, Nick Heidfeld...
A razão para ter escolhido um piloto mais experiente foi para desenvolvermos o carro nos testes de inverno. Agora que estamos disputando o campeonato, temos novas partes frequentemente, mas o mais crítico para manter o desenvolvimento era antes de começar a temporada.

O que o Bruno trouxe?
Ele trouxe frescor. Por causa da sua vontade de voltar a correr logo, ele é muito exigente com o time, está sempre perguntando e envolvido. É muito ativo na equipe, sempre está interessado em ver os dados, falando com outros pilotos. Bruno é muito maduro e profissional.

Vê um futuro próximo para ele na Renault?
Não sei, na F-1 é difícil prever as coisas. Certamente o Nick não vai ficar aqui por mais dez anos, e precisamos começar a desenvolver jovens para o futuro. Conheço o Bruno desde a GP2, ele é bom, rápido. Testou conosco e foi muito bem, impressionou-nos. Certamente, durante o ano, ele terá mais chances. Aí vamos ver se ele pode se desenvolver e se podemos confiar nele para o futuro.

Você assumiu o time em um momento complicado...
Foi um desafio para mim. Talvez tenha sido a hora certa pelo fato de o time estar em mau momento e piorando. Mas achei que era um grande desafio e tive que abrir mão da minha vida nos últimos meses para ter certeza de que posso ajudar o time.

Chegou a ter medo?
Talvez um pouco, mas, nesta altura da minha vida, quando te oferecem uma oportunidade como essa, ou eu recusava de cara ou aceitava e dava tudo que eu podia. Você pode até falhar, mas tem que dar tudo de si. Acho que era o momento certo, e aqui estamos.


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