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Espanha decide qual é o caminho para o título
Líder com um ponto a mais, o Barcelona, formado na base, enfrenta o Valladolid
Com investimento pesado em contratações, o Real Madrid precisa vencer o Málaga, fora de casa, e torce por tropeço do rival catalão
ROBERTO DIAS
EM BARCELONA
Os 505 km que separam Madri e Barcelona não contam toda a distância entre os clubes
que buscam hoje o mais longínquo título espanhol já visto.
Longínquo porque nunca alguém teve que ir tão longe para
ser campeão: em qualquer outro ano, qualquer dos dois já teria chegado à taça com a pontuação que tem. E chegado por
caminhos que talvez nunca tenham sido tão distintos.
O Real Madrid tomou a via
expressa. Gastou mais de R$
400 milhões, sendo R$ 260 milhões na contratação mais cara
da história do futebol, a do português Cristiano Ronaldo.
"Graças a esses investimentos, o Real fatura mais que qualquer clube do mundo", diz seu
presidente, Florentino Pérez.
Já o Barcelona consagrou pela primeira vez como melhor do
mundo um atleta (Messi) da
sua base, há anos sua aposta.
Uma diferença de modelo
que se refletiu agora nas listas
das 32 seleções para a Copa.
Foram chamados dez nomes
do Real -mas só um revelado
em casa. Já o Barça tem nove
jogadores criados na "cantera"
entre seus 14 convocados.
Na conta do Barça não entra
o espanhol Fàbregas, que com
11 anos já defendia a camisa
azul-grená e hoje veste a do Arsenal. O meia, por sinal, se vê
entre a artilharia milionária do
Real, que nunca deixou de caçá--lo, e a vontade de jogar com
Messi e Piqué, companheiros
de adolescência no time catalão. E opta assim: "Se saio do
Arsenal, vou para o Barça".
A fábrica de onde saiu Fàbregas nada tem de pequena. São
mais de 400 jogadores, em 12
times, os mais novos com oito
anos. A maioria é recrutada por
olheiros em equipes da Catalunha, as chamadas "penyas", às
quais o Barça doa entradas para
conquistar de vez os garotos.
Os escolhidos treinam em
Sant Joan Despí, próximo a
Barcelona. São acostumados
desde cedo a dar entrevistas
-um treinamento, porém, restrito à TV oficial do clube.
Jogam sempre nos sistemas
táticos mais comuns no time
principal, o 4-3-3 e o 3-4-3.
"Trabalhamos para que não tenham problema de adaptação",
diz Victor Sánchez, técnico do
time de jogadores de 15 anos.
Os cerca de 50 garotos que
não são da cidade vivem na Masia. Foi ali que morou Guardiola -em uma de suas biografias,
o hoje treinador relata o que
ouviu ao chegar ali, aos 13 anos:
"Cada dia que você se levantar e
abrir a janela, o primeiro que
vai ver é o Camp Nou".
Assim como Guardiola é o
exemplo redondo da filosofia
do Barça de fazer tudo em casa,
a situação do seu colega de Madri reflete a opção do clube.
Ainda que o chileno Manuel
Pellegrini possa dar o título ao
Real, o nome da vez é o do português José Mourinho, da Inter. Outra vez o clube teria que
ir fundo no cofre: a rescisão do
treinador em Milão é de 16
milhões. Mas a especulação
ajuda a entender o Real. Já se
discute quem seria contratado
para satisfazer o novo técnico.
"Se põe um Mourinho aqui
no Barça, todo o trabalho se
perde", diz Antonio Ledesma,
que há décadas acompanha os
times de base do clube.
O último passo da corrida
entre os dois modelos será dado a partir das 14h (de Brasília).
Após se alternarem oito vezes
na liderança, o Barcelona chega
ao último jogo um ponto à
frente do Real (96 a 95).
O time catalão enfrenta, em
casa, o Valladolid. O Real precisa vencer o Málaga, fora, e torcer para que o rival não vença.
Os dois pegam adversários
que lutam contra o rebaixamento. Assim como na disputa
do título, a parte inferior desta
tabela não é nada comum: desde o começo dos anos 90 não se
chegava ao último dia sem que
ninguém já tivesse tomado o
caminho da segunda divisão.
NA TV - Barcelona x Valladolid
ESPN, ao vivo, às 14h
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