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FUTEBOL
Ataque contra defesa
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Era o melhor ataque contra a
pior defesa do campeonato.
Não deu outra: o Santos deitou e
rolou contra o Paraná, ontem, na
Vila Belmiro. Robinho, forte candidato a artilheiro do torneio, brilhou, mas não brilhou sozinho.
Ricardinho, Basílio e Leo também tiveram atuações decisivas.
Com o espaço deixado pelo fraco
sistema defensivo paranaense, o
Santos pôs em prática todo o seu
arsenal ofensivo: tabelas, passes
em profundidade, cruzamentos,
arrancadas individuais.
É bonito ver esse time jogar, sobretudo em casa e contra um adversário frágil. Pois, nesses casos,
seu calcanhar de Aquiles -a defesa- não chega a ser testado.
Quanto a esse aspecto, a comissão técnica santista parece estar
atenta. Trouxe Antonio Carlos
-que, ontem, sem ritmo de jogo,
chegava atrasado nas divididas e
cometia muitas faltas- e em breve deve colocar em campo Zé
Elias, excelente volante.
Fala-se ainda na vinda de outro
ex-corintiano para a Vila Belmiro, Gamarra. O Santos não está
para brincadeira. Não quer apenas encantar. Quer ser campeão.
No Mineirão, no confronto contra seu ex-treinador, o Palmeiras
se saiu melhor. Embora o jogo tenha sido equilibrado, o alviverde
criou mais oportunidades e fez
por merecer a suada vitória -facilitada, é verdade, pela expulsão
de dois atleticanos. Mas eles mereceram ser expulsos. Fazer o quê?
Sem Magrão, seu principal esteio de sustentação, o meio de
campo palmeirense bateu um
pouco de cabeça. Elson, Correia e
Pedrinho disputavam às vezes o
mesmo espaço, quando não a
mesma bola.
Da mesma maneira, Thiago
Gentil e Osmar -embora bem,
individualmente- ainda não
chegaram ao melhor entrosamento. Por vezes, os dois saem simultaneamente da área para
buscar jogo ou para explorar os
flancos, e o time fica sem ninguém
para finalizar. São detalhes que
podem ser facilmente corrigidos.
Com seus triunfos, o Santos e o
Palmeiras deixaram na poeira o
São Paulo e a Ponte Preta, que
marcaram passo e agora se acotovelam pela terceira posição com o
Atlético-PR e o Juventude. Tudo
continua muito embolado.
Em Curitiba, depois de perder
um gol feito (a cabeçada de Diego
Tardelli para fora, da linha da pequena área), o tricolor foi envolvido pelo Atlético-PR e poderia
até ter perdido de mais.
Entre os jogadores que "fracassaram" no pré-olímpico, um dos
que parecem ter-se recuperado
plenamente é o atacante Dagoberto, do Furacão.
Ontem, além de fazer um gol de
grande talento, ele sofreu um pênalti não marcado e infernizou a
defesa são-paulina.
Nos Jogos Olímpicos, a Argentina é, disparada, a grande favorita
ao ouro no futebol masculino. O
desnível entre os argentinos e os
outros é flagrante. Mas há um perigo nisso. Basta lembrar o fracasso da seleção olímpica brasileira
nos Jogos de Sydney em 2000.
Novo Corinthians
O Corinthians ganhou de novo,
desta vez de um dos líderes do
Brasileirão. A esta altura, não
resta dúvida de que Tite deu
um jeito no time. O alvinegro
pode não ter o brilho de outras
temporadas, mas já é uma equipe capaz de variar sua maneira
de jogar de acordo com a partida, como ocorreu sábado. Se
Luxemburgo merece elogios
por ter azeitado o excelente
elenco santista, Tite merece
muito mais por estar tirando
leite de pedra.
Novo Flamengo?
A goleada sobre o Grêmio, na
volta do Flamengo ao Maracanã, por ter ocorrido na primeira
rodada do returno, pode adquirir o papel simbólico de ponto
de virada do time. E os símbolos podem, como se sabe, ter influência decisiva sobre o real.
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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