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FUTEBOL
Invicto há dez jogos, vice da Copa JH, que enfrenta hoje o Santa Cruz, mantém performance e fala como grande
Sensação de novo, São Caetano ruge e espera vaga em Liga
DA REPORTAGEM LOCAL
Em campo, o atrevimento continua o mesmo e a boa performance também. Fora dele, o clube
passou a "cantar de galo". Aos
olhos do establishment do futebol
brasileiro, o São Caetano também
já atende aos requisitos para compor um seleto grupo: o das 26
equipes que integrarão a Liga Nacional proposta pelo Clube dos 13.
Vice-líder do Brasileiro, invicto
há dez partidas, o time do ABC,
que hoje enfrenta o Santa Cruz, às
17h, no Recife, ressurge no cenário nacional justamente no momento em que é aguardada a
aprovação de um decreto pelo governo federal para a oficialização
da Liga de Clubes. E o C13 deve incluir o São Caetano.
A equipe paulista ganhou força
com o vice-campeonato na Copa
JH, competição que substituiu o
Brasileiro no ano passado.
Se tecnicamente o clube vai
bem, financeiramente a situação
não é diferente. O atual patrocinador, a Consul, é fornecedora das
Casas Bahia. Um dos herdeiros da
rede de lojas, Saul Klein, é torcedor entusiasmado da equipe e
manteria forte influência nas despesas e decisões do clube.
A montadora norte-americana
General Motors, maior empresa e
principal contribuinte do município de São Caetano do Sul (Grande São Paulo), fez uma proposta,
recusada pela diretoria, para
substituir a Consul.
"Eles não cobriram o valor pago
pela Consul", diz o presidente do
clube, Nairo Ferreira de Souza.
O São Caetano também mantém estreita relação com a administração municipal -o prefeito
Luiz Tortorello é presidente de
honra. A prefeitura sustenta divisões de base, fornece transporte e
cede funcionários ao clube.
"Eu sempre procuro conversar
com o Mustafá [Contursi, presidente do Palmeiras" e com o Fábio Koff [presidente do C13". O
São Caetano é um clube que hoje
não deve um centavo a ninguém",
afirma o dirigente.
"Nós temos condições totais de
participar de qualquer competição de ponta no Brasil."
A folha de pagamento -cerca
de R$ 500 mil mensais- também
já pode ser comparada com a de
um clube grande.
Só o atacante Muller, que possui
o salário mais alto da equipe, recebe cerca de R$ 100 mil por mês.
Os números impressionam
também quando o assunto é o
técnico Jair Picerni. Ele está à
frente do São Caetano há um ano
e oito meses, um recorde entre os
treinadores da divisão de elite do
Brasileiro. Nesse período, Picerni
disputou 90 jogos -foram 51 vitórias, 23 empates e 16 derrotas.
É uma espécie de psicólogo para
os jogadores. E diz ser um técnico
diferente dos outros por pregar a
ofensividade. "O São Caetano faz
um trabalho de campo para obter
resultados. Eu acredito que em
um ano nos tornaremos grandes", afirma Picerni.
Mesmo perdendo dez jogadores
da campanha passada, o time
manteve a base vice-campeã da
JH. Entre os titulares, há cinco vice-campeões. "Sem o Adhemar
[artilheiro vendido para o Stuttgart", o time tem que chegar mais
perto da área. Mas, de resto, continua igual", diz o técnico, que
elegeu o veterano Muller, 35, para
liderar a equipe no Brasileiro.
"No campo já somos grandes.
Aqui as coisas são organizadas, a
estrutura é impressionante", afirma Muller.
(EDUARDO ARRUDA)
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