São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2011

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Treinador fatura com bolsa de atleta

CICLISMO
Ciclista aposentado no final de 2010 recebe R$ 1,85 mil/mês de programa do Ministério do Esporte


DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

Emerson Francisco da Silva, 33, é treinador da seleção brasileira de ciclismo de pista e um dos contemplados pelo programa Bolsa Atleta, do Ministério do Esporte.
Entretanto Emerson não preenche um requisito básico para ter direito à bolsa governamental: ser atleta.
Já foi, mas só até o ano passado, quando recebeu o convite para ingressar no corpo técnico da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo).
Para o ministério, contudo, Emerson ainda é atleta e se enquadra na categoria "internacional", o que lhe rende R$ 1.850 mensais, assim como ocorre com os demais 573 atletas nesta categoria.
Os nomes foram divulgados em portaria publicada no dia 22 de março. Neste ano, o governo investe R$ 57 milhões no programa.
O ex-ciclista, hoje treinador da seleção, entrou em uma brecha no processo de seleção para o Bolsa Atleta. Ele recebe pelos resultados obtidos nas pistas em 2009.
Os atletas que buscam o benefício fazem o pedido da bolsa no meio do ano e têm de comprovar os resultados conseguidos no ano anterior -de janeiro a dezembro.
Os dados são, então, analisados pelo ministério, que só divulga os contemplados no início do ano seguinte.
Ou seja, há uma diferença de mais de um ano entre o desempenho nas competições e o depósito da verba na conta do atleta contemplado.
Emerson fez o pedido ao ministério no ano passado, apresentou os resultados de 2009 e teve o benefício concedido neste ano.
Não é o primeiro problema dessa natureza pelo qual passa o programa, um dos carros-chefes do ministério chefiado por Orlando Silva Jr.
Em março, a Folha mostrou que o catarinense José Alessandro Bagio, atleta da marcha atlética, foi escolhido para receber R$ 2.500 mesmo tendo sido flagrado em exame antidoping com esteroides em dezembro do ano passado.
O ministério informou que é de responsabilidade das confederações informar à pasta quais são os atletas aptos para receber o dinheiro. O marchador foi excluído do programa e suspenso por dois anos pela Confederação Brasileira de Atletismo.
O ciclismo teve caso semelhante. Clemilda Fernandes, da categoria mountain bike, foi punida por doping, mas não teve seu caso divulgado. A confederação não informou ao ministério que a esportista não poderia receber a bolsa-atleta.
Segundo a pasta, a confederação admitiu ter cometido "erro administrativo", e a ciclista foi obrigada a devolver R$ 68 mil ao governo, valor das 28 parcelas recebidas do programa desde 2009.
Ocultação de casos de doping e omissão na divulgação de nomes de dopados são suspeitas que recaem sobre a CBC desde maio.
Segundo a UCI (União Ciclística Internacional), ciclistas flagrados em exames da entidade em eventos fora do país não foram punidos.
A UCI afirmou que ocorreram 11 casos assim. A CBC disse que os flagrados foram punidos e seus nomes, publicados em seu site.


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