São Paulo, domingo, 16 de maio de 2010

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Espanha decide qual é o caminho para o título

Líder com um ponto a mais, o Barcelona, formado na base, enfrenta o Valladolid

Com investimento pesado em contratações, o Real Madrid precisa vencer o Málaga, fora de casa, e torce por tropeço do rival catalão

ROBERTO DIAS
EM BARCELONA

Os 505 km que separam Madri e Barcelona não contam toda a distância entre os clubes que buscam hoje o mais longínquo título espanhol já visto.
Longínquo porque nunca alguém teve que ir tão longe para ser campeão: em qualquer outro ano, qualquer dos dois já teria chegado à taça com a pontuação que tem. E chegado por caminhos que talvez nunca tenham sido tão distintos.
O Real Madrid tomou a via expressa. Gastou mais de R$ 400 milhões, sendo R$ 260 milhões na contratação mais cara da história do futebol, a do português Cristiano Ronaldo.
"Graças a esses investimentos, o Real fatura mais que qualquer clube do mundo", diz seu presidente, Florentino Pérez.
Já o Barcelona consagrou pela primeira vez como melhor do mundo um atleta (Messi) da sua base, há anos sua aposta.
Uma diferença de modelo que se refletiu agora nas listas das 32 seleções para a Copa.
Foram chamados dez nomes do Real -mas só um revelado em casa. Já o Barça tem nove jogadores criados na "cantera" entre seus 14 convocados.
Na conta do Barça não entra o espanhol Fàbregas, que com 11 anos já defendia a camisa azul-grená e hoje veste a do Arsenal. O meia, por sinal, se vê entre a artilharia milionária do Real, que nunca deixou de caçá--lo, e a vontade de jogar com Messi e Piqué, companheiros de adolescência no time catalão. E opta assim: "Se saio do Arsenal, vou para o Barça".
A fábrica de onde saiu Fàbregas nada tem de pequena. São mais de 400 jogadores, em 12 times, os mais novos com oito anos. A maioria é recrutada por olheiros em equipes da Catalunha, as chamadas "penyas", às quais o Barça doa entradas para conquistar de vez os garotos.
Os escolhidos treinam em Sant Joan Despí, próximo a Barcelona. São acostumados desde cedo a dar entrevistas -um treinamento, porém, restrito à TV oficial do clube.
Jogam sempre nos sistemas táticos mais comuns no time principal, o 4-3-3 e o 3-4-3. "Trabalhamos para que não tenham problema de adaptação", diz Victor Sánchez, técnico do time de jogadores de 15 anos.
Os cerca de 50 garotos que não são da cidade vivem na Masia. Foi ali que morou Guardiola -em uma de suas biografias, o hoje treinador relata o que ouviu ao chegar ali, aos 13 anos: "Cada dia que você se levantar e abrir a janela, o primeiro que vai ver é o Camp Nou".
Assim como Guardiola é o exemplo redondo da filosofia do Barça de fazer tudo em casa, a situação do seu colega de Madri reflete a opção do clube.
Ainda que o chileno Manuel Pellegrini possa dar o título ao Real, o nome da vez é o do português José Mourinho, da Inter. Outra vez o clube teria que ir fundo no cofre: a rescisão do treinador em Milão é de 16 milhões. Mas a especulação ajuda a entender o Real. Já se discute quem seria contratado para satisfazer o novo técnico.
"Se põe um Mourinho aqui no Barça, todo o trabalho se perde", diz Antonio Ledesma, que há décadas acompanha os times de base do clube.
O último passo da corrida entre os dois modelos será dado a partir das 14h (de Brasília). Após se alternarem oito vezes na liderança, o Barcelona chega ao último jogo um ponto à frente do Real (96 a 95).
O time catalão enfrenta, em casa, o Valladolid. O Real precisa vencer o Málaga, fora, e torcer para que o rival não vença.
Os dois pegam adversários que lutam contra o rebaixamento. Assim como na disputa do título, a parte inferior desta tabela não é nada comum: desde o começo dos anos 90 não se chegava ao último dia sem que ninguém já tivesse tomado o caminho da segunda divisão.


NA TV - Barcelona x Valladolid
ESPN, ao vivo, às 14h




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