São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2010

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Dunga tem companhia na rispidez

Por diferentes razões, técnicos de Brasil e Coreia destilam mau humor

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

De um lado, a "memória de elefante" de Dunga. De outro, o "esquecimento" do norte-coreano Kim Jong- -hun. Após o jogo no Ellis Park, os treinadores, como era esperado, foram ríspidos com a imprensa. Cada qual por suas próprias razões.
Dunga, como de costume, deu suas respostas atravessadas -até quando foi questionado sobre a boa partida feita por Robinho.
"Ele tem uma versatilidade muito grande, sabe jogar em diversas posições. A gente tem conversado sobre isso. E estou muito feliz com o crescimento dele", disse Dunga, antes de atacar.
"No ano passado, ninguém queria ele, quando estava no Manchester City. O problema é que eu tenho memória de elefante", declarou, irônico, o técnico brasileiro, ao se referir ao atacante que, no segundo tempo, assumiu a função de Kaká, após o camisa 10 ter sido substituído.
Para Dunga, o time atuou tão bem quanto a Alemanha na segunda etapa do jogo contra a Coreia do Norte. Os alemães, em sua estreia nesta Copa, no domingo, golearam a Austrália por 4 a 0.
"Acho que todas as seleções aqui [no Mundial] têm que jogar com eficiência. A Alemanha fez um placar dilatado, mas o Brasil fez uma partida boa", falou Dunga.
"[O time] não tinha pego o mecanismo no primeiro tempo, não estava veloz na troca de passes, mas, no segundo, fez uma partida boa", frisou.
Mas logo foi questionado sobre sua avaliação. Ouviu que o time não jogou bem contra a Coreia do Norte e não conseguiu fazer saldo de gols, o que pode ajudar a definir as posições do grupo.
Ficou irritado. "A gente não pode prever o que vai acontecer. Agora, temos que ver a Coreia jogar contra os outros. E, se ninguém falhar, vai ser 0 a 0. Tivemos capacidade e criatividade", respondeu, citando novamente a dificuldade em enfrentar rivais fechados, o calcanhar de Aquiles da seleção.

ORGULHO COREANO
E põe fechado nisso. Fechado em todos os sentidos. Kim Jong-hun, com um time fraco, armou quase que "perfeitamente" seu sistema defensivo. No final, se disse "orgulhoso" de seus atletas.
E certamente orgulhou o "grande líder" Kim Jong-il.
O técnico asiático seguiu a cartilha de uma verdadeira ditadura e fez que não sabia quando questionado sobre algumas questões de seu país, que tem o regime mais fechado do mundo. "O jogo foi exibido ao vivo pela TV?", "Seu jogador [Jong] Tae-se chorou na hora do hino?", "Você se interessa pelo próximo jogo da Coreia do Sul?"
"Para alcançar o nosso objetivo, teremos de ganhar os próximos jogos. Mas não posso revelar nada", disse ele, em mais uma de suas respostas evasivas.
(EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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