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Palco de vídeo racista é a 1ª casa do Brasil
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As cicatrizes do apartheid, o
regime de segregação racial sul--africano que perdurou por décadas e acabou há pouco mais
de dez anos, ainda não foram
fechadas. E a seleção brasileira
irá encontrar uma delas na sua
primeira casa na Copa das Confederações, no próximo mês.
A Fifa indicou a University of
the Free State, em Bloemfontein, sede do primeiro jogo do
time de Dunga na competição,
contra o Egito, no dia 15 de junho, como local de treinos da
equipe nacional -segundo a
entidade, essa deve ser a casa
brasileira obrigatoriamente
por até quatro dias.
A universidade, que tem mais
de cem anos de vida, foi palco
no ano passado de um episódio
que despertou a ira dos negros
e causou onda de protestos. Isso depois que alunos brancos
produziram um vídeo, que acabou vazando e virando público,
em que funcionários negros de
uma residência estudantil (para brancos) são humilhados em
uma espécie de trote.
Além de uma narração com
frases racistas, os negros sofrem humilhações como a de
um estudante branco que urina
numa tigela de sopa e depois a
oferece ao funcionário negro.
Os responsáveis pelo vídeo
foram expulsos, mas isso não
acabou com o clima tenso na
universidade, que tem 15 mil
alunos negros e 10 mil brancos,
e a integração entre eles está
longe de ser algo comum -nos
refeitórios, não é praxe mesas
serem divididas por estudantes
brancos e negros.
Com instalações amplas e
modernas, isso em uma cidade
com cerca de 600 mil habitantes, a University of the Free
State irá receber, depois do
Brasil, a seleção espanhola,
atual campeã europeia.
No site da instituição, só a recepção aos espanhóis já é citada, e comemorada. "Estamos
honrados de hospedar um
grande time na nossa universidade e orgulhosos da nossa estrutura", disse James Letuka,
diretor de esportes da University of the Free State.
Depois de enfrentar o Egito
em Bloemfontein, o Brasil viaja
para Centurion, cidade vizinha
a Pretória, onde o time de Dunga irá enfrentar EUA e Itália.
Em Centurion, onde a participação da população branca é
praticamente o dobro da média
nacional, a seleção vai treinar
em um complexo em que acontecem torneios de críquete.
Tanto em Bloemfontein como em Centurion o Brasil vai
ficar hospedado em hotéis que,
apesar de estarem entre os melhores de suas regiões, não são
do padrão elevado do qual a seleção costuma usufruir.
A Fifa foi quem fez a indicação final sobre os locais de treinamento e hotéis para a Copa
das Confederações, mas parte
do estafe da CBF, incluindo
Jorginho, o principal auxiliar
de Dunga, esteve na África do
Sul para observar as instalações
e dar o aval para a entidade
mundial fazer suas escolhas.
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