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ATLETISMO
Envolvidos em escândalos de drogas estão entre os que mais lucraram
Doping tira medalhas, mas não esvazia bolso de atletas
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os escândalos de doping que
abalaram o atletismo em 2003 tiraram do circuito internacional
figuras importantes, mas não serviram para diminuir a conta bancária de quem foi suspenso.
Entre os 15 atletas mais premiados do masculino e do feminino
no ano passado, aparecem seis
competidores suspensos por doping ou que respondem a acusações de uso de drogas proibidas.
O ranking dos mais recompensados por seu desempenho na
pista foi feito por um site especializado (www.trackprofile.com).
O caso mais escandaloso é o de
Kelli White, 27. Campeã dos 100
m e dos 200 m no Mundial de Paris, a americana perdeu suas medalhas ao ter antidoping positivo
para o estimulante modafinil.
No mês passado, a velocista
confessou o uso de outras substâncias proibidas, como THG e
EPO, e foi suspensa por dois anos.
Mais: a Agência Antidoping dos
EUA também anulou suas marcas
desde 15 de dezembro de 2000.
Mesmo assim, White aparece
em quarto lugar na lista das atletas que mais lucraram no ano passado (US$ 304.856). Procurada
para comentar o assunto, a velocista não quis se pronunciar.
"A última coisa que Kelli pensa
neste momento é dar entrevista.
Ela precisa de paz e tempo", afirmou Robert Wagner, seu agente.
Pela regra da Iaaf, entidade que
comanda o atletismo, os competidores só podem receber o prêmio
após a divulgação do resultado do
antidoping. "Além disso, é preciso que o atleta tenha passado por
ao menos dois testes fora de competição no último ano", diz Nick
Davies, porta-voz da federação,
que afirma que alguns punidos
por doping, como Dwain Chambers, terão que devolver dinheiro.
Porém a própria Iaaf reconhece
que sua regra não é muito seguida. "O problema são os meetings
independentes, como o de Moscou. Se eles já deram o dinheiro,
como recebê-lo de volta? Nós
controlamos a premiação só nos
eventos da Iaaf", destaca Davies.
A situação já causa revolta nos
atletas que deixaram de lucrar por
causa das fraudes alheias. Paula
Radcliffe, 30, detentora da melhor
marca da história da maratona, é
uma das mais críticas. "Os fraudadores não estão só roubando os
promotores da competição, mas
também os adversários que ficaram atrás deles. Além disso, iludem o público com um resultado
forjado", disse à Folha a inglesa.
Para ela, a Iaaf ainda é permissiva. "As punições deveriam ser
mais severas. A fraude não pode
ser recompensada", reclamou.
Kelly Holmes, 19ª mais premiada de 2003, compartilha da revolta de sua compatriota. A meio-fundista perdeu o ouro por um
segundo para Regina Jacobs no
Mundial indoor de Birmingham-03. Três meses depois, a americana teve exame positivo para o novo esteróide anabólico THG.
"Se um atleta foi pego no antidoping em um ano, tudo o que a
pessoa fez naquele período deveria ser colocado sob suspeita",
afirmou Holmes, pedindo a destituição da medalha da rival.
Preocupados, os organizadores
da Liga de Ouro, que reúne seis
etapas e concede prêmios de US$
1 milhão aos atletas, vetaram a
presença de Marion Jones e Tim
Montgomery no evento. As duas
maiores estrelas do atletismo dos
EUA, que nunca tiveram teste positivo, são suspeitas de doping.
"Não os queremos", disse Svein
Hansen, organizador da etapa de
Bergen (Noruega), que abriu o
evento, na semana passada.
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