São Paulo, quarta-feira, 16 de maio de 2007

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RÉGIS ANDAKU

Sozinho contra o resto

Saltos na carreira mostram que não convém subestimar Federer nas horas difíceis, sem técnico e aparentemente só

PETER CARTER deixou Roger Federer no meio do caminho. O australiano era o treinador do tenista suíço quando morreu em um acidente de carro, em agosto de 2002. A fase ali não era das melhores (derrotas na estréia em Wimbledon, no Masters Series de Toronto, no Masters Series de Cincinnati, só oitavas-de-final no Aberto dos EUA).
Mas o "choque" acabou levando Federer a repensar o que fazia naquele período longo de dificuldades. Sozinho, ele mesmo contou depois, conseguiu dar mais rumo à sua carreira, e o título do Torneio de Viena, em outubro daquele ano, foi dedicado a Carter. Com ele, Federer ganhou mais caráter, perseverança, atitude e esportividade. Melhorou. No ano seguinte, outro treinador seguiu Federer. O cabeludo Peter Lundgren já era um dos mais badalados treinadores quando trabalhou com o suíço. Não demorou, e Federer levantou seu primeiro troféu de Grand Slam, em Wimbledon-2003.
A relação com Lundgren também não durou muito. Seis meses após o primeiro Grand Slam, veio a separação. Mas também com Lundgren Federer exibiu melhoras. Ganhou mais consistência, mais força mental, variedade de golpes e facilidade de adaptação aos pisos do circuito. Já habituado a viver sozinho pelo mundo, Federer surpreendeu a todos quando, em 2005, fechou com Tony Roche acordo para que este o acompanhasse por alguns torneios.
Como os outros técnicos, Roche, experiente, campeão, ajudou o jogo de Federer. O suíço ganhou confiança nas subidas à rede (e ele já tinha muita) e conheceu a lógica de um canhoto, apesar de, nesse período, ter ficado freguês de Rafael Nadal. Agora, nova surpresa. Ao anunciar o fim da relação com Roche, Federer volta a ficar sozinho. Certamente aprendeu ainda mais a se virar. Novamente passará por um período de afirmação. Justamente no momento em que se tanto se fala do fracasso de Federer no saibro -aliás, é possível falar em fracasso por não ganhar um título em quatro torneios?
Mas convém não subestimar Federer ou achar que, em sua solidão, ele fica menor. O suíço já mostrou que o que aprende com os mentores não fica para trás. Pelo contrário: é nos momentos seguintes às separações que ele cresce, dá um salto. Pode ser agora, em condição aparentemente desfavorável, no saibro, vindo de uma série de derrotas e contra o superfavorito Nadal. Não duvido.

Goiás
Rola até domingo, em Rio Quente, a nona edição do Tennis Classic Rio Quente Resort, campeonato da série future que reúne alguns dos melhores juvenis brasileiros.

Bélgica
Esta coluna falhou na semana passada ao dizer que o país de Kim Clijsters não tem tradição em nenhuma modalidade esportiva. Leitores atentos lembram do ciclista Eddy Merckx e do piloto Jack Ickx.

reandaku@uol.com.br


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