São Paulo, domingo, 16 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

guia de sobrevivência

África só é segura sem aventura

Fifa e governo sul-africano dizem que só quem sair de "bolhas de segurança" vai correr riscos na Copa

Baseados em estatísticas, estudiosos da violência local dizem que risco de acontecer algo sério com estrangeiros é pequeno

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

Controle o instinto aventureiro. Permaneça próximo à "bolha" de segurança, a ser criada perto de estádios, hotéis e restaurantes. E o fundamental: não faça nada que você não faria no Rio ou em São Paulo.
Fifa, governo sul-africano e estudiosos da violência no país concordam que essas três regras gerais serão suficientes para o turista manter-se seguro durante a Copa do Mundo.
Os índices de criminalidade assustam, e com bom motivo. Sob qualquer ponto de vista, a África do Sul é um dos países mais violentos do mundo. Mas há maneiras de qualificar essa realidade. "Cerca de 85% dos crimes cometidos na África do Sul ocorrem entre pessoas que se conhecem. Estrangeiros são raramente o alvo", afirma Yvette Geyer, pesquisadora ligada ao Instituto para Democracia na África do Sul.
O número de assassinatos, assaltos e sequestros caiu com relação ao pico da insegurança, nos primeiros anos do século (a exceção são crimes sexuais, que ainda intrigam especialistas).
O índice de homicídios na Província de Gauteng, onde ficam Johannesburgo e Pretória (37 por 100 mil habitantes), é hoje parecido com o do Rio (31 por 100 mil). E menor que o de algumas capitais nordestinas.
A queda na criminalidade sul-africana é resultado principalmente de grandes investimentos em policiamento e da inclusão de jovens no mercado de trabalho desde o fim do apartheid, em 1994. Durante a Copa, 44 mil policiais estarão dedicados exclusivamente à segurança dos jogos, blindando as rotas mais utilizadas pelos turistas. Nesses pontos, a criminalidade tende a ser mínima.
"Ninguém será atacado apenas porque colocou o pé fora do hotel", afirma David Bruce, pesquisador do Centro para Estudo da Violência e Reconciliação. "A menos que você aja de maneira aventureira e irresponsável, você não tem com o que se preocupar", diz.
Henri Boshoff, analista do Instituto de Estudos de Segurança, vai mais longe: "Turistas não devem ir aonde não precisam ir", declara.
Traduzindo em situações concretas, não é uma boa ideia passear sozinho em favelas ou bairros afastados, andar pelos decadentes centros das grandes cidades ou por áreas isoladas durante a noite.
Os interessados em tours culturais nas famosas "townships" sul-africanas -como o Soweto (Johannesburgo) ou Cape Flats (Cidade do Cabo)- não devem evitar o passeio, mas sempre fazê-lo na companhia de um guia. Várias agências organizam visitas.
A imagem de um país totalmente conflagrado também é falsa. A criminalidade está concentrada em certas cidades. Das sedes da Copa do Mundo, três merecem atenção especial -pela ordem, Johannesburgo, Durban e Cidade do Cabo. Ainda assim, a violência está em alguns bairros, regiões e horários. Outras sedes, como Port Elizabeth, Bloemfontein e Nelspruit são em geral seguras.
Outro problema é a proximidade entre áreas seguras e perigosas. Em Johannesburgo, o bairro barra-pesada de Alexandra, por exemplo, está separado do distrito de Sandton, onde fica a maioria dos hotéis, apenas por uma via expressa.
"É importante sempre pedir informação aos moradores locais antes de ir a algum lugar. O mais provável é que os turistas acabem ficando até cautelosos demais na Copa", diz Bruce.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.