São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001

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FUTEBOL

Invicto há dez jogos, vice da Copa JH, que enfrenta hoje o Santa Cruz, mantém performance e fala como grande

Sensação de novo, São Caetano ruge e espera vaga em Liga

DA REPORTAGEM LOCAL

Em campo, o atrevimento continua o mesmo e a boa performance também. Fora dele, o clube passou a "cantar de galo". Aos olhos do establishment do futebol brasileiro, o São Caetano também já atende aos requisitos para compor um seleto grupo: o das 26 equipes que integrarão a Liga Nacional proposta pelo Clube dos 13.
Vice-líder do Brasileiro, invicto há dez partidas, o time do ABC, que hoje enfrenta o Santa Cruz, às 17h, no Recife, ressurge no cenário nacional justamente no momento em que é aguardada a aprovação de um decreto pelo governo federal para a oficialização da Liga de Clubes. E o C13 deve incluir o São Caetano.
A equipe paulista ganhou força com o vice-campeonato na Copa JH, competição que substituiu o Brasileiro no ano passado.
Se tecnicamente o clube vai bem, financeiramente a situação não é diferente. O atual patrocinador, a Consul, é fornecedora das Casas Bahia. Um dos herdeiros da rede de lojas, Saul Klein, é torcedor entusiasmado da equipe e manteria forte influência nas despesas e decisões do clube.
A montadora norte-americana General Motors, maior empresa e principal contribuinte do município de São Caetano do Sul (Grande São Paulo), fez uma proposta, recusada pela diretoria, para substituir a Consul.
"Eles não cobriram o valor pago pela Consul", diz o presidente do clube, Nairo Ferreira de Souza.
O São Caetano também mantém estreita relação com a administração municipal -o prefeito Luiz Tortorello é presidente de honra. A prefeitura sustenta divisões de base, fornece transporte e cede funcionários ao clube.
"Eu sempre procuro conversar com o Mustafá [Contursi, presidente do Palmeiras" e com o Fábio Koff [presidente do C13". O São Caetano é um clube que hoje não deve um centavo a ninguém", afirma o dirigente.
"Nós temos condições totais de participar de qualquer competição de ponta no Brasil."
A folha de pagamento -cerca de R$ 500 mil mensais- também já pode ser comparada com a de um clube grande.
Só o atacante Muller, que possui o salário mais alto da equipe, recebe cerca de R$ 100 mil por mês.
Os números impressionam também quando o assunto é o técnico Jair Picerni. Ele está à frente do São Caetano há um ano e oito meses, um recorde entre os treinadores da divisão de elite do Brasileiro. Nesse período, Picerni disputou 90 jogos -foram 51 vitórias, 23 empates e 16 derrotas.
É uma espécie de psicólogo para os jogadores. E diz ser um técnico diferente dos outros por pregar a ofensividade. "O São Caetano faz um trabalho de campo para obter resultados. Eu acredito que em um ano nos tornaremos grandes", afirma Picerni.
Mesmo perdendo dez jogadores da campanha passada, o time manteve a base vice-campeã da JH. Entre os titulares, há cinco vice-campeões. "Sem o Adhemar [artilheiro vendido para o Stuttgart", o time tem que chegar mais perto da área. Mas, de resto, continua igual", diz o técnico, que elegeu o veterano Muller, 35, para liderar a equipe no Brasileiro.
"No campo já somos grandes. Aqui as coisas são organizadas, a estrutura é impressionante", afirma Muller. (EDUARDO ARRUDA)


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