São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011 |
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XICO SÁ Carta ao doutor
Amigo torcedor, amigo secador, como estou longe de SP, peço licença para enviar esta missiva aberta ao craque Sócrates -ex uma ova!-, a quem sempre conto alguma besteira e de quem, de volta, recebo sábias palavras ou risonhos desaforos. Magrones, caminhava solenemente rumo a uma boate azul, aquela onde se cura a dor de amor, e um tiozinho me pega pelo braço, aqui em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira, e sacode: "Você não é aquele que trabalha com o doutor no 'Cartão Verde'?". Sim, senhor, eu mesmo, às suas ordens. "Pois diga ao doutor que não é por falta de fígado que ele vai passar necessidade nesse mundo de meu Deus", prossegue. Sim, senhor, mas ele se recupera bem, respira sem aparelhos e está mais consciente do que no período da Democracia Grecorintiana. "Meu filho, fale pro doutor que o meu fígado é dele na hora em que for preciso, palavra de homem", diz. "Fiz meus estragos, mas faz tempo que não pratico". Seu Laércio Firmino, 67, é uma figura, mas fala sério. Mesmo. Escuta aí, Magrão: "Não é só uma parte não, se precisar, o fígado inteiro é dele. Eu me viro lá em cima com o homem e com a minha velhinha amada, que também já partiu desta". Na contramão dos abutres que nada doam e apenas sugam o drama como pauta oportunista, seu Laércio, torcedor do Vasco, é um dos milhões de cidadãos do mundo que bebem ou já beberam. Porque, meu bem, como diz a letra do clássico ultrarromântico do brega, ninguém é perfeito e a vida é assim. Porque, para o bem ou para o mal, se bebe, se faz a coisa certa, se faz a coisa errada, se pratica de tudo nessa passagem, porque o grande clássico da humanidade, o Fla x Flu, é virtude x vício. O árbitro desse jogo, claro, é o sr. Falso Moralismo. É o juiz que mais chuta. Se é difícil julgar em campo, imagina na vara da existência. Quer alguém mais virtuoso, em caráter e em espírito, do que o doutor Sócrates Brasileiro? Quem dera a maioria dos abstêmios tivesse um segundo da sua sobriedade. Um beijo, Magrones, espero que não tenha visto até o fim Argentina x Brasil, sei que não tem paciência para jogos de tal quilate. Como foi melancólico. Noves fora o chapéu mexicano do Leandro Damião, a jogada mais repetida na várzea e no futsal, haja tédio, camarada, haja. Olha, doutor, tenho novidades sobre o Mazinho. Quando você ficar melhor eu conto, pois é de morrer de rir, aguarde, breve na área. xico.folha@uol.com.br @xicosa Texto Anterior: São Paulo: Adilson terá volante e convocados por Mano como reforços Índice | Comunicar Erros |
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