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Tradição inglesa bate Trinidad
A oito minutos do fim, britânicos superam dura retranca de ex-colônia, que havia segurado a Suécia
Vitória por 2 a 0 garante classificação à segunda fase; torcida também comemora estréia do atacante Rooney, recuperado de contusão
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A NUREMBERG
Trinidad e Tobago deveria
ser o destaque deste texto. E, de
certa forma, ainda é. Mais sete
minutinhos e o menor país que
já disputou uma Copa (5.128
km2) teria empatado com a pátria-mãe do futebol, a Inglaterra. A maior surpresa da Copa
caiu pela primeira vez, por 2 a
0, mas valorizou muito a classificação inglesa para as oitavas.
"Estamos desapontados.
Não porque perdemos o jogo,
mas porque faltavam poucos
minutos para o final da partida
quando sofremos o gol", disse o
técnico Leo Beenhakker, holandês que dirige Trinidad.
O sistema defensivo da equipe da Concacaf, que já havia segurado um 0 a 0 com dez homens diante da Suécia, funcionava bem até os 37min do segundo tempo. Crouch aproveitou cruzamento de Beckham e
abriu o placar. Os trinitários reclamaram de falta do grandalhão de 1,98 m em Sancho nesse lance, mas reconheceram a
superioridade do adversário.
"A maior parte do tempo, o jogo esteve nas mãos da Inglaterra. Não há dúvida de que mereceram", disse Beenhakker.
A Inglaterra não fazia gol em
segundo tempo em Copas desde a primeira fase do Mundial
de 1998. A esperança era a primeira etapa, quem sabe até
uma goleada rápida. Mas o
oponente jogava com garra e
com o conhecimento do adversário -seis titulares de Trinidad atuam no futebol inglês.
"É difícil jogar contra um time que tem os 11 jogadores
atrás da linha da bola. Criamos
chances, e fiquei feliz pela forma como terminamos o jogo.
Estou satisfeito com o resultado e com a nossa posição [líder
do Grupo B, já classificado]",
afirmou o meia Beckham, eleito o melhor da partida.
Os atletas de Trinidad e Tobago, nas entrevistas após o jogo, mostravam certo abatimento, mas estavam cientes de que
atuaram bem no jogo mais importante da história do país.
"Somos um país de cerca de 1
milhão de habitantes. E enfrentamos um país grande e
com muita tradição. Estamos
orgulhosos por um lado, mas
desapontados. Não estou feliz",
disse Birchall, jogador que nasceu na Inglaterra, onde atua na
terceira divisão, e aceitou convite para jogar pelo país de sua
mãe -é o primeiro branco a
defender a seleção em 60 anos.
O segundo gol da Inglaterra
veio só nos acréscimos. Gerrard soltou uma bomba no ângulo direito de Shaka Hislop,
goleiro do clube inglês West
Ham, que foi acionado quase
todo o jogo devido aos insistentes chuveirinhos ingleses.
Afora os gols, os ingleses vibraram muito com a estréia do
atacante Rooney, que entrou
aos 13min do segundo tempo,
visivelmente sem ritmo de jogo. "Primeiro de tudo, estou
muito feliz por Rooney estar
bem. Claro que ele não está
100%, mas foi muito bem", disse o treinador Sven-Göran
Eriksson. Rooney sofreu uma
fratura no pé recentemente e
sua participação na Copa chegou a ser colocada em dúvida.
"Queremos vencer o nosso
grupo. Faz tempo que não vencemos a Suécia [37 anos]. Vamos tentar desta vez", afirmou
Eriksson, que é sueco e enfrentará seu país natal pela segunda
Copa seguida pelo English
Team. Em 2002, o jogo terminou empatado em 1 a 1.
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