UOL


São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Seleção feminina de futebol bate Canadá na morte súbita e ganha 26º ouro do país, superando a marca de Winnipeg

Gol de ouro cumpre última meta do COB

DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

Foi com a seleção feminina de futebol que o Brasil chegou ontem à 26ª medalha de ouro no Pan de Santo Domingo. Com ela, bateu o número de títulos obtidos em 1999 nos Jogos de Winnipeg -foram 25 ouros no Canadá.
Ironicamente, o feito foi atingido pelo esporte dirigido pelo maior desafeto do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. A seleção medalha de ouro é mantida pela CBF, presidida por Ricardo Teixeira, que vive às turras com o COB e nem iria mandar o time masculino ao Pan (só o fez por pressão do governo federal).
Dirigida por Paulo Gonçalves, a equipe não jogou bem e venceu as canadenses apenas na morte súbita, com um gol de Cristiane, conhecida como Zoinho, que marcou a 1min da prorrogação.
No tempo regulamentar, a partida havia terminado empatada em 1 a 1. "Meu time não foi nem sombra do que poderia ser. As atletas estavam nervosas. Elas ficaram muito ansiosas à noite, ainda mais quando o jogo foi adiado", explicou o treinador, em referência à forte chuva que caiu em Santo Domingo, impedindo que a partida acontecesse anteontem.
A volante Formiga concordou com o técnico. "Vacilamos um pouco. É aquela velha história do futebol brasileiro. O jogo parece fácil, e a gente dá uma relaxada. Mas na hora em que acorda, decide a partida", analisou ela.
Autora do primeiro gol brasileiro, aos 43min do primeiro tempo, Formiga espera que, com a vitória, a estrutura do futebol feminino no país melhore um pouco.
"Sei que é sempre a mesma ladainha, mas precisamos crescer. Vamos ver se, com o ouro, a mulherada fica mais estimulada."
Cristiane, que atuou apenas dois minutos e fez o gol decisivo, também acha que falta muito para o esporte deslanchar no país. "Primeiro lugar existe o fator financeiro. Quase não existem equipes no Brasil. Então, você tem que chegar à seleção para sobreviver", disse a atacante, que contou que a diária para quem defendeu a seleção foi de R$ 30.
"E é com esse dinheirinho que a gente sobrevive", completou.
Já o Canadá, que ficou com a medalha de prata, tem uma realidade bastante diferente.
Kristina, autora do gol canadense, marcado de falta, aos 20min da segunda etapa, contou que há dez times profissionais no país e que o salário médio das jogadoras é de cerca de US$ 2.500 por mês.
"É pena que no Brasil não seja assim. Se fosse, o futebol feminino poderia ser tão forte quanto o masculino", disse ela, que é fã do atacante brasileiro Ronaldo.
Após o ouro, a seleção parte para uma competição mais importante e complicada. No próximo mês, disputa a Copa do Mundo feminina, nos EUA. (EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)


Texto Anterior: Atletismo: Pivô de disputa no atletismo corre na Europa
Próximo Texto: Só 73 torcedores acompanham a final feminina
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.