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FUTEBOL
Ainda precisa melhorar
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Além de ter mais jogadores
excepcionais, a seleção brasileira é a mais definida para o
Mundial, tanto na escalação do
time titular quanto na maneira
de jogar. Enquanto outros técnicos fazem testes, Parreira está
preocupado com os 23 da Copa.
Até a variação tática já está definida. Não se pode confundir
mudança de esquema tático com
características diferentes de jogadores. Se o Brasil jogar mal e sofrer muitos gols na primeira fase
do Mundial, ou se precisar reforçar a marcação durante uma partida, Parreira voltará ao esquema
anterior, com três no meio-campo
e um meia ofensivo.
Outras variações poderiam ser
utilizadas, mas Parreira não gosta de improvisar nem de surpreender. Ele é tão organizado
que planeja até o imprevisto.
O Brasil tem a melhor seleção
do mundo, mas pode melhorar.
Diferentemente das partidas anteriores, Kaká e Ronaldinho Gaúcho só jogaram no ataque contra
a Venezuela. Emerson e Zé Roberto ficaram sozinhos na marcação, e havia grandes espaços na
defesa. Contra equipes mais fortes, é necessário diminuir os riscos
sem perder a qualidade ofensiva e
o quarteto.
Para anular os contra-ataques e
fazer a cobertura nas laterais,
prefiro zagueiros mais rápidos,
como Lúcio e Luisão. Juan tem
muito mais classe, mas ele e Roque Júnior não possuem a velocidade dos outros dois.
Antes do jogo contra a Venezuela, Ronaldinho Gaúcho e Kaká treinaram as jogadas pelos lados com Roberto Carlos e Cafu,
porém quase só jogaram pelo
meio. É preciso alternar os dois
jeitos e aproveitar mais o Adriano
nas bolas altas.
A maior dificuldade do Parreira é escolher os 23 que irão ao
Mundial. A escalação dos reservas é também importante para
ganhar uma Copa.
Passe digital
Quando os zagueiros estão muito perto da grande área, é quase
impossível para um meia lançar a
bola por cima deles e ela cair entre eles e o goleiro, pois o espaço é
pequeno e dá tempo para o goleiro chegar antes do atacante.
Para dar certo, o passe precisa
ter uma precisão digital. Isso só é
possível quando é feito por um
mágico, como fez Ronaldinho
Gaúcho no primeiro gol contra a
Venezuela. Nem os megacomputadores seriam capazes de tanta
exatidão.
Diferenças
Todas as principais seleções da
Europa jogam com uma linha de
quatro defensores, como faz o
Brasil. Mas lá são realmente quatro zagueiros, como se diz na terminologia. Os treinadores europeus nunca escalam dois zagueiros e dois laterais que apóiam
bastante, além de dois meias
ofensivos e dois atacantes, como
faz a seleção brasileira.
Algumas equipes da Europa
atuam com três atacantes (dois
pelos lados e um centroavante),
porém todas têm mais três jogadores marcando no meio-campo,
além dos "pontas", que também
recuam para marcar. É preciso
desmistificar o conceito de que os
técnicos europeus são melhores e
que, apesar dos treinadores, o
Brasil ganha muitos títulos.
Falta o craque
A Argentina tem ótimos jogadores, muitas virtudes, mas possui
pouco talento ofensivo. Tevez é
um dos principais atletas do Corinthians e do Brasileiro, porém,
para uma grande seleção, ele, Saviola e Crespo são atacantes comuns. O jovem Messi é só uma esperança, pois nunca foi titular de
um time de adultos. O futebol coletivo da época do "louco" Bielsa
era mais organizado do que o
atual, do sensato Pekerman.
Clássicos
O Campeonato Brasileiro perdeu o encanto após o escândalo
da arbitragem, a anulação dos jogos, tantas confusões e violência
dentro e fora de campo. Os jogadores, torcedores e árbitros estão
nervosos, revoltados e não há
mais ambiente para se jogar futebol em paz.
Para diminuir o desânimo, há
nesta rodada três tradicionais
clássicos estaduais. Se o Corinthians ganhar do Palmeiras, o
campeonato ficará ainda mais
sem graça e vai se arrastar até o
final.
Fui contra a saída do Márcio,
mas é preciso reconhecer que o
Corinthians, após a chegada do
Antônio Lopes, melhorou muito o
sistema defensivo, sem trocar jogadores e sem perder a qualidade
ofensiva. É possível jogar bem no
ataque e na defesa.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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