São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2001

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BELEZA AMERICANA

Sem estrutura em casa, brasileiras migram para a WUSA, que só leva em conta a habilidade na hora de contratar

Exiladas, craques são estrelas do "soccer" nos EUA

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os destaques da seleção brasileira feminina cumprem um ""exílio" nos EUA, causado pela precária estrutura que a categoria ainda enfrenta no Brasil.
Assim, seguindo os passos dos atletas da seleção masculina, elas procuram refúgio no exterior, mas, diferentemente dos colegas milionários, sua prioridade são condições que permitam a continuidade da carreira.
Além de encontrarem estrutura, não são cobradas pela imagem, mas só pelo futebol. Segundo os responsáveis pelas equipes da WUSA (Women's United Soccer Association), a liga profissional dos EUA, a habilidade é o fator que atrai a atenção dos dirigentes.
""Queremos as melhores atletas. Assim, para as estrangeiras, o melhor meio para chegar à WUSA é integrando suas seleções nacionais", disse Jody Meacham, diretor de relações públicas do Bay Area CyberRays.
Campeão da edição inaugural da WUSA, este ano, o Bay Area conta com duas brasileiras, a meia Sissi e a atacante Kátia Cilene. Outras duas, as atacantes Pretinha e Roseli, integram o Washington Freedom.
As quatro estão entre as maiores craques da história do futebol feminino brasileiro e foram estrelas da seleção num passado recente. Hoje, são ídolos nos EUA, país que tem motivos para investir, pois tem tradição na categoria -foi campeão olímpico, em 96, e mundial, em 99.
""Se as condições fossem iguais, estaria no Brasil, onde estão meus amigos, parentes. Mas não é assim", diz Kátia.
Apesar de a final da WUSA ter acontecido no mês passado, as estrangeiras da liga foram impedidas de retornar a seus países de origem por terem de cumprir compromissos promocionais previstos em seus contratos.
A liga classifica tais atividades de ""trabalho comunitário", que inclui clínicas em escolinhas de futebol e visitas a hospitais.
Em novembro, alguns times têm um período sem treinos. Só então, as estrangeiras do Bay Area estarão liberadas para voltar a seus países. A pré-temporada está prevista para fevereiro, e o torneio começa em abril.
""Fiquei um pouco assim [chateada" ao saber que não poderia voltar ao Brasil logo após o fim do campeonato", diz Kátia, 24.
Para melhor cumprir o papel de ""embaixadoras do esporte", as estrelas da WUSA são encorajadas a frequentar aulas.
No Brasil, as jogadoras não contavam com o benefício das bolsas de estudo, como agora.
A WUSA começou com oito times, mas planeja a expansão para dez. A média de público da edição inaugural foi de 8.295 pessoas por jogo, superando a expectativa dos organizadores.



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