Coincidências, que vão desde uniforme até estilo de jogo, marcam o confronto com a Costa do Marfim

ENVIADO ESPECIAL A NUREMBERG

A Holanda vai enfrentar hoje em Stuttgart, às 13h (de Brasília), uma espécie de clone africano. A Costa do Marfim demonstra uma série de afinidades com a tradicional equipe laranja, a começar do uniforme.
Hoje, os europeus vão todos de laranja, e os africanos, de branco. Será o primeiro duelo em Copas entre times que têm a cor abóbora como principal.
"Será uma grande atmosfera. Todo mundo na torcida vai estar vestindo laranja", afirmou Koné, atacante africano, que aponta ainda outras coincidências entre as duas seleções.
"Como a Costa do Marfim, a Holanda tem um time bem jovem, mas com alguns jogadores experientes, como o Van Nistelrooy e o Cocu", disse Koné.
O estilo das equipes é bem semelhante. Na estréia, ambos os times chutaram 17 vezes a gols e viram 11 finalizações contra a sua meta. Isso mostra a vocação ofensiva das duas equipes, experts em dribles -a Costa do Marfim é a seleção que mais driblou na rodada inaugural (33), e a Holanda está em terceiro lugar nesse ranking (22 dribles), segundo os números do Datafolha.
Estão entre os times com menos bolas perdidas (28 pela Holanda e 30 pela Costa do Marfim), sofrem o mesmo número de faltas (15) e atuam muito pelas pontas -se os holandeses têm dois ponteiros no ataque, os africanos executam 28 cruzamentos por jogos (é o quinto time que mais usa o artifício no Mundial).
Drogba e Robben, as maiores estrelas dos dois times na atualidade, jogam no Chelsea e estão entre os maiores finalizadores da Copa de 2006. O centroavante da Costa do Marfim arriscou seis finalizações na estréia (quarto que mais chutou a gol), e o canhoto holandês tentou nove vezes o gol, sendo o líder em finalizações.
As ligações têm até história familiar. Por pouco Salomon Kalou, nascido na Costa do Marfim, não defendeu a Holanda na Copa -o tribunal de Roterdã negou pedido do atacante para obter cidadania holandesa para jogar o Mundial.
"Eu sei que ele realmente queria jogar a Copa pela Holanda", afirmou Van Basten, o técnico que contava com Kalou.
Bonaventure Kalou, irmão de Salomon, que já defendeu o holandês Feyenoord e que tentou levar o mano para a seleção marfinense, diz bem o que é o jogo de hoje para a sua família. "Vai ser estranho enfrentar o meu país adotivo. Será uma emoção muito forte", afirmou.
Os dois times jamais se cruzaram. Os holandeses enfrentaram duas vezes africanos em Copas: empataram com o Egito em 1990, na Itália (1 a 1), e bateram o Marrocos em 1994, nos Estados Unidos (2 a 1).
(RODRIGO BUENO)