São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

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A maioria é contra

Pesquisa Datafolha mostra que 57% dos brasileiros não querem estádios bancados com o dinheiro público na Copa do Mundo de 2014

Ricardo Nogueira/Folhapress
O Morumbi, arena particular que está, hoje, fora da Copa

DE SÃO PAULO

A maioria dos brasileiros não quer dinheiro público na construção e reforma dos estádios para a Copa de 2014.
Segundo pesquisa nacional do Datafolha, que ouviu 10.856 pessoas em 382 municípios, 57% da população do país rejeita o uso de dinheiro dos impostos para esse fim.
Já os que defendem verbas públicas para as arenas do Mundial são 37%, enquanto 7% não souberam opinar.
A margem de erro do levantamento, realizado entre os dias 9 e 12 agosto, é de dois pontos percentuais.
Sem contar a cidade de São Paulo, que não tem um estádio aprovado pela Fifa, o custo atual para as obras nos outros 11 estádios do Mundial está em R$ 5,1 bilhões.
Isso significa 168% a mais do que a CBF, que antes dizia que a Copa-14 seria a da "iniciativa privada", dizia que o Brasil iria gastar com suas arenas para a competição em 2007, quando o país foi indicado pela Fifa para abrigar o evento pela segunda vez.
Com nove estádios públicos, e interesse quase nulo da iniciativa privada, o país terá que recorrer aos cofres estatais para bancar as arenas.
O BNDES já abriu uma linha de crédito de R$ 4,8 bilhões para os estádios do Mundial. O governo federal, que controla o banco de investimentos, declara que não vai consumir dinheiro público, já que os empréstimos terão condições parecidas com as de outros ramos.
Mas quem vai tomar os empréstimos são os governos estaduais, o que configura o uso de verba pública.
O dinheiro que o país gastará com estádios para a Copa bancaria quase metade da verba que o governo federal gasta por ano com o Bolsa Família (cerca de R$ 13 bilhões), o mais popular projeto social da gestão do presidente Lula.
Seria suficiente ainda para construir uma via moderna de metrô, como a linha amarela paulistana, que, quando pronta, terá quase 13 quilômetros de extensão.
A rejeição ao uso do dinheiro dos impostos para os estádios de 2014, no entanto, diminui nos Estados mais pobres e entre os que ganham menos, segundo a pesquisa feita pelo Datafolha.
Na divisão por renda familiar mensal, o maior apoio ao emprego do dinheiro dos impostos para os estádios da Copa é detectado no grupo que ganha até dois salários mínimos, com 39%.
Apoio muito maior os estádios feitos com verbas públicas têm no Nordeste.
Na Bahia, por exemplo, 50% dos entrevistados defendem investimentos estatais nas arenas, e 42% rejeitam. Em Pernambuco, a disputa fica dentro da margem de erro: 45% aprovam verbas públicas e 48% não querem que isso aconteça.


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