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Promoção de absorvente "lota" Estados Unidos x Venezuela
Choque de países no futebol atrai apenas 40 pessoas ao campo do time de Zico
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Quando Júlio Baptista fez o
primeiro gol do Brasil na final
da Copa América, as equipes de
EUA e Venezuela iniciaram seu
embate no Pan. Espalhadas nos
três pequenos lances de arquibancada do Centro de Futebol
Zico, cerca de 40 pessoas testemunharam 90 minutos de pouco respeito à bola, sendo que a
Folha não conseguiu encontrar 20 que tivessem comprado
ingressos. Não fosse a promoção de um absorvente íntimo, o
público ainda teria sido ainda
menor, para a tristeza dos mosquitos borrachudos.
O professor de educação física Rafael Pereira da Silva, 41,
conseguiu dois ingressos comprando um pacote num supermercado. "Depois, lembrei que
não uso absorvente e dei a ela",
disse, apontando para a namorada, arrastada para o programa atroz. "Se eu dissesse que
iria ver esse jogo, ela não acreditaria. Então, teve que vir."
Mesmo vestidos com camisas do Brasil, o funcionário público Cesar Omena, 51, e sua
mulher, Kariny, preferiram
usar os dois ingressos conquistados na aquisição do absorvente a ver Robinho e cia. na
TV. "Foi por curiosidade. Mas,
se dessem um lanche, teria
mais público", sugeriu.
O espírito de sobrevivência
foi mais forte do que o esportivo, e os dois casais citados acima abandonaram o CFZ no intervalo -nem viram os gols que
deram aos norte-americanos a
vitória por 2 a 1 no jogo apitado
por Heber Roberto Lopes.
Fernando Martinez, 31, continuou. Afinal, ele é um dos autores do site "Jogos Perdidos",
dedicado a pelejas entre times
pequenos de São Paulo. "Pago
R$ 20 para ver jogo na rua Javari [campo do Juventus]. Aqui,
por R$ 5, estou vendo uma partida internacional", empolgou-se ele, já ansioso por ver Jamaica x Haiti na próxima semana.
Também pagantes, o engenheiro Marcelo Cozzolino, 42,
e a contadora Regina Monteiro,
41, foram com um objetivo claro: torcer pela Venezuela. "O
Bush só não invadiu a Venezuela porque a Guerra do Iraque
não deu certo", afirmou Cozzolino, dizendo-se admirador do
governo venezuelano, e não do
presidente Hugo Chávez.
"Isto é só um jogo", desconversou Arístides Ramon Infante Silvera, coronel da Força Aérea da Venezuela, que está há
dez meses no Brasil fazendo
um curso. De camisa da seleção
de seu país, ele lamentava, durante a preliminar (Jamaica 1 x
0 Colômbia), que fosse ver os
dois jogos pela grade, pois a bilheteria informava não ter ingressos para vender, apesar de
o estádio estar quase vazio.
"Sou o único torcedor venezuelano aqui e não posso entrar. É inacreditável", disse,
com humor. Mas acabou conseguindo entrar junto com a
delegação venezuelana.
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