São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007

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Promoção de absorvente "lota" Estados Unidos x Venezuela

Choque de países no futebol atrai apenas 40 pessoas ao campo do time de Zico

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Quando Júlio Baptista fez o primeiro gol do Brasil na final da Copa América, as equipes de EUA e Venezuela iniciaram seu embate no Pan. Espalhadas nos três pequenos lances de arquibancada do Centro de Futebol Zico, cerca de 40 pessoas testemunharam 90 minutos de pouco respeito à bola, sendo que a Folha não conseguiu encontrar 20 que tivessem comprado ingressos. Não fosse a promoção de um absorvente íntimo, o público ainda teria sido ainda menor, para a tristeza dos mosquitos borrachudos.
O professor de educação física Rafael Pereira da Silva, 41, conseguiu dois ingressos comprando um pacote num supermercado. "Depois, lembrei que não uso absorvente e dei a ela", disse, apontando para a namorada, arrastada para o programa atroz. "Se eu dissesse que iria ver esse jogo, ela não acreditaria. Então, teve que vir."
Mesmo vestidos com camisas do Brasil, o funcionário público Cesar Omena, 51, e sua mulher, Kariny, preferiram usar os dois ingressos conquistados na aquisição do absorvente a ver Robinho e cia. na TV. "Foi por curiosidade. Mas, se dessem um lanche, teria mais público", sugeriu.
O espírito de sobrevivência foi mais forte do que o esportivo, e os dois casais citados acima abandonaram o CFZ no intervalo -nem viram os gols que deram aos norte-americanos a vitória por 2 a 1 no jogo apitado por Heber Roberto Lopes.
Fernando Martinez, 31, continuou. Afinal, ele é um dos autores do site "Jogos Perdidos", dedicado a pelejas entre times pequenos de São Paulo. "Pago R$ 20 para ver jogo na rua Javari [campo do Juventus]. Aqui, por R$ 5, estou vendo uma partida internacional", empolgou-se ele, já ansioso por ver Jamaica x Haiti na próxima semana.
Também pagantes, o engenheiro Marcelo Cozzolino, 42, e a contadora Regina Monteiro, 41, foram com um objetivo claro: torcer pela Venezuela. "O Bush só não invadiu a Venezuela porque a Guerra do Iraque não deu certo", afirmou Cozzolino, dizendo-se admirador do governo venezuelano, e não do presidente Hugo Chávez.
"Isto é só um jogo", desconversou Arístides Ramon Infante Silvera, coronel da Força Aérea da Venezuela, que está há dez meses no Brasil fazendo um curso. De camisa da seleção de seu país, ele lamentava, durante a preliminar (Jamaica 1 x 0 Colômbia), que fosse ver os dois jogos pela grade, pois a bilheteria informava não ter ingressos para vender, apesar de o estádio estar quase vazio.
"Sou o único torcedor venezuelano aqui e não posso entrar. É inacreditável", disse, com humor. Mas acabou conseguindo entrar junto com a delegação venezuelana.


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