São Paulo, sábado, 16 de julho de 2011

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Verba pública move nanicos no Nacional

SÉRIES C/D
Governo banca clubes nas menores divisões do Brasileiro


ADRIANO WILKSON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Turbinados com dinheiro vindo dos cofres públicos, 60 clubes começam hoje a disputar as divisões mais baixas do Campeonato Brasileiro.
A maior dificuldade será financeira, já que a CBF não repassa verba aos times. Com pouco apoio empresarial e renda de bilheteria, cartolas batem na porta do governo.
Entre os 20 times da terceira divisão e os 40 da quarta, muitos partiram em busca de ajuda estatal para a disputa pelo acesso, que vai até o fim do ano. Os quatro melhores de cada série sobem de divisão. Os quatro últimos da Série C caem para a Série D.
No Acre, por exemplo, o governo estadual desembolsará R$ 750 mil até o fim das competições, divididos entre Rio Branco, na Série C, e Plácido de Castro, na Série D.
O Guarany, atual campeão da quarta divisão, terá R$ 650 mil do governo do Ceará e da Prefeitura de Sobral.
No Rio Grande do Norte, o governo está prestes a firmar contrato de patrocínio de R$ 525 mil com três clubes potiguares nas divisões menores.
O Ministério Público Estadual, porém, recomendará que o repasse aos clubes seja suspenso. E pode entrar com ação por improbidade administrativa contra o governo, conforme declarou à Folha o promotor Sílvio Brito.
"O patrocínio tem motivação política. Só serve para angariar simpatias com os torcedores dos clubes. É um voto barato que o gestor pode comprar", disse o promotor.
O governo potiguar justifica o repasse. Afirma se tratar de um investimento na divulgação do Estado, que será uma das sedes da Copa-2014.
Em troca do dinheiro público, América, Alecrim e Santa Cruz terão estampado em seus uniformes o nome do Estado e da capital, Natal.
A Emprotur (empresa estadual de turismo) contesta o promotor. "Consigo provar que é um investimento vantajoso", declarou Caio Magno, diretor de marketing da Emprotur. "Para cada real que o Estado investe em divulgação, voltam dez."
Mas, para o governo acriano, o repasse de dinheiro público é uma forma de "salvar" o futebol do Estado.
"Os clubes aqui não conseguem sobreviver sozinhos. A ideia é que, aos poucos, eles cortem esse cordão umbilical [com o governo] e cresçam", disse Mauro de Deus, secretário-adjunto de Esporte.
As longas distâncias e a dificuldade de transporte na Amazônia são apontadas como responsáveis por aumentar os gastos dos times.
Os próprios cartolas concordam que a dependência do governo não é a situação ideal. Reclamam, porém, de que o setor privado não tem interesse em apoiar o futebol.
A dificuldade leva equipes a abdicar da disputa. Rondônia e Roraima, por exemplo, não terão representantes no Nacional. Os times desses Estados desistiram por não terem condições de se manter.


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