São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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Tradição inglesa bate Trinidad

A oito minutos do fim, britânicos superam dura retranca de ex-colônia, que havia segurado a Suécia

Vitória por 2 a 0 garante classificação à segunda fase; torcida também comemora estréia do atacante Rooney, recuperado de contusão


RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A NUREMBERG

Trinidad e Tobago deveria ser o destaque deste texto. E, de certa forma, ainda é. Mais sete minutinhos e o menor país que já disputou uma Copa (5.128 km2) teria empatado com a pátria-mãe do futebol, a Inglaterra. A maior surpresa da Copa caiu pela primeira vez, por 2 a 0, mas valorizou muito a classificação inglesa para as oitavas.
"Estamos desapontados. Não porque perdemos o jogo, mas porque faltavam poucos minutos para o final da partida quando sofremos o gol", disse o técnico Leo Beenhakker, holandês que dirige Trinidad.
O sistema defensivo da equipe da Concacaf, que já havia segurado um 0 a 0 com dez homens diante da Suécia, funcionava bem até os 37min do segundo tempo. Crouch aproveitou cruzamento de Beckham e abriu o placar. Os trinitários reclamaram de falta do grandalhão de 1,98 m em Sancho nesse lance, mas reconheceram a superioridade do adversário. "A maior parte do tempo, o jogo esteve nas mãos da Inglaterra. Não há dúvida de que mereceram", disse Beenhakker.
A Inglaterra não fazia gol em segundo tempo em Copas desde a primeira fase do Mundial de 1998. A esperança era a primeira etapa, quem sabe até uma goleada rápida. Mas o oponente jogava com garra e com o conhecimento do adversário -seis titulares de Trinidad atuam no futebol inglês.
"É difícil jogar contra um time que tem os 11 jogadores atrás da linha da bola. Criamos chances, e fiquei feliz pela forma como terminamos o jogo. Estou satisfeito com o resultado e com a nossa posição [líder do Grupo B, já classificado]", afirmou o meia Beckham, eleito o melhor da partida.
Os atletas de Trinidad e Tobago, nas entrevistas após o jogo, mostravam certo abatimento, mas estavam cientes de que atuaram bem no jogo mais importante da história do país. "Somos um país de cerca de 1 milhão de habitantes. E enfrentamos um país grande e com muita tradição. Estamos orgulhosos por um lado, mas desapontados. Não estou feliz", disse Birchall, jogador que nasceu na Inglaterra, onde atua na terceira divisão, e aceitou convite para jogar pelo país de sua mãe -é o primeiro branco a defender a seleção em 60 anos.
O segundo gol da Inglaterra veio só nos acréscimos. Gerrard soltou uma bomba no ângulo direito de Shaka Hislop, goleiro do clube inglês West Ham, que foi acionado quase todo o jogo devido aos insistentes chuveirinhos ingleses.
Afora os gols, os ingleses vibraram muito com a estréia do atacante Rooney, que entrou aos 13min do segundo tempo, visivelmente sem ritmo de jogo. "Primeiro de tudo, estou muito feliz por Rooney estar bem. Claro que ele não está 100%, mas foi muito bem", disse o treinador Sven-Göran Eriksson. Rooney sofreu uma fratura no pé recentemente e sua participação na Copa chegou a ser colocada em dúvida.
"Queremos vencer o nosso grupo. Faz tempo que não vencemos a Suécia [37 anos]. Vamos tentar desta vez", afirmou Eriksson, que é sueco e enfrentará seu país natal pela segunda Copa seguida pelo English Team. Em 2002, o jogo terminou empatado em 1 a 1.


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