São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Ataque contra defesa

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Era o melhor ataque contra a pior defesa do campeonato. Não deu outra: o Santos deitou e rolou contra o Paraná, ontem, na Vila Belmiro. Robinho, forte candidato a artilheiro do torneio, brilhou, mas não brilhou sozinho.
Ricardinho, Basílio e Leo também tiveram atuações decisivas. Com o espaço deixado pelo fraco sistema defensivo paranaense, o Santos pôs em prática todo o seu arsenal ofensivo: tabelas, passes em profundidade, cruzamentos, arrancadas individuais.
É bonito ver esse time jogar, sobretudo em casa e contra um adversário frágil. Pois, nesses casos, seu calcanhar de Aquiles -a defesa- não chega a ser testado.
Quanto a esse aspecto, a comissão técnica santista parece estar atenta. Trouxe Antonio Carlos -que, ontem, sem ritmo de jogo, chegava atrasado nas divididas e cometia muitas faltas- e em breve deve colocar em campo Zé Elias, excelente volante.
Fala-se ainda na vinda de outro ex-corintiano para a Vila Belmiro, Gamarra. O Santos não está para brincadeira. Não quer apenas encantar. Quer ser campeão.

No Mineirão, no confronto contra seu ex-treinador, o Palmeiras se saiu melhor. Embora o jogo tenha sido equilibrado, o alviverde criou mais oportunidades e fez por merecer a suada vitória -facilitada, é verdade, pela expulsão de dois atleticanos. Mas eles mereceram ser expulsos. Fazer o quê?
Sem Magrão, seu principal esteio de sustentação, o meio de campo palmeirense bateu um pouco de cabeça. Elson, Correia e Pedrinho disputavam às vezes o mesmo espaço, quando não a mesma bola.
Da mesma maneira, Thiago Gentil e Osmar -embora bem, individualmente- ainda não chegaram ao melhor entrosamento. Por vezes, os dois saem simultaneamente da área para buscar jogo ou para explorar os flancos, e o time fica sem ninguém para finalizar. São detalhes que podem ser facilmente corrigidos.
Com seus triunfos, o Santos e o Palmeiras deixaram na poeira o São Paulo e a Ponte Preta, que marcaram passo e agora se acotovelam pela terceira posição com o Atlético-PR e o Juventude. Tudo continua muito embolado.
Em Curitiba, depois de perder um gol feito (a cabeçada de Diego Tardelli para fora, da linha da pequena área), o tricolor foi envolvido pelo Atlético-PR e poderia até ter perdido de mais.
Entre os jogadores que "fracassaram" no pré-olímpico, um dos que parecem ter-se recuperado plenamente é o atacante Dagoberto, do Furacão.
Ontem, além de fazer um gol de grande talento, ele sofreu um pênalti não marcado e infernizou a defesa são-paulina.

Nos Jogos Olímpicos, a Argentina é, disparada, a grande favorita ao ouro no futebol masculino. O desnível entre os argentinos e os outros é flagrante. Mas há um perigo nisso. Basta lembrar o fracasso da seleção olímpica brasileira nos Jogos de Sydney em 2000.

Novo Corinthians
O Corinthians ganhou de novo, desta vez de um dos líderes do Brasileirão. A esta altura, não resta dúvida de que Tite deu um jeito no time. O alvinegro pode não ter o brilho de outras temporadas, mas já é uma equipe capaz de variar sua maneira de jogar de acordo com a partida, como ocorreu sábado. Se Luxemburgo merece elogios por ter azeitado o excelente elenco santista, Tite merece muito mais por estar tirando leite de pedra.

Novo Flamengo?
A goleada sobre o Grêmio, na volta do Flamengo ao Maracanã, por ter ocorrido na primeira rodada do returno, pode adquirir o papel simbólico de ponto de virada do time. E os símbolos podem, como se sabe, ter influência decisiva sobre o real.

E-mail: jgcouto@uol.com.br


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