São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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F-1

Brasileiro larga atrás, supera rivais na pista, obtém quarta vitória na F-1 e fica a um quarto lugar do vice-campeonato

Barrichello chega em 1º sem marmelada

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONZA

Enfim, uma vitória acima de qualquer suspeita. Largando em quarto lugar, Rubens Barrichello superou ontem seus adversários um a um e, usando uma estratégia consagrada por Michael Schumacher, venceu o GP da Itália, 15ª etapa do Mundial de F-1.
Foi o quarto triunfo do brasileiro na categoria, o terceiro no ano.
"Essa foi especial, porque não foi dada. Tive que lutar muito. Não teve aquela história de alguém tirar o pé, nada disso", admitiu o ferrarista, referindo-se às vitórias nos GPs da Europa e da Hungria, ocasiões em que o jogo de equipe prevaleceu e Schumacher não atacou sua posição.
Ontem foi diferente. Barrichello ultrapassou o alemão logo na largada. Na quarta volta, já era o segundo. Na quinta, liderava o GP.
Com um plano de fazer duas paradas, contra uma de Schumacher, ele teve, então, que acelerar.
Ao volante de um carro mais leve, a idéia era abrir a maior vantagem possível para poder parar nos boxes e retornar à pista ainda líder -na Benetton e nos primeiros anos de Ferrari, largando atrás da concorrência, o alemão se especializou nessa estratégia.
Deu certo. Barrichello, por sucessivas voltas, quebrou o recorde de Monza. Quando entrou nos boxes para seu segundo e decisivo pit, estava 26s984 à frente do companheiro, o suficiente para trocar pneus, reabastecer e voltar para a corrida ainda em primeiro.
Schumacher precisou se contentar em ser segundo. Mas, mesmo sem vencer, manteve a rotina e alcançou mais dois recordes.
Pela 129ª vez na carreira, acabou um GP da zona de pontos (seis primeiros colocados), superando o francês Alain Prost. O alemão ainda melhorou uma marca que já era sua, a de pontos conquistados em uma temporada: chegou a 128, cinco a mais que o recorde anterior, do Mundial passado.
"Uma dobradinha sempre deve ser celebrada, mas é claro que preferia vencer", disse o pentacampeão. "O problema é que fiquei trancado entre o Montoya e o Ralf na largada, tive que tomar muito cuidado para não bater em ninguém e, assim, perdi todas as chances de pular para a frente."
O irlandês Eddie Irvine aproveitou os problemas de Williams e McLaren e completou um dos pódios mais festivos dos últimos tempos. Construído neste ano, sobre uma plataforma de quatro metros de altura, o novo pódio de Monza leva os pilotos próximo ao público, para delírio dos 60 mil tifosi que estiveram no circuito.
"Ter sentido a vibração de toda aquela gente... É complicado explicar. Só tinha visto coisa parecida em 93, quando fui assistir às 500 Milhas de Indianápolis. Hoje [ontem", tinha um mar de gente aqui, bandeiras brasileiras... Não consegui nem ouvir o hino nacional direito", disse Barrichello.
Com o resultado, o brasileiro abriu a possibilidade de garantir o vice-campeonato na próxima etapa, o GP dos EUA. Para chegar a isso sem depender dos resultados de Montoya e Ralf, basta terminar a corrida em quarto lugar.
Seria sua melhor colocação num campeonato, marcando uma evolução iniciada desde que chegou à Ferrari. Em 2000, seu primeiro ano na escuderia, Barrichello foi quarto no Mundial. Em 2001, ficou na terceira posição.
"Sei que as pessoas no Brasil não dão muita importância para um vice-campeonato. Mas minha luta é sempre pra ganhar. Aqui, eu mostrei isso", completou.
A última vitória de um piloto brasileiro em Monza havia acontecido em 1992, com Ayrton Senna. Uma época em que Barrichello ainda assistia à F-1 pela TV.
Coincidência ou não, ao cruzar a linha de chegada, o ferrarista cantarolou pelo rádio a melodia que a Globo celebrizou nas vitórias de seu ídolo. "Mandei ver no "tan, tan, tan'", disse, sorrindo. A Ferrari não entendeu nada.


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