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F-1
Brasileiro larga atrás, supera rivais na pista, obtém quarta vitória na F-1 e fica a um quarto lugar do vice-campeonato
Barrichello chega em 1º sem marmelada
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONZA
Enfim, uma vitória acima de
qualquer suspeita. Largando em
quarto lugar, Rubens Barrichello
superou ontem seus adversários
um a um e, usando uma estratégia
consagrada por Michael Schumacher, venceu o GP da Itália, 15ª
etapa do Mundial de F-1.
Foi o quarto triunfo do brasileiro na categoria, o terceiro no ano.
"Essa foi especial, porque não
foi dada. Tive que lutar muito.
Não teve aquela história de alguém tirar o pé, nada disso", admitiu o ferrarista, referindo-se às
vitórias nos GPs da Europa e da
Hungria, ocasiões em que o jogo
de equipe prevaleceu e Schumacher não atacou sua posição.
Ontem foi diferente. Barrichello
ultrapassou o alemão logo na largada. Na quarta volta, já era o segundo. Na quinta, liderava o GP.
Com um plano de fazer duas paradas, contra uma de Schumacher, ele teve, então, que acelerar.
Ao volante de um carro mais leve, a idéia era abrir a maior vantagem possível para poder parar
nos boxes e retornar à pista ainda
líder -na Benetton e nos primeiros anos de Ferrari, largando atrás
da concorrência, o alemão se especializou nessa estratégia.
Deu certo. Barrichello, por sucessivas voltas, quebrou o recorde
de Monza. Quando entrou nos
boxes para seu segundo e decisivo
pit, estava 26s984 à frente do companheiro, o suficiente para trocar
pneus, reabastecer e voltar para a
corrida ainda em primeiro.
Schumacher precisou se contentar em ser segundo. Mas, mesmo sem vencer, manteve a rotina
e alcançou mais dois recordes.
Pela 129ª vez na carreira, acabou
um GP da zona de pontos (seis
primeiros colocados), superando
o francês Alain Prost. O alemão
ainda melhorou uma marca que
já era sua, a de pontos conquistados em uma temporada: chegou a
128, cinco a mais que o recorde
anterior, do Mundial passado.
"Uma dobradinha sempre deve
ser celebrada, mas é claro que preferia vencer", disse o pentacampeão. "O problema é que fiquei
trancado entre o Montoya e o Ralf
na largada, tive que tomar muito
cuidado para não bater em ninguém e, assim, perdi todas as
chances de pular para a frente."
O irlandês Eddie Irvine aproveitou os problemas de Williams e
McLaren e completou um dos pódios mais festivos dos últimos
tempos. Construído neste ano,
sobre uma plataforma de quatro
metros de altura, o novo pódio de
Monza leva os pilotos próximo ao
público, para delírio dos 60 mil tifosi que estiveram no circuito.
"Ter sentido a vibração de toda
aquela gente... É complicado explicar. Só tinha visto coisa parecida em 93, quando fui assistir às
500 Milhas de Indianápolis. Hoje
[ontem", tinha um mar de gente
aqui, bandeiras brasileiras... Não
consegui nem ouvir o hino nacional direito", disse Barrichello.
Com o resultado, o brasileiro
abriu a possibilidade de garantir o
vice-campeonato na próxima etapa, o GP dos EUA. Para chegar a
isso sem depender dos resultados
de Montoya e Ralf, basta terminar
a corrida em quarto lugar.
Seria sua melhor colocação
num campeonato, marcando
uma evolução iniciada desde que
chegou à Ferrari. Em 2000, seu
primeiro ano na escuderia, Barrichello foi quarto no Mundial. Em
2001, ficou na terceira posição.
"Sei que as pessoas no Brasil
não dão muita importância para
um vice-campeonato. Mas minha
luta é sempre pra ganhar. Aqui, eu
mostrei isso", completou.
A última vitória de um piloto
brasileiro em Monza havia acontecido em 1992, com Ayrton Senna. Uma época em que Barrichello ainda assistia à F-1 pela TV.
Coincidência ou não, ao cruzar
a linha de chegada, o ferrarista
cantarolou pelo rádio a melodia
que a Globo celebrizou nas vitórias de seu ídolo. "Mandei ver no
"tan, tan, tan'", disse, sorrindo. A
Ferrari não entendeu nada.
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