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Candidatura com falhas claras não tirou Copa da África do Sul
Fifa apontou erros no orçamento africano; rombo foi coberto por governo
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A seis meses de lançar oficialmente a candidatura brasileira
à Copa de 2014 e pressionados
pela Fifa, a CBF e o governo federal têm motivos para se tranqüilizar se levarem em conta o
processo de escolha da África
do Sul para 2010.
Mas, caso se repita o caso
africano, os cofres públicos
brasileiros terão de ser abertos.
Em 2004, a África do Sul
apresentou proposta definitiva
com lacunas no planejamento
financeiro do Mundial. Esses
erros foram apontados pelo
grupo de inspeção da Fifa, que,
mesmo assim, classificou como
"excelente" a candidatura.
Os buracos no orçamento estão sendo cobertos com dinheiro público. O governo tem aumentado seus gastos.
"Os planos não são suficientes e precisam de mais detalhes. É preciso revisá-los antes
da escolha", afirmou o relatório
do grupo de inspetores da Fifa.
"Não foi possível entender como o orçamento foi obtido."
No total, o comitê de candidatura da África do Sul previa
gastar US$ 476 milhões (R$ 1
bilhão), com infra-estrutura,
estádios, segurança, hotelaria,
entre outros.
E havia a estimativa de renda
de US$ 541 milhões (R$ 1,2 bilhão), a maior parte com ingressos. Isso permitiria um superávit da competição, o que
não aconteceu em Mundiais.
Só que havia problemas nas
estimativas das receitas e das
despesas declaradas. O grupo
de inspeção, por exemplo,
apontava que "não recebeu informações de como os estádios
seriam financiados".
Só no início deste ano o governo da África do Sul informou que destinaria US$ 1,1 bilhão (R$ 2,2 bilhões) para o
Mundial. Cerca de US$ 700 milhões (R$ 1,5 bilhão) serão só
com estádios. A candidatura
africana de 2004 previa gastos
de um sexto deste valor.
Mesmo assim, foi cortado o
número de estádios do Mundial, de 13 para 10, com o objetivo de reduzir custos.
Na sua inspeção, a Fifa identificava só três estádios prontos
para a Copa. Cinco precisavam
ser reformados. E outros teriam de ser construídos. Agora,
os organizadores terão de fazer
cinco novas praças.
A Fifa ainda criticou a política do país para ingressos: entendiam que os preços estipulados eram altos. Assim, a receita do Mundial era superestimada, diziam os inspetores.
Os inspetores da Fifa ainda
apontaram a falta de segurança
do país. Dizem que a polícia tinha plano de impedir violência
só nos lugares com eventos.
As estruturas de hotelaria,
transporte e telefonia foram
elogiadas pela Fifa. Mesmo assim, todos tiveram investimentos posteriores do governo.
Em 2004, apenas 15 dias após
as críticas dos inspetores, o Comitê Executivo da Fifa escolheu a África do Sul para sediar
o Mundial de 2010.
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