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Dunga tem companhia na rispidez
Por diferentes razões, técnicos de Brasil e Coreia destilam mau humor
DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO
De um lado, a "memória
de elefante" de Dunga. De
outro, o "esquecimento" do
norte-coreano Kim Jong-
-hun. Após o jogo no Ellis
Park, os treinadores, como
era esperado, foram ríspidos
com a imprensa. Cada qual
por suas próprias razões.
Dunga, como de costume,
deu suas respostas atravessadas -até quando foi questionado sobre a boa partida
feita por Robinho.
"Ele tem uma versatilidade muito grande, sabe jogar
em diversas posições. A gente tem conversado sobre isso.
E estou muito feliz com o
crescimento dele", disse
Dunga, antes de atacar.
"No ano passado, ninguém queria ele, quando estava no Manchester City. O
problema é que eu tenho memória de elefante", declarou,
irônico, o técnico brasileiro,
ao se referir ao atacante que,
no segundo tempo, assumiu
a função de Kaká, após o camisa 10 ter sido substituído.
Para Dunga, o time atuou
tão bem quanto a Alemanha
na segunda etapa do jogo
contra a Coreia do Norte. Os
alemães, em sua estreia nesta Copa, no domingo, golearam a Austrália por 4 a 0.
"Acho que todas as seleções aqui [no Mundial] têm
que jogar com eficiência. A
Alemanha fez um placar dilatado, mas o Brasil fez uma
partida boa", falou Dunga.
"[O time] não tinha pego o
mecanismo no primeiro tempo, não estava veloz na troca
de passes, mas, no segundo,
fez uma partida boa", frisou.
Mas logo foi questionado
sobre sua avaliação. Ouviu
que o time não jogou bem
contra a Coreia do Norte e
não conseguiu fazer saldo de
gols, o que pode ajudar a definir as posições do grupo.
Ficou irritado. "A gente
não pode prever o que vai
acontecer. Agora, temos que
ver a Coreia jogar contra os
outros. E, se ninguém falhar,
vai ser 0 a 0. Tivemos capacidade e criatividade", respondeu, citando novamente a dificuldade em enfrentar rivais
fechados, o calcanhar de
Aquiles da seleção.
ORGULHO COREANO
E põe fechado nisso. Fechado em todos os sentidos.
Kim Jong-hun, com um time
fraco, armou quase que "perfeitamente" seu sistema defensivo. No final, se disse "orgulhoso" de seus atletas.
E certamente orgulhou o
"grande líder" Kim Jong-il.
O técnico asiático seguiu a
cartilha de uma verdadeira
ditadura e fez que não sabia
quando questionado sobre
algumas questões de seu
país, que tem o regime mais
fechado do mundo. "O jogo
foi exibido ao vivo pela TV?",
"Seu jogador [Jong] Tae-se
chorou na hora do hino?",
"Você se interessa pelo próximo jogo da Coreia do Sul?"
"Para alcançar o nosso objetivo, teremos de ganhar os
próximos jogos. Mas não
posso revelar nada", disse
ele, em mais uma de suas respostas evasivas.
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO
COBOS E SÉRGIO RANGEL)
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