Rejeitado, meia do Santos revela que se deixou levar pelo campanha nacional em torno de seu nome e responde a Dunga

Após boa atuação contra o Grêmio, Ganso afirma que técnico da seleção errou ao dizer que ele foi reserva durante Mundial sub-20

Douglas Aby Saber/Fotoarena/Folhapress

O meia do Santos Paulo Henrique Ganso, que enfrenta o Ceará nesta tarde na Vila Belmiro, pela segunda rodada do Brasileiro

LUCAS REIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Henrique Ganso está se reerguendo. Após o baque de ter ficado de fora da Copa do Mundo -ele admite que a sua própria expectativa era muito grande-, o camisa 10 do Santos passou horas em total desolação até entrar em campo contra o Grêmio pela Copa do Brasil e brilhar.
Dos três gols do Santos na derrota por 4 a 3, ele deu assistência para dois. Fez o que vem fazendo sempre nesta temporada: comandou o time e mostrou maturidade. Nem de longe parecia o garoto deprimido que se encolheu na poltrona do voo que o levou a Porto Alegre.
Na tarde daquela última terça-feira, Ganso pouco falou; no avião, pediu desculpas à Folha, que estava no mesmo voo, mas preferiu não comentar a decisão de Dunga em rejeitá-lo. Na sexta-feira, por telefone, nitidamente mais tranquilo, Ganso, que estará em campo hoje, contra o Ceará, pela segunda rodada do Brasileiro, conversou com a reportagem.
Falou de sua tristeza e posterior consolo por ter figurado na lista dos sete suplentes de Dunga, admitiu que se deixou envolver pela euforia da população, celebridades e mídia e corrigiu o treinador da seleção: disse que, foi sim, titular no Mundial sub-20, no Egito, em que o Brasil perdeu de Gana.

 

FOLHA - Você ficou muito abatido por não ter sido convocado...
PAULO HENRIQUE GANSO - Não estava abatido, mas triste por meu nome não estar na lista dos 23. Mas fiquei feliz depois, quando soube que estava na lista dos sete.

FOLHA - Foi isso que te animou e fez você jogar bem contra o Grêmio? Ou foi uma resposta ao Dunga?
GANSO - Não, não. Eu apenas mantive a minha regularidade. Graças a Deus venho jogando bem e foi também assim naquela partida. Apenas procurei jogar meu futebol.

FOLHA - Era nítido que sua expectativa era muito grande. Você tinha certeza de que seria convocado?
GANSO - Todo mundo estava dizendo que, tanto eu quanto o Neymar, iríamos para a Copa. Acho que foi por isso [que criou expectativas]. A população brasileira, a imprensa, muita gente vinha falando de nós dois o tempo todo. Pena que a gente não foi. Mas a nossa hora vai chegar, tenho certeza disso.

FOLHA - Você já se imaginava dentro de campo, jogando a Copa?
GANSO - Eu cheguei a sonhar que fazia um gol na Copa.

FOLHA - O gol do título?
GANSO - Não sei se era na final, só lembro que sonhei que estava em campo pelo Brasil, era a Copa e eu fazia um gol. Nem precisaria ser na final, fazer gol em Copa já é demais.

FOLHA - E o que achou das explicações do Dunga sobre sua ausência?
GANSO - Ele disse que eu fui reserva na seleção sub-20 [em 2009], mas foi o contrário. Fui titular em todas as partidas. Mas acho que, por não conquistar o título, ficou essa impressão negativa.

FOLHA - Não teme que esta sua resposta ao Dunga possa atrapalhá-lo no futuro?
GANSO - Não, não. Apenas falei a verdade. Fui titular em todos os jogos da seleção.

FOLHA - Você se enxerga como o futuro camisa 10 do Brasil?
GANSO - Prefiro deixar isso para os treinadores e pensar no meu clube agora. Estou construindo meu trabalho e procurando jogar bem e vencer. Sobre isso, prefiro deixar a opinião com os treinadores.


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