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FUTEBOL
Jogadores, que têm pouco tempo de adaptação, dizem que produto criado para o Mundial é muito leve e grande
Bola da Copa traz dor de cabeça à seleção
FÁBIO VICTOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BARCELONA
Além do curtíssimo tempo de
preparação para a Copa, o menor
da história, dos desfalques no início dos treinos e dos jogadores em
condições incertas para a disputa
do Mundial, a seleção ganhou
mais um problema: a bola que será usada na competição.
Escolhida pela Fifa como a bola
oficial da Copa, a Adidas Fevernova é uma novidade para a maioria
dos jogadores da seleção e foi criticada por boa parte deles.
A preocupação não recai apenas
sobre as características da bola,
considerada muito leve e grande,
mas também se deve ao pouco
tempo que o time terá para se
adaptar a ela -faltam 18 dias para a estréia brasileira no Mundial,
3 de junho, diante da Turquia.
"A bola não é muito boa. É muito leve e um pouco grande. Particularmente, não gostei", disse
Edílson, que teve seu primeiro
contato com a Fevernova anteontem. Para o atacante, o costume
com os gramados brasileiros
-normalmente mais altos e secos que os europeus e asiáticos-
torna a sensação mais estranha.
"Os campos brasileiros prendem a bola. Aqui ela corre muito,
ainda mais pela leveza."
O meia-atacante Rivaldo, recuperando-se de contusão, deu apenas leves toques no objeto da polêmica, mas o suficiente para traçar seu diagnóstico. "Ela é muito
leve. Vai dificultar mais para os
goleiros. Quando os atacantes
chutarem, e a bola for forte ao gol,
não será fácil de defender porque
ela desvia bem", afirmou.
O goleiro Rogério confirmou o
receio do colega. Exímio batedor
de faltas, ele declarou que, com a
nova bola, prefere a segunda função. "Ela é mais gostosa para
quem chuta do que para quem
defende, pois pega uma velocidade grande. É maior e mais leve do
que as que estamos acostumados.
Vamos ter que nos adaptar nos
próximos dias para chegar à Copa
com total controle sobre ela."
Marcos, seu colega de posição,
disse que há, também no Brasil,
bolas velozes como a do Mundial,
mas com uma diferença crucial.
"A responsabilidade de errar num
jogo no Brasil por um desvio da
bola é muito diferente de você errar num jogo de Copa."
Por isso, declarou o titular do
gol da seleção, o time treinou
exaustivamente ontem e anteontem chutes de fora da área. "Vamos fazer tudo para nos adaptarmos o mais rápido possível."
Os poucos atletas que já experimentaram a Fevernova, na Europeu, alertam, entretanto, que esse
processo não será fácil para todos.
"Já joguei neste ano com ela no
Campeonato Francês. Aqueles
que têm dificuldade para se adaptar vão ter problemas. São principalmente os que estão ali na frente
do gol, que para chutar têm que
calcular a força e a velocidade da
bola. Para o goleiro também, às
vezes a bola sai variando muito",
afirmou o zagueiro Edmílson.
O atacante Denílson foi uma
voz isolada entre os 17 jogadores
da seleção que estão em Barcelona. "Não vejo problema nenhum.
Para mim está bom."
Nos dois dias de treinos com
bola no miniestádio do Barcelona, a falta de intimidade com a
nova bola pôde ser constatada em
alguns lances bisonhos, como
chutes para a arquibancada (protagonizados principalmente por
Ronaldo e Kaká), furadas (Edílson, em treino de ontem) e cruzamentos muito tortos (num lance
desses, com o lateral Júnior, o técnico Scolari comentou: "Desaprendeu, foi?").
A Adidas, parceira da Fifa e concorrente da Nike, patrocinadora
da seleção, informou que gastou
sete anos e cerca de R$ 1 milhão
para desenvolver a Fevernova. A
empresa diz que, apesar de ser
mais potente e rápida, a bola
mantém o peso recomendado pela Fifa (430 gramas).
Lançada especialmente para a
Copa-2002, ela foi batizada com
uma palavra que, para a Adidas,
define o espírito de um Mundial:
"fever", em inglês, é febre; nova é
uma estrela de cintilação intensa,
mas intermitente.
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