São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 2006

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JUCA KFOURI

@ Juca Kfouri

Crise mesmo só no Corinthians


O Tricolor ganha bem, o Peixe perde com brilho, o Verdão arranca empate com brio, e o Timão é só problemas

RODADA MELHOR , outra vez, para o São Paulo, só se o Grêmio também tivesse perdido em São Caetano.
Mas há sempre os maus perdedores que vêem o lance que originou o primeiro gol da goleada tricolor sobre o Juventude, e as duas expulsões no time gaúcho que dele decorreu, como decisivo para que o líder ficasse mais líder ainda. OK, é verdade, mas, se o que Antônio Carlos fez não foi falta, não se sabe mais o que é falta em futebol. E, se não foi uma entrada violenta, digna, ao menos, de cartão amarelo, então tratemos de transformar o futebol em luta livre. Pois o zagueiro tomou o segundo cartão amarelo e banho mais cedo, ao lado do companheiro que achou que podia peitar o árbitro.
Nada a reclamar, portanto.
Como não têm o que reclamar os santistas da derrota para o Botafogo, no Rio de Janeiro.
Aliás, foi dessas derrotas que o torcedor tem de assimilar, por doído que seja, porque o clássico de sábado encheu os olhos.
Sim, o que já era difícil agora ficou quase impossível para o time da Vila, que teve seu sonho de ainda lutar pelo tricampeonato brasileiro praticamente despedaçado. Seria injusto, no entanto, não reconhecer que num jogo daqueles tudo pode acontecer e que não há motivos para lamúrias ou críticas, porque viu-se uma partida digna dos melhores tempos de Botafogo e Santos no Maracanã. O estádio do Maracanã, por sinal, foi palco de duas significativas vitórias cariocas sobre o futebol paulista no fim de semana, com direito a dez gols, sete deles no embate entre Botafogo e Santos.
Os três restantes couberam ao Flamengo, ao dobrar o Corinthians com facilidade. Que perdeu pela quarta vez seguida, com a incrível marca de 13 gols sofridos na triste quadra. Todos depois da volta de Alberto Dualib de Londres.
Ficou famosa na política brasileira recente uma frase que percorria o Congresso Nacional toda vez que o então presidente José Sarney viajava: "A crise foi viajar", dizia-se com malícia.
Pois no caso corintiano é o inverso: a crise voltou de viagem. Crise que, diga-se, não dá sinais de ter solução a curto prazo. Claro que nem o mais otimista dos corintianos tinha motivo para imaginar que o time ganharia do Flamengo fora de casa. Por mais que o rubro-negro tenha apenas uma equipe sofrível e muito distante de sua tradição, a alvinegra é ainda pior.
Sem se dizer que o treinador Ney Franco, mal ou bem, já deu ao time da Gávea um padrão que Emerson Leão está a léguas de conseguir no Parque São Jorge. E bote légua nisso.
Para piorar, das três contratações que recomendou, apenas Magrão não está fazendo feio (o que não significa que esteja fazendo bonito), porque tanto César quanto o refinado Amoroso mais parecem ex-jogadores em atividade.
Para não falar, é óbvio, de algumas tralhas herdadas como Rafael Moura, Marquinhos, Coelho, Marcus Vinicius e Gustavo Nery.
A verdade é que Mascherano faz falta, Tevez faz muita falta, até Carlos Alberto fez falta. E, por incrível que pareça, Márcio Bittencourt também parece fazer falta.
Kia Joorabchian certamente não faz, ele que abandonou definitivamente a ponte aérea Londres-São Paulo, tão ao seu feitio nos primeiros tempos da parceria. E Dualib faz. Faz mal, muito mal.
Como faz mal perder tantos gols como perdeu o Palmeiras diante do Atlético-PR. E faz bem ver um time capaz de se matar para evitar uma derrota que seria enorme injustiça, numa noite eletrizante no Palestra Itália.


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