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Seleção feminina de futebol bate Canadá na morte súbita e ganha 26º ouro do país, superando a marca de Winnipeg
Gol de ouro cumpre última meta do COB
DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO
Foi com a seleção feminina de
futebol que o Brasil chegou ontem
à 26ª medalha de ouro no Pan de
Santo Domingo. Com ela, bateu o
número de títulos obtidos em
1999 nos Jogos de Winnipeg -foram 25 ouros no Canadá.
Ironicamente, o feito foi atingido pelo esporte dirigido pelo
maior desafeto do presidente do
Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. A seleção
medalha de ouro é mantida pela
CBF, presidida por Ricardo Teixeira, que vive às turras com o
COB e nem iria mandar o time
masculino ao Pan (só o fez por
pressão do governo federal).
Dirigida por Paulo Gonçalves, a
equipe não jogou bem e venceu as
canadenses apenas na morte súbita, com um gol de Cristiane, conhecida como Zoinho, que marcou a 1min da prorrogação.
No tempo regulamentar, a partida havia terminado empatada
em 1 a 1. "Meu time não foi nem
sombra do que poderia ser. As
atletas estavam nervosas. Elas ficaram muito ansiosas à noite, ainda mais quando o jogo foi adiado", explicou o treinador, em referência à forte chuva que caiu em
Santo Domingo, impedindo que a
partida acontecesse anteontem.
A volante Formiga concordou
com o técnico. "Vacilamos um
pouco. É aquela velha história do
futebol brasileiro. O jogo parece
fácil, e a gente dá uma relaxada.
Mas na hora em que acorda, decide a partida", analisou ela.
Autora do primeiro gol brasileiro, aos 43min do primeiro tempo,
Formiga espera que, com a vitória, a estrutura do futebol feminino no país melhore um pouco.
"Sei que é sempre a mesma ladainha, mas precisamos crescer.
Vamos ver se, com o ouro, a mulherada fica mais estimulada."
Cristiane, que atuou apenas
dois minutos e fez o gol decisivo,
também acha que falta muito para o esporte deslanchar no país.
"Primeiro lugar existe o fator financeiro. Quase não existem
equipes no Brasil. Então, você tem
que chegar à seleção para sobreviver", disse a atacante, que contou
que a diária para quem defendeu
a seleção foi de R$ 30.
"E é com esse dinheirinho que a
gente sobrevive", completou.
Já o Canadá, que ficou com a
medalha de prata, tem uma realidade bastante diferente.
Kristina, autora do gol canadense, marcado de falta, aos 20min da
segunda etapa, contou que há dez
times profissionais no país e que o
salário médio das jogadoras é de
cerca de US$ 2.500 por mês.
"É pena que no Brasil não seja
assim. Se fosse, o futebol feminino
poderia ser tão forte quanto o
masculino", disse ela, que é fã do
atacante brasileiro Ronaldo.
Após o ouro, a seleção parte para uma competição mais importante e complicada. No próximo
mês, disputa a Copa do Mundo
feminina, nos EUA.
(EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO
CARLOS ASSUMPÇÃO)
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